“Dom Quixote da política”, Bassuma defende novo modelo de gestão



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O candidato do Partido Verde ao Governo da Bahia, Luiz Bassuma, surpreendeu de forma positiva os conselheiros da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) durante sabatina realizada nesta terça-feira, 24, ao defender com convicção a construção de um novo modelo de gestão. “Vossa Excelência apresentou um perfil absolutamente diferente, com propostas de política de Estado e não política de governo”, disse Saul Quadros, presidente da entidade, ao término do evento. Quadros ainda classificou Bassuma como o “Dom Quixote”, que lutará contra os moinhos de vento da política, mas que “certamente terá o apoio de muitos Sanchos Pança”.
Apesar de não ter deixado de lado a proposta principal do PV de desenvolvimento sustentável aliado à distribuição de riqueza, Bassuma deu maior ênfase às ações nas áreas de educação e segurança nas suas respostas. “Temos que revolucionar na área de educação. Temos um hiato que o Estado precisa priorizar”, defendeu. O candidato verde propôs maiores investimentos para o ensino infantil e para as creches, além da introdução do sistema de meritocracia como forma de incentivo no desempenho de estudantes, funcionários e professores. “Quando se tem um modelo que negligencia o professor e que os alunos vão para a escola por obrigação, muitas vezes para praticar violência, esse modelo precisa mudar”, analisou.

Em vários momentos da sabatina, Bassuma relacionou as iniciativas na área de educação com a política de prevenção que defende para a segurança pública. “Qual o problema que leva meninos para o mundo das drogas? A falta de alternativa de educação e, sobretudo, de renda”, avaliou. O candidato propôs que jovens de comunidades carentes trabalhem em parceria com o Estado, como agentes ambientais, com atividades de reciclagem, ou ainda nas áreas de cultura ou saúde. “Não adianta só alternativas de cultura e esporte, tem que ter alternativa de renda”, ponderou.

“Não é só bandeira de defender os golfinhos, as baleias, as florestas, mas propor à sociedade um modelo alternativo de desenvolvimento”, destacou. O candidato, porém, não deixou de ressaltar que a questão ambiental é a “crise do momento”, propondo ações como reciclagem do lixo e  utilização das energias solar e eólica. “Existem tecnologia e dinheiro suficientes para fazer essa transição”, argumentou.

Ainda para a área de segurança pública, o candidato verde sugeriu uma gestão voltada para trabalhos de prevenção e investimentos em inteligência. “O crime organizado está gradualmente se transferindo de São Paulo e do Rio de Janeiro para a Bahia devido às facilidades encontradas, sobretudo um serviço de inteligência deficiente”, criticou.

Bassuma sustenta que o atual modelo de gestão da segurança está “falido porque tem base na repressão” e, caso eleito, pretende mudar o nome da Secretaria de Segurança Pública para “Secretaria da Paz e da Segurança Humana”. “É um trabalho permanente, de longo prazo, chamado Cultura de Paz”, filosofou.

Corrupção – Outro tema fortemente abordado pelo candidato, principalmente ao tratar de saúde, foi a corrupção. “Enquanto não tapar o ralo da corrupção, não há solução para a saúde, vai sempre faltar dinheiro”, disse. Apesar de destacar que os hospitais são “verdadeiros corredores da morte”, Bassuma não apresentou nenhuma proposta concreta para a área.

A corrupção também foi convocada pelo candidato nas respostas aos questionamentos dos conselheiros da OAB-BA sobre o sistema judiciário. “A corrupção é um câncer que tomou conta de todas as instituições brasileiras. Tem que ter autonomia, força dos órgãos internos de fiscalização. Não se fortalece a democracia se não houver um judiciário autônomo e respeitado pela sociedade”, defendeu.

Trajetória – Ao discursar sobre sua trajetória política, Bassuma comentou o período no qual foi filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT) e sua saída da legenda em 2009. “Por questões éticas, religiosas e de foro íntimo, sempre fui contra o aborto. Entre o PT e minha consciência, não posso ter dúvida”, ressaltou. O candidato diz que chegou a acreditar que havia “perdido o entusiasmo com a política”, mas a saída de Marina Silva do PT foi um “lampejo”.

Primeiro candidato do PV em uma eleição majoritária na Bahia, Bassuma minimizou os resultados das pesquisas de intenção de voto, afirmando que “o imponderável acontece”. O candidato também acredita que a falta de alianças com outras legendas não iria prejudicar seu governo. “A Assembleia Legislativa não pode ser comprada”, argumentou. Bassuma sustenta que conseguirá aprovação de seus projetos com apoio da população, após apresentação e debate das propostas. “Não tem parlamentar que não trema com a mobilização popular”, enfatizou.

c/ informação/ 8Rocinante-e-D_-QuixoteDanielle Villela, do A TARDE On Line