Em discursão, as eventuais alianças dos partidos, nas perspectivas das eleições 2018, para a majoritária e proporcional na Bahia.

Partidos apostam em chapão nas proporcionais; negociações para coligações seguem frias –

por Bruno Luiz

Partidos apostam em chapão nas proporcionais; negociações para coligações seguem frias

Foto: Agência Brasil

Com a liberação das coligações proporcionais nas eleições de 2018 pela reforma política, os partidos vão continuar adotando enquanto puderem – neste caso, até 2020 – o chamado “chapão”, quando candidatos de várias siglas se unem para disputar o pleito. No entanto, como o período eleitoral ainda está relativamente longe, as negociações entre as legendas estão frias e só devem se intensificar a partir de março, com a abertura da janela partidária. É o que apontam presidentes estaduais dos maiores partidos baianos, ouvidos pelo Bahia Notícias. Para o senador Otto Alencar, que comanda o PSD na Bahia, a decisão sobre como o partido se comportará nas proporcionais dependerá da disposição de outros partidos em fazer composição. “A tendência é fazer coligação. Mas vamos ter que sentar com os presidentes de partidos todos para decidir isso”, afirmou. Ele também avaliou que o Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda deve julgar uma ação que pode vedar as coligações proporcionais este ano, não deve mudar o entendimento já firmado pela reforma. “A informação que tenho é de que não vai mudar nada”. Presidente do PR baiano, o deputado federal José Carlos Araújo declarou que ainda é “prematuro” falar sobre essas alianças. Ainda de acordo com ele, a definição da chapa majoritária vai influenciar nas proporcionais. “A proporcional é a segunda etapa. Primeiro tenho que saber quem serão os componentes da chapa, quem vai fazer parte da coligação. Vamos conversar com os outros partidos para saber qual o melhor cenário. Se vai coligar só na majoritária, na proporcional, se vai sair sozinho. Sem saber qual é o cenário, não tem acordo”, avaliou, ao destacar que a ideia do PR é fazer a coligação, mas ponderar a não definição sobre a coligação. Já o PT, que terá o governador Rui Costa disputando a reeleição, tem certeza sobre a composições. Para o presidente Everaldo Anunciação, elas trouxeram “resultados extraordinários” nas últimas eleições. “O PT está tranquilo para cuidar disso de forma colaborativa e tem disposição em compor naquilo que seja o melhor para o conjunto dos partidos. Até o fim do primeiro trimestre, queremos ter essas negociações consolidadas para facilitar as articulações”, afirmou. O dirigente petista ainda disse que o partido não tem expectativa de fazer mais de 50% do total da bancada aliada, mas vai trabalhar para repetir pelo menos o desempenho de 2014. Na ocasião, elegeu 8 deputados federais e 11 estaduais. Ele ainda avalia que o desgaste de imagem do partido, cujas figuras emblemáticas estão envolvidas em escândalos de corrupção, como o ex-presidente e pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva, não vai impactar negativamente na performance eleitoral da legenda. Para Anunciação, o desgaste do presidente Michel Temer deve beneficiar o partido. “Há um processo de reversão na sociedade de compreender que os ataques de parte da grande mídia e os do governo federal destruíram conquistas sociais que nós trouxemos”, avaliou. Conforme Everaldo, a disputa em torno de vagas na chapa majoritária de Rui também não deve prejudicar as composições dentro da base. “Problema quem tem é a oposição, que não tem nome e tem problema para compor”, alfinetou. Ainda entre os partidos do governo, deputado federal Davidson Magalhães, que preside o PCdoB, não descartou a possibilidade de disputar as eleições sem coligar, tanto para deputado federal quanto estadual. Com relação aos candidatos à Câmara dos Deputados, Davidson explicou que os comunistas só vão se aliar a outras agremiações se algum postulante for alçado à chapa majoritária do governador. “Se um dos três for participar da majoritária, aí não faremos chapa própria. Nas últimas eleições, temos feito coligação para federal e saído sem coligação para estadual. Fomos vitoriosos nas duas eleições. Estamos avaliando qual o melhor cenário”, explicou. Ele ainda não descartou a possibilidade de o partido lançar uma candidatura avulsa, caso fique de fora da majoritária. O nome para o Senado poderia ser o da deputada federal Alice Portugal, que aparece bem posicionada nas pesquisas de intenção de voto para senador. “O partido já lançou uma candidatura avulsa. Fizemos isso com Haroldo Lima, foi muito importante naquele momento. A força de Alice não pode ser descartada. As pesquisas qualitativas não podem ser desqualificadas”, reforçou. Já no campo de oposição, o presidente do PSDB no estado, deputado federal João Gualberto, afirmou que tudo em relação à proporcional será definido pela confirmação do prefeito ACM Neto (DEM) como candidato a governador. “Se Neto for candidato a governador é um cenário, se ele for candidato a presidente, é outro. ACM Neto sendo governador, vai ser como 2014. Vai ter chapão”, declarou. Comandando o PMDB no estado, o deputado estadual Pedro Tavares disse que a legenda está se preparando para qualquer cenário. “Mas a expectativa é fazer chapão e aumentar o número de cadeiras das nossas bancadas”, projetou. Maior força antagônica ao projeto político do governador Rui Costa, o DEM ainda não definiu também se partirá para o chapão, segundo o deputado federal José Carlos Aleluia, que preside a agremiação na Bahia. “Não há nada determinado ainda, é muito cedo, porque pode interessar ao partido ir separadamente. Não há nenhuma conversa nesse sentido. Vamos analisar com os partidos que estão concorrendo. Primeiro o interesse dos nossos aliados, inclusive dos nossos deputados”, explicou. O Bahia Notícias tentou contato com a presidente do PSB na Bahia, senadora Lídice da Mata, e com o presidente do PDT baiano, Félix Mendonça Jr. , mas não obteve sucesso. O vice-governador da Bahia e dirigente estadual do PP, João Leão, não foi localizado.