Artigo: A REALIDADE E A MEMÓRIA. Por/Edimilson Santos Silva Movér

 

 

Vigésimo primeiro ensaio

da obra “21”.

Segundo a concepção holística,

o que percebemos como “realidade”!

Com certeza, não é a “realidade”

 da “realidade” última e verdadeira!

 

A “REALIDADE”.

1* Não prometo nem me proponho a elucidar neste último artigo da Obra 21, dois enigmas tão complexos quanto a “Realidade” e a “Memória”. O que faço é arranhar levemente suas superfícies, pois são os enigmas mais obscuros e complexos até hoje apresentados à nossa inteligência. E mesmo porque, esta conclusão pode e deve ser debitada à ciência no futuro, e não a mim como um ensaísta de hoje. Tanto que! Para abordar o assunto “Realidade” e, por ser completamente impossível a ciência atual levá-lo ao laboratório e dissecá-lo com minudência, sou obrigado a me contentar com meus próprios raciocínios, fruto de meus estudos heurísticos e metafísicos! Portanto, abordo este assunto de forma pessoal e heurística. Sobre estes dois tema: Memória e realidade! Levo assim, ao leitor somente o que é proposto pela episteme humana para os dois assuntos.

2* Quanto ao tema “Memória”, ao discorrer sobre o mesmo, valho-lhe de um artigo escrito pelo administrador da rede Psi Dr. Adalberto Tripicchio, e isto, por estarmos (eu e o Tripicchio) completamente de acordo quanto à teoria do Rupert Sheldrake.

3* Não julgo ser a entidade chamada de “Realidade” um assunto para ser tratado adequadamente pela ciência oficial de hoje, por esta ser em sua essência, um organismo relativamente novo, e ainda completamente mecanicista, atomista e materialista. Pelo menos este é o seu atual estado de desenvolvimento. Um estudo sobre a “Realidade” seria mais compreensível se tratado de forma filosófica, metafísica ou mesmo sob um enfoque esotérico. O tema é deveras complexo e interessante.

4* Entre os séculos (VIII e VI AEC), os filósofos pré-socráticos já tentavam elucidar esta nossa antiquíssima companheira, chamada “Realidade”. Na atualidade, a abordagem científica, em vez de trazer novas luzes, nos traz são limites mais próximos da imensa escuridão que cerca o tema “Realidade” e, quanto mais a analisamos, mais nos afastamos dela, não é possível levar a “Realidade” ao reducionismo cartesiano; o “todo” não é factível de tal fracionamento. Ao levarmos a “Realidade” a uma análise mais profunda, só conseguimos estudá-la de forma unilateral, pois, cada “Ser” a analisa como sua própria “Realidade”. O mesmo ocorre com as várias formas científicas com que podemos analisá-la. Se utilizarmos as ferramentas da física quântica, teremos uma visão quântica; se com as ferramentas da psicologia, esta será uma visão imanente ao “Ser”, portanto, uma visão ontológica; assim, teremos uma visão psicológica, o que nos retorna à mesma visão newtoniana do cotidiano. Isto torna uma abordagem sob a física de Newton completamente desnecessária, pois nós fomos moldados no contexto dessa física. Só compreendemos o nosso existir dentro da “Realidade” do mundo newtoniano. Se a analisarmos com o aparato do holismo ou da visão sistêmica de Bertalanffy (Ludwig Von Bertalanffy), 1901-1972, biólogo alemão, que em 1937 completou e expôs a teoria geral dos sistemas), então, obteremos uma “Realidade” sistêmica/holística, o que nos oferecerá (creio eu), uma visão de uma “Realidade” mais integrada ao universo.

5* Creio que a nossa “Realidade” do cotidiano seja uma “Realidade” com características para serem analisadas somente à luz da física newtoniana, o que por si mesmo é um paradoxo! Como um ente de infinitas facetas se revelaria a uma ciência de uma única face dupla, sendo esta face dupla a matéria e o seu consequente movimento? O problema é que a análise da “Realidade” feita com as ferramentas da física de Newton, (como disse acima), torna-se desnecessária, pois, isto nós o fazemos a todo instante, pois somos parte inalienável dela! Creio que são justamente as leis físicas do mundo newtoniano que distorcem nossa visão e entendimento da real “Realidade”! Este raciocínio se fundamenta no fato de que nossos organismos (inclusive nossos cinco sentidos) foram formados num ambiente em que a física de Newton, que é a física natural do universo em que vivemos. Existem ambientes no universo que quase não permitem o movimento. Nesses ambientes, a física newtoniana ainda seria válida? Num ambiente muito adverso, creio que não! Por exemplo: na superfície de uma estrela como “Arcturus”, não sendo uma das maiores que conhecemos, (35 milhões de km de diâmetro), em que a temperatura de sua superfície está em torno de (4.290 K ou 4016 C) onde sua gravidade é tão grande que sua superfície chega a ser lisa e uniforme. Ali, a “Realidade” não seria nossa “Realidade”. Mesmo aqui no ambiente físico terráqueo newtoniano, com gravidade de (9,8 m/s2 ), existe outras variadas formas de “Realidade”. Procuremos outras visões de “Realidade” e as encontraremos aqui mesmo em nosso mundo.

6* De todas as visões da “Realidade”, a visão religiosa ocidental é a mais atomista, mecanicista, dura e distorcida de todas! As religiões ocidentais, talvez por tradição, não podem crer e muito menos oferecer uma visão sistêmica da “Realidade”, sob pena de verem seus templos às moscas, pois as religiões ocidentais, filhas do “moiseísmo” hebreu, e este, filho das antigas tradições e crenças dos povos sumerianos, ao adotarem uma visão diferente da “Realidade” do cotidiano, elas se esboroam. A única exceção encontra-se na doutrina espírita, cujo principal conceito se fundamenta no imaterial, onde o plano material é tratado como irrelevante, o contrário ocorre com os outros ramos da fé ocidental. Lembremo-nos do que ocorreu quando Galileu iniciou a montagem de uma nova “Realidade” para o sistema do mundo! A religião ocidental será a última organização a aceitar um novo conceito de “Realidade”, se algum dia for descoberto e aceito, principalmente, como esta, está sendo proposta.

7* Na atualidade, um ramo da ciência – a Biologia –, desde o princípio da década de 1980, vem propondo uma nova “visão de mundo”. À medida que avançarem os estudos sobre a ressonância mórfica, e esta for demonstrada de forma cabal e aceita pelo mundo científico, aí então as religiões ocidentais (à exceção da doutrina espírita) se verão de frente com um imenso sapo para engolir. Vejamos como é tratada a “Realidade” pelos diversos ramos do conhecimento humano, ou episteme.

8* Neste ensaio (como disse no princípio), não tenho a intenção de solucionar, nem posso solucionar tal mistério, mas, somente apresentar algumas novas maneiras de abordagem, de como é vista a “Realidade” pelo “sapiens”.

9* Com a proposta de “A Matrix”, largamente difundida com o lançamento do filme do mesmo nome, confundiu-se ainda mais o entendimento do homem comum sobre a diferença entre realidade e irrealidade, e mesmo sobre a diferença que permeia o “ser” material e o “Ser” imaterial. Nossa mente no cotidiano nos põe de frente com o que chamamos de “Realidade”; esta capacidade de ver a “Realidade” é inerente à consciência humana, entretanto, em razão do ambiente físico em que fomos moldados, nós não percebemos a “Realidade” física como ela realmente o é. A visão que temos da “Realidade” física não é real. O que vemos não é realmente a “Realidade”; nós, de maneira simples, vemos a “Realidade” assim como nossa visão interpreta o mundo que nos cerca. Esta visão de mundo, a temos e a vemos com uma contínua uniformidade; no entanto, não é real o que vemos e interpretamos como “Realidade”. Eis aqui um imbróglio que poucos percebem! Este imbróglio na realidade é um problema de anotação!!!… Vejamos! Todo “Ser” senciente no planeta, (tomando o planeta como um todo), isto, holisticamente falando, sendo ele, considerado como: (o mundo da “vitae”), uma colônia de “seres”, ou um imenso organismo vivo! E não o contrário, portanto, não nele, o mundo físico planetário, mas, nesta colônia de “seres”. Todos estes “seres” que são na realidade a “vitae”! E o mundo, que seria o cenário, e que não pode existir sem a vida para testemunhá-lo e que o anota, e o mundo da “vitae”, que seria os espectadores, falantes e não falantes, e nada mais! Neste, os “seres” percebem e vivenciam seu existir como composto das mesmas coisas do dia a dia. Dia após dia, acorda, vê o amanhecer, se alimenta, excreta, se alimenta, vê o entardecer, se alimenta, excreta, dorme e acorda pela manhã para recomeçar a eterna rotina do viver. Não importa quem seja, ou que posição ocupe na “vitae” no planeta, se um sábio ou se um tolo, se um rei ou se um mendigo, se uma baleia com 150 toneladas ou se um diminuto verme! Inexoravelmente, todos estão presos a esta visão da “Realidade” até o seu último alento.

10* No entanto, conforme o seu grau de desenvolvimento como “Ser”, seu entendimento deste existir rotineiro, pode variar de zero ao infinito; daí advém a validade da máxima: “Cada cabeça um mundo!”. A priori, o aperceber do mundo (que cerca cada “ser”), se dá de forma uniforme e linear, não mudando nunca! As exceções só são encontradas em alguns animais com visão diferenciada da nossa. A “Realidade” vista pelo físico quântico é a mesma de um homem tribal; a interpretação da realidade é imutável e única, é inerente à nossa espécie como seres materiais, é uma visão completamente uniforme. As diferenças são filosóficas. Krishnamurti nos faz ver a inutilidade de se conhecer o homem que tivesse alcançado a “Realidade”, pois, esta “Realidade” seria algo não transferível e extremamente interior e este “Ser” ou a este homem. Krishnamurti nos propõe que se buscasse a verdade interior e que seria de pouca validade seguir ou acompanhar um homem somente porque tivesse alcançado a verdade ou “Realidade”. A “Realidade” sendo “maia” existe realmente? Ou é criada por nossa mente? E o que seria nossa mente? Fruto de conexões neuronais, ou somente a interação do nosso espírito com nossos neurônios, isto em nível quântico!

11* Creio que, para alcançar a “Realidade”, primeiramente é necessário que solucionemos uma questão maior, isto é, “quem somos nós?” e que consigamos compreender a verdade do que é a vida em nosso universo sob uma abordagem antrópica. Sendo imprescindível que tenhamos um entendimento, pelo menos razoável, de como o mundo material é formado. Se não soubermos quem somos, e em que tipo de universo vivemos, como compreender com profundidade a visão “maia” da realidade que temos dos “seres” vivos” e do mundo material que nos cerca? A ciência tenta e não consegue respostas satisfatórias para esses enigmas da nossa existência. Alguns cientistas, ao encontrarem resposta, holistas, não mecanicistas para estas questões, simplesmente são relegados ao ostracismo, ou tidos como idiotas ou loucos, pois são questões de difícil ou impossível análise laboratorial. No entanto, para gáudio do nosso espírito inquiridor, a ciência biológica nos propõe uma saída para percebermos a “Realidade”. O biólogo Rupert Sheldrake da Universidade de Cambridge na Inglaterra, em 1981, levou ao conhecimento do mundo a sua polêmica teoria da Ressonância Mórfica em seu livro Uma Nova Ciência da Vida. A teoria do Rupert Sheldrake nos remete a uma “Concepção” completamente nova, sobre o que é realmente a vida.

12* A Física quântica nos deixa entrever há tempos uma “Realidade” que poucos conseguem crer e compreender, e isto não ocorre somente com os leigos, mas também com os próprios físicos quânticos. Conforme uma visão da física quântica, a “Realidade” do dia-dia, sob um contexto de (mundo material), simplesmente, ela não existe, isto é, a nossa visão do real é inconsistente! Não é o real que nós vemos! E o que seria então a “Realidade” quântica? Simplesmente, meu caro leitor, o que ocorre é que os físicos sabem que a “Realidade” não é o que vivenciamos no nosso dia a dia, mas também não têm como descrever a “Realidade” quântica como seria, pelo simples motivo de que eles, como nós, só dispõem dos cinco sentidos, os quais são insuficientes ou não foram feitos para percebê-la. E, assim, se veem impossibilitados de descrever a “Realidade” quântica. O “imbróglio” teve início quando os físicos descobriram assombrados que a mente humana interferia nos experimentos quânticos. Aí eles viram o quanto estavam distantes da real “Realidade” sob um enfoque quântico.

13* Eu, mesmo, faço minha própria interpretação da “Realidade” quântica e não posso descrevê-la para o leitor. Já disse que a “Realidade” é restrita ao “Ser, unilateral, extremamente e absolutamente pessoal. A “Realidade” sobre a vida e o Universo, que a proposta do Sheldrake nos traz, é mais facilmente compreensível se a tomarmos e a compreendermos como o lado até agora obscuro e, até então, incognoscível e incompreensível dos “seres”, sejam “seres” sencientes ou não! Esta nova teoria da ressonância mórfica elucidará de forma simples a maioria das incompreensibilidades do nosso existir. Eu particularmente vejo a ressonância mórfica como uma teoria sistêmica e holística, portanto mais de acordo com a complexidade/simplicidade do homem/universo que somos! Estas e outras propostas existentes na atualidade nos levarão a uma maior compreensão do universo como um sistema ao qual está inquestionavelmente integrada a “vitae”.

14* Eu como “Ser”, possuo minha própria visão de “Realidade”. Na realidade todos nós a vemos e a entendemos unilateralmente. Cada um com sua própria “Realidade”! Essa unilateralidade nós a levamos até o “dernier souffle”; não importa de qual lado! Fique certo que o “de cujus” não reclamará!

15* Tratarei agora desta minha “Realidade”, que se fundamenta nos diversos aspectos que posso e consigo deduzir com minhas frágeis funções “orgânicas” dos meus benditos cinco sentidos, que de forma imperfeita, (em modos e valores), me facilitam analisar e compreender o que é a “Vida” e o “Mundo” e em separado o “Ser” que sou! Claro que a visão da “Realidade”, sendo uma percepção sensorial, portanto algo não material, será tratada como algo que só existe dentro da nossa enteléquia. Não me vejo isolado do universo; sou parte dele, dentro do espaço e do tempo, embora sempre no presente, mas, também na direção do passado e do futuro. Não questiono ou analiso o presente pela obviedade do fato. É só buscar nossa origem, e isto fica claro como o dia. Somos “seres” duais, complexos por si mesmos, compostos de três essências: de matéria ou corpo físico; de energia ou espírito, alma; e de personalidade, “eu” ou “mente”; Busquemos a origem desses dois componentes primeiros, (corpo material e corpo imaterial), e a encontraremos nos primórdios da formação do universo. A personalidade é formada aqui (no agora), durante nossa existência. Quer creiamos, quer não, somos parte integrante do universo, à exceção da (personalidade) e com origem na sua fase mais remota de formação! Isto posto e aceito, tentemos separar, analisar e compreender as duas facetas do “Ser” dual de que somos constituídos. Aqui não abordo o “Ser” trino! Que seria a soma de suas três essências: materialidade, espiritualidade e personalidade.

16* A faceta material do “Ser” é de fácil compreensão, pois, sob a ótica do reducionismo, o “Ser” se torna facilmente compreensível à luz da Física e da biologia. Com o auxílio da química e do eletromagnetismo, o “Ser” material torna-se “traduzível”, tornando-se mais facilmente compreensível e analisável num laboratório, embora seja o organismo mais complexo que existe em nosso universo próximo. Mas, temos de considerar que os átomos de todos os (47) elementos, e mais alguns (traços de outros), estes elementos de que são constituídos nossos corpos tiveram sua origem no hidrogênio primordial. Assim, deduz-se que somos tão velhos materialmente quanto o próprio universo. Ora, se o nosso “Ser” material é tão velho quanto o próprio universo, natural que o nosso “Ser” imaterial, composto de pura energia, também o seja, e talvez até mais velho, pois é sabido que a energia precedeu a matéria na fase inicial da formação do universo. A energia existe desde os primórdios e, segundo a astrofísica, na sua teoria mais aceita! A do Big-Bang, onde a matéria só veio a aparecer trezentos e oitenta mil anos depois que a energia foi liberada pelo Big-Bang, onde então, a energia teve o início de sua transformação em matéria, os primeiros átomos formados foram os mais simples, (o hidrogênio). Portanto, como “almas”, somos literalmente eternos, na direção do passado e do futuro. Como átomos dos nossos corpos materiais somos mais novos que a singularidade 380 mil anos. Somos, portanto, eternos e imortais, considerando o nosso universo do Big-Bang como um universo cíclico.

17* É nesse pressuposto de um paralelismo com um universo cíclico que se fundamenta a moderna doutrina da reencarnação, nos dizendo que nossas vidas materiais são cíclicas. Só que vejo a reencarnação com outros olhos e sob outro enfoque. A “Realidade” de que trato aqui está intimamente ligada ao “Ser” material, pois só ele pode analisá-la, já que a “Realidade” nada mais seria que sua visão de mundo, e o “Ser” imaterial nada mais seria que o objeto que pratica essa análise. Este “Ser”, objeto imaterial analisador, ao analisar o universo, passa por uma autoanálise! Já que o “Ser” sendo o próprio universo se auto analisa. Estas palavras não são dirigidas aos homens incapazes de compreender, crer e entender essa dualidade que depois que surge, transforma-se numa trindade. O acaso, unicamente o acaso, conforme o propalado entendimento dos cépticos, criou toda a organização existente no universo. Ou conforme a sabedoria da maioria! “A sapiência do Criador” fez a vida senciente com uma visão uniforme do existir, esta uniformidade a torna (a humanidade), incapaz de enxergar a “Realidade”. Mas, isto faz com que; todos os seres com uniformidade de visão, vejam uma manhã como uma manhã, e nunca como um entardecer! Uma pedra como uma pedra, e não como um pássaro!

18* A teoria de que só vemos o que queremos ver, tem sua validade e sua razão de ser! A teoria de que só vemos com facilidade o que já vimos anteriormente tem mais validade ainda. Tudo que nos é apresentado pela primeira vez nos é de difícil compreensão e visualização. Esta dosagem de não reconhecimento aumenta quando somos inicialmente refratários a algo, e este algo se nos torna extremamente estranho, a ponto de não o enxergarmos! O problema é que não vemos com nossos olhos materiais, e nem com os olhos da mente, ou seja, nós não vemos com nossos neurônios, mas sim, com os olhos do nosso espírito. Por sua vez, os mecanicistas dizem que não vemos com nossos olhos, mas, sim, com o nosso cérebro! Não creio que o nosso cérebro possa ver nada! É a própria neurologia que nos dá prova disso ao relatar experimentos de laboratório que comprovam que, ao mandar certa pessoa olhar uma imagem específica, são ativadas certas partes do seu cérebro, e estas mesmas partes são ativadas ao pedir-lhe que se recorde desta imagem, o que comprova que é a “Memória” do “Ser” imaterial que está sendo ativada nestas partes do nosso cérebro, que óbvio, faz parte do “ser” material. Esta é a primeira prova laboratorial da existência da dualidade do “Ser” e de que a memória é ativada dentro do cérebro, mas, não está contida no cérebro.

A “MEMÓRIA”.

19* Segundo a ressonância mórfica, a memória é externa aos seres, e todos os seres possuem “memória”, inclusive os seres inanimados. Aqui faremos uma rápida abordagem sobre uma nova concepção do que seja a nossa “memória”. Pois, sem ela, nada somos! Ou seríamos somente nossa memória?

 

20* Para melhor entendermos o que é a “Memória”, torna-se necessário dar um pequeno passeio pelas recentes descobertas da Biologia e da Neurologia! Como disse um dono de um blog, por sinal muito inteligente, agora vou me apropriar, e transcrever descaradamente, parte de uma matéria escrita pelo professor Adalberto Tripicchio, que aborda o aspecto formativo da “Memória”.

“O Mistério da Memória: A. Trípicchio

21* Até mesmo animais muito simples possuem a capacidade de aprender a partir da experiência. E até mesmo os padrões de ação fixados do comportamento instintivo envolvem aprendizagem individual: as vespas-caçadoras, por exemplo, aprendem a reconhecer várias características do meio ambiente em torno do ninho que estão cons­truindo; de outro modo, seriam incapazes de encontrar seu caminho de volta ao ninho quando saem à procura de lama ou para caçar lagartas. Além disso, aprendizagem implica “Memória”. Como elas se lembram? Teorias mecanicistas da “Memória” supõem, inevitavelmente, que a “Memória” depende de ‘traços de “Memória” materiais, que se acham, de algum modo, armazenados dentro do sistema nervoso. Esses traços hipotéticos são, com frequência, assimilados a conexões numa central telefônica, ou a gravações em fita, ou a Vídeo Tapes, ou a locais de armazenamento de “Memória” no computador. A ideia mais popular é a de que os traços de “Memória” dependem, de alguma maneira, de modificações que ocorrem nas junções entre as células ner­vosas, as sinapses. Os neurocientistas vêm tentando, há décadas, localizar traços de “Memória” nos cérebros de animais usados em experimentos. O procedimento usual consiste em treinar esses animais para fazer alguma coisa e depois cortar partes de seus cérebros para descobrir onde as memórias são armazenadas. Mas até mesmo depois que grandes pedaços de seus cérebros foram removidos – em alguns experimentos, mais de 60% – os infelizes animais podem frequentemente lembrar-se do que eles foram treinados para fazer antes da operação (Lashley,1950). Um pesquisador resumiu o malogro em encontrar traços de “Memória” localizada observando que a “Memória” parece estar, ao mesmo tempo, localizada em toda a parte e em nenhuma em particular (Boycott,1965). Alguns cientistas propuseram que as memórias podem estar armazenadas de uma maneira distribuída, vagamente análoga ao armazenamento de informações em hologramas, sobre grandes regiões do cérebro (Pribram,1971). Outros postularam a existência de sistemas de armazenamento “sobressalente” (backup) não identificados como responsáveis pela sobrevivência de hábitos aprendidos, depois que vários supostos locais de armazenamento de “Memória” foram removidos por cirurgia. Mas pode haver uma razão ridiculamente simples para esses malogros recorrentes em encontrar traços de “Memória” nos cérebros: eles podem não existir. Se você procurar, no interior do seu aparelho de TV, traços dos programas que você assistiu na semana passada, sua busca estará condenada ao fracasso pela mesma razão: o aparelho sintoniza transmissões de TV, mas não as armazena. A hipótese da causação formativa sugere que a “Memória” depende da ressonância mórfica e não de localizações materiais para armazenamento de “Memória”. A ressonância mórfica depende da similaridade. Envolve um efeito de semelhante sobre semelhante. Quanto mais semelhante um organismo é em relação a um organismo no passado, tanto mais específica e efetiva será a ressonância mórfica. Em geral, qualquer determinado organismo é o que há de mais semelhante a si próprio no passado e, por essa razão, ele está sujeito a uma ressonância mórfica altamente específica oriunda do seu próprio passado. Por exemplo, você é mais semelhante ao que você era um ano atrás do que semelhante ao que eu era. Essa auto ressonância ajuda a manter a forma de um organismo, a despeito das contínuas modificações dos seus materiais constitutivos. De maneira semelhante, no domínio do comportamento, ela sintoniza um organismo especificamente com os padrões de atividade do seu próprio passado. Nem seus hábitos de comportamento, de fala e de pensamento nem suas lembranças de determinados fatos e de eventos passados precisam estar armazenados sob a forma de traços materiais em seu cérebro. Mas o que dizer do fato de que se podem perder lembranças em consequência de lesões no cérebro? Alguns tipos de lesões em áreas específicas do cérebro podem resultar em tipos específicos de dano: por exemplo, a perda da capacidade para reconhecer rostos após uma lesão do córtex visual secundário do hemisfério direito. Uma vítima desse tipo de lesão pode ser incapaz de reconhecer até mesmo os rostos de sua esposa e de seus filhos, embora ainda consiga reconhecê-los pelas suas vozes e de outras maneiras (Sacks,1985). Isso não provaria que as memórias relevantes estavam armazenadas dentro dos tecidos danificados? De modo algum. Pense novamente na analogia com a TV. Danos produzidos em certas partes do circuito podem levar à perda ou à distorção da imagem; em outras partes do circuito, os danos podem levar o aparelho a perder a capacidade de produzir som; danos no circuito de sintonização podem provocar a perda da capacidade para receber um ou mais canais. Mas isso não prova que as imagens, os sons e programas inteiros estejam armazenados no interior dos componentes danificados. Essa ideia permite que o funcionamento da “Memória” individual e a herança de instintos e de capacidades comportamentais sejam encarados como diferentes aspectos do mesmo fenômeno. Ambos dependem da ressonância mórfica, mas o primeiro é mais específico do que a segunda. A “Memória” individual e as capacidades de aprendizagem têm lugar contra o background de uma “Memória” coletiva herdada por ressonância mórfica de membros anteriores da espécie. No domínio humano, tal conceito já existe na teoria de Jung do inconsciente coletivo, como uma “Memória” coletiva herdada (Jung,1959). A hipótese da ressonância mórfica permite que o inconsciente coletivo seja visto não apenas como um fenômeno humano, mas como um aspecto de um processo muito mais abrangente, por intermédio do qual os hábitos são herdados por toda a parte na natureza.” 

22* Chegamos ao fim do trecho do artigo do Dr. Adalberto Tripicchio.

Minha abordagem

23* Fica evidenciado nessa abordagem do Dr. Adalberto Tripicchio que nossa “Memória” não reside nem é formada em nosso cérebro. Ora, se nosso cérebro não é fábrica nem depósito da “Memória”, donde viria e estaria nossa “Memória” a não ser na essência do “Ser” imaterial que chamamos de alma, espírito, enteléquia, ou nalguns casos, chamamos de mente!

24* O problema é que o Dr. Rupert Sheldrake, embora não o diga, se deparou com um lado dos seres que, de maneira alguma, faz parte da matéria desses seres. Não que o Sheldrake seja um atomista nem um mecanicista. Longe dele esta postura! Após tomarmos conhecimento de que a biologia e a neurologia acreditam ser a “Memória” extracorpórea, e esta “Memória” sendo inerente a todos os seres vivos, (ainda temos que atentar que segundo Sheldrake a ressonância mórfica atua em todos os sistemas, vivos ou não), alguns com mais outros com menos, mas todos com “Memória”, então a “Memória” é algo tão importante nos seres vivos que não há ser vivo que não a possua! Sem compreendermos o que seja nossa “Memória”, dificilmente poderemos analisar a “Realidade” no que tange ao mundo que nos cerca. A visão que temos do mundo é analisada por nossa “Memória”, ou, em outras palavras, por comparação com o que está estocado em nossa mente, nossa alma, nosso espírito, nosso eu, ou o que mais quiserdes chamar. Por outra coisa é que não é!

25* Estabelecido o que seria nossa “Memória”, não muito a contento, vou tentar levar ao vosso conhecimento o que seja (o que creio que seja) a “Realidade” do universo como universo material. Não estou me esquecendo das palavras de Jiddu Krishnamurti, quando diz, em seu livro Uma Nova Maneira de Viver, que jamais seremos capazes de encontrar o “Real”. Eis o que nos diz a sabedoria de Krishnamurti: – [ “Ora bem, quereis que eu vos diga o que é a “Realidade”? Mas pode o indescritível ser expresso em palavras? Pode-se medir o imensurável? Pode-se aprisionar o vento numa mão fechada? Se o fazeis, isso que apanhais é o vento? Se medirdes o imensurável, isso que medis é o “Real”? Se reduzirdes alguma coisa a uma fórmula, essa coisa é o “Real”? Absolutamente não, porque, no momento que descreveis o que é indescritível, não é mais o “Real” isso o que foi descrito. No momento em que traduzis o incognoscível no que conheceis, não é mais o incognoscível, o que traduzistes”. Mas sim, o cognoscível! – ]

26* Mesmo diante desse raciocínio de Krishnamurti, não me vejo impossibilitado de tentar passar para as palavras escritas o que seja a minha “Realidade”. A “Realidade” de que trata Krishnamurti é o alcançar da iluminação Bhúdica; é alcançar a transcendência como “Ser”! É alcançar a “Verdade Absoluta” – o que me encontro impossibilitado de fazer. A “Realidade” de que trato neste momento é a “Realidade” física de como vemos nosso universo! A isso, eu chamo de: “Realidade Visão de mundo” moveriana. Não compreendo a vida separada do universo, e na verdade; a vida como tal não existe. A meu ver, o universo compreende e é a própria vida; um não pode existir sem o outro: um (o universo) funciona como cenário; o outro (a vida) funciona como espectador. Não podemos dissociá-los sob pena de destruí-los simultaneamente. Não compreendo uma paisagem, por mais bela ou horrível que seja, sem alguém para apreciá-la, nem que seja um verme! Na ausência do verme, um espírito pairará diáfano e solitário nas imediações. Haverá de ter alguém para apreciar o espetáculo. Não posso dissociar o espírito do meu “Ser” do espírito do universo, pois, como fiz ver, as duas faces do meu “Ser”, sem nenhuma dúvida, são oriundas das profundezas do passado do universo. Se com o meu passar físico (morte), o universo não desaparece é porque eu me perpetuo como “Ser” espiritual. Algumas religiões orientais consideram o “Ser” não encarnado como um “Ser” não individual, o que nos remete a um “Ser” coletivo. “Talvez”, quando desencarnados sejamos um “Ser” único, possuidor das “Memórias” de todos os seres quando encarnados. Isto explicaria a imensa legião de Napoleões, Césares e Cleópatras nas regressões às vidas passadas, em que a “Memória” tem uma função coletiva. Sendo o “Ser” quando desencarnado um único “Ser”, nada mais natural que a crença de que a vida no planeta seja considerada como um único organismo, embora representado por corpos díspares, variados e semelhantes ao mesmo tempo. A base fundamental da vida planetária é uma só, a helicoide do DNA; a multiplicidade das formas de vida não impede que todas estejam baseadas no DNA. Creio numa razão formadora do universo. Não creio num universo fruto do acaso. Creio numa mente maior, numa inteligência infinita, incognoscível, anônima, incompreensível, inominável, impessoal, invisível, imaterial, inalcançável, não analisável, transcendendo o próprio universo. Esta razão ou mente, eu a chamo humildemente de DEUS.

27* O maior filósofo brasileiro (e talvez o único que possa levar este título), Huberto Rohden, muito pouco comentado pela intelectualidade brasileira, me fez ver, há décadas, o porquê desses atributos da Divindade! Em poucas e sábias palavras, ao comentar o primeiro aforismo de Lao-Tse, ele, com toda sabedoria, nos diz, de forma simples e taxativa: [… Tao é em si mesmo Anônimo, Inominável. Quando o nominamos, reduzimos a um plano finito o Infinito, relativizamos o Absoluto, parcializamos o Todo, colorimos o Incolor, personalizamos o Impessoal. O que se pode dizer e pensar não é a “Realidade” Absoluta, que é indizível e impensável. Através dos óculos da nossa finitude humana enxergamos a Infinitude Divina, visualizando-a assim como nós somos, mas não assim como ela é …].

28* A “Realidade” a que se refere o filósofo Huberto Rohden é a “Realidade” Universal, Absoluta, Transcendente e engloba tudo no universo, inclusive a vida, “excluindo”, naturalmente, o seu Criador pelas razões citadas pelo filósofo.

29* No decorrer deste artigo, me referi às várias realidades, todas entrelaçadas, mas, unas, isto é, podemos olhar ou interpretar a “Realidade” sob vários ângulos e facetas, o que a multiplica sob cada ângulo e cada faceta, mas não a multiplica no seu todo. Assim, existe uma única “Realidade”, e esta é a “Realidade” Absoluta, a que o filósofo se refere.

30* Agora tratarei da faceta da (nossa) “Realidade” que nós utilizamos e percebemos no nosso dia a dia: Esta “Realidade” é a maneira pela qual nós vemos e sentimos o nosso mundo material. Se o nosso sentido da visão percebesse o mundo material tal qual ele é, não distinguiríamos uns objetos dos outros, pelo simples fato de eles serem feitos de uma única coisa: átomos… e nada mais! Se percebêssemos o mundo tal qual ele é! Perderíamos a acuidade para ver as formas e as cores, perderíamos a faculdade de ver as diferentes distâncias e, consequentemente, a profundidade dos cenários. Veríamos tudo chapado; veríamos o rosto da pessoa amada em duas dimensões; não perceberíamos as cores pelo simples fato de que não veríamos mais os fótons agrupados, formando um reflexo das “coisas” materiais, mas, não as “coisas” materiais em si. Pois, os fótons incididos e refletidos pelos elementos materiais, nós os veríamos um a um. Veríamos as diferentes vibrações eletromagnéticas com todas as interferências que vêm de todas as direções e a que os fótons estão sujeitos. Veríamos um matizado, mas não as cores isoladas, cada uma em sua vibração específica. Uma visão com capacidade de ver os átomos em separado, cada um e “per se”, perderia a capacidade de ver um conjunto de átomos, e são as visões destes conjuntos que nos permitem distinguir as formas dos objetos. Então nada veríamos, e tanto reclamamos da nossa capacidade de ver! Mas é justamente esta capacidade parcial de ver que nos permite interagir com o universo em que vivemos! Humanos, não queiram ver o universo em sua plena “Realidade”! É justamente esta incapacidade de ver que nos faz ver! Sem a capacidade de analisar as distâncias dos objetos, nos perderíamos entre os objetos; simplesmente não calcularíamos nossa posição dentro do nosso ambiente; pois, os objetos e a maioria dos sólidos seriam vistos como se fossem transparentes – daí adviria a ausência da percepção da profundidade. Veríamos os nossos órgãos internos bem transparentes e em funcionamento. Imagine ver o intestino grosso e delgado da amada transparente e em funcionamento! Você, ao beijar a boca da sua amada, contaria inadvertidamente todas as suas cáries, se ela as tivesse, num relance contaria todos os germes contraídos com o desejado beijo. A única vantagem de possuir uma visão de alta resolução seria o poder de ver as “Auras” dos seres vivos e facilmente julgar acertadamente cada “Ser” pela cor da sua energia ou aura.

Não podemos ir de encontro à sabedoria da Mente Cósmica, do Tao, do Deus, do Brahmam, do Yahveh, do Absoluto, do (Eu sou), da Divindade Transcendente, sob pena de deixarmos de perceber com acurácia nosso próprio existir como “Seres” duais, materiais e imateriais, sencientes e evolutivos que somos e, assim, mais e mais nos distanciaríamos da “Realidade” Física que tanto buscamos.

 

31* A nossa busca pela visão da “Realidade”! Seria, como o caso de um teco-teco tentando alcançar um caça supersônico: quanto mais tempo durasse a tentativa, mais a distância entre eles aumentaria…

Explicitus est liber!

 

Edimilson Santos Silva Movér

Vitória da Conquista, Bahia 28 de Janeiro de 2009.