Artigo: DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR – Da sub-série: Temas polêmicos.

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SINGELO TRATADO DO “NADA”

 

Em forma de carta aberta o filosofo Mover  trava um dialogo com o amigo  em carta direcionada ao mesmo,  em que aborda o sentido  do “vir a ser”, do “isto é”, “não ser”. O “nada”. … O nada, “não existe como ente, e de que o melhor candidato à “nada”, seria o “Ser”. Embora nada tenha ficado provado, pois, tudo, absolutamente tudo do “nada’ é de impossível comprovação.”

Distinto pensador José Mário Ferraz, aqui estarei analisando o que não seja o “nada”. Pois, pois, não vejo como analisar uma coisa que não contenha a essência do “vir a ser”, do “isto é”, a essência do “phaenomena”, julgo que este “não ser” e esta “não posse” da essência, a torna uma coisa não analisável. Como é impossível testar esta coisa num laboratório, aqui, utilizaremos somente nossa mente como ferramenta de análise.

O “nada” ao ser  analisado como “alguma coisa”, obviamente que esta “alguma coisa” não é  o “nada” que se analisa, na realidade veremos no final, que este tema nos leva a um grande imbróglio, que ao que aparenta, não tem solução… Sabemos que o tema ainda não foi resolvido pela filosofia nem pela ciência, e não  o será por mim, aqui, darei somente um despretencioso palpite, e nada mais.

Por Edimilson Santos Silva Movér

 

Amigo José Mário, não dá para  imaginar até onde chega a capacidade de elucubração do intelecto humano, refiro-me às mentes dos pensadores do passado que se dedicaram ao estudo minucioso e abrangente do tema deste ensaio! Sei, e estou convencido de que não  possuo uma vírgula da capacidade de análise dos mestres do saber do passado, mas, eles são meus faróis, e assim, não andarei por caminhos escuros ou sendas desconhecidas.

A análise do oposto ao “tudo”, ou “nada”, mal começa, e já deduzimos que: Embora, com a mais absoluta  falta de evidência de sua existência, continua sendo denominado indevidamente de “nada”, como se este “nada” fosse alguma coisa. Ora! Algo que pode ser nominado
de qualquer coisa, ainda é alguma coisa, portanto, não é o “nada” nem uma coisa nenhuma. Vemos, logo no início desta análide que o “nada” nos parece mais uma anticoisa.

 A ciência, a razão e a lógica nos diz que: Todas as entidades que chamamos de pártículas e subpartículas que formam o universo possuem o seu oposto, que são as antipartículas e as antisubpartículas. Mas, utilizando de uma lógica simplista podemos deduzir que: tudo pode ter seu oposto, menos o “tudo”! Pois, o universo é formado por este “tudo” e o oposto deste “tudo é o “nada”, ora! Se o “nada” existisse o universo não existiria. Portanto o oposto do “tudo” não deve existir.

Se no futuro descobrirem que existe o “nada”, ele com certeza estará fora do espaço físico que nosso universo ocupa. Pois, a afirmação da existência do oposto do “tudo”, nos leva ao “nada”, e esta afirmação equivaleria a proposição da existência de um antiuniverso feito de “nada”, já que nosso universo é feito de “tudo”! Esta real existência do “nada”, impossibilitaria a real existência do “tudo” no mesmo espaço. Ora! Este “nada estaria então, coexistindo com o “tudo”. Donde, deduzir-se-ia que esta concomitância de universos resultaria num universo oscilante entre o “tudo” e o ”nada”! Num momento seria o “tudo, noutro momento seria o “nada”. Sendo que o tempo dessa oscilação seria irrelevante. Portanto, se tal fosse verdade, não estaríamos aqui para observar o universo, nem tão pouco o universo para que o pudéssemos observar…

 O que me leva a inquirir! Seria possível fazer uma análise do “nada”? Creio que sim, mas, de uma maneira nova, completamente inusitada e nunca dantes tentada pela filosofia nem pela ciência. Poderíamos assim, tentar comprovar no mínimo, sua duvidosa existência, ou sua tão apregoada inexistência.

Como seu nome já o indica e diz que: o “nada” seja o “nada” ou coisa nenhuma e de que o que se nomina de “tudo seja o “tudo” ou a coisa toda. A burrice dirá! Este conceito de uma oscilação entre dois estados é incoerente, este é um raciocínio inconsistente e furado, é uma estultícia! Mas, não o é! Esta proposição da existência do oposto ao “tudo” junto ao “tudo” de forma oscilante é consequência da impossibilidade da existência das duas entidades no mesmo espaço e no mesmo tempo. Se o fosse, a proposição oposta e acertada seria a de que o “nada” não fosse o “nada” e de que o “tudo não fosse o “tudo. E aí sim,  o raciocínio então, realmente seria  uma parvoíce. Portanto, se o raciocínio da primera proposição fosse furado, o seria por que deveria ter vazado pelo buraco do intelecto da burrice.

Como seu nome já o indica e diz, de que o “nada” seja o “nada” ou coisa nenhuma e de que o que se nomina de “tudo seja o “tudo” ou a coisa toda. Ou talvez, se penetrarmos mais no estudo destas “coisas”, ou seja, penetrarmos no estudo do “tudo e no estudo do “nada” venhamos a descubrir que o “nada” seja somente uma elucubração mental de algo inexistente, ou uma não essência, e o estudo do “tudo” nos levaria até a uma melhor compreensão da existência do “tudo” e a uma melhor compreensão do “por que” da inexistência do “nada”.

Devido a fatos adiante relatados e independentemente do resultado deste estudo, reservo-me o direito de me considerar um “nada”. Disso não abro mão…  Senão! O “nada” me escapa por entre os dedos e me foge da análise pretendida. Observe bem! Que não estou propondo adiante que só se possa analisar o “nada” por um analista na condição do “nada”, pois, o “nada” procurado é um ente propenso a uma inexistência, portanto, propenso a ser incapaz de qualquer ato, e este analista estaria nesta mesma condição. Mas, um espectador na posição e não na condição de “nada” teria uma visão, não digo mais real, mas no mínimo, um ângulo de visão mais diferenciado desta realidade denunciadora do “nada”.  Esta visão e realidade não nos mostraria o “nada”, mas sim, a ausência do “nada” e a forte e marcante presença do “tudo”. Como isto no momento é somente uma divagação, vamos adiante testá-la com uma estruturada proposição.

Fica posto que: ao longo deste ensaio ou análise, me reportarei sempre ao pensador maior da minha terra, e pessoa da mais extremada perspiscácia e inteligência, José Mário Ferraz. Foi ele que entre outras conversas no beco, me perguntou como quem não quer “nada”, – (Movér! será que existe o “nada”?) –  Foi o suficiente para aquilo ficar martelando no “meu juizo”, coisa que também ponho sua existência em dúvida, refiro-me ao “meu juizo”.  

Aqui neste ensaio tratarei de várias proposições filosóficas, e  em particular das que abordam o “nada’ como um conceito intelectível e portanto, factível de apreensão pela razão humana. Não cuidarei das concepções filosóficas que simplesmente descartaram o “nada” como matéria de estudo! Senão! Como justificar estes estudos do “nada”? A priori o “nada” existe sim! Pelo menos como conceito do oposto ao “tudo”, mas, não existe como uma essência, como o “vir a ser”, o “isto é”, de Immanuel Kant.

Nos tempos modernos existe uma necessidade premente do “nosce te ipsum” recomendado por Sócrates… Pois, esse autoconhecimento, nunca é de fácil aquisição, ou mesmo possível! Creio, que este desconhecimento da essência de si mesmo é o que leva a sociedade humana a se comportar como uma imensa manada! Será mera coincidência a grafia desta palavra ternimar em “nada”? Sei e bem sei que a grafia e a ortoépia das palavras não possuem significado místico ou ontológico, ou mesmo  secreto, considerando que no planeta existe em torno de seis mil línguas distintas faladas e a maioria com sua própria e também distinta escrita. Citado por Jared Diamond, Armas, Germes e Aço – Edit. RECORD, 13ª edição, pag. 17

Quanto ao autoconhecimento, esta recomendação de se buscá-lo é anterior à Sócrates, e sempre esteve disponível no pórtico do templo de Apollo em Delfos. Não se conhece ao certo, o nome do primeiro autor desta recomendação. Esta recomendação é antiga na Grécia antiga e também antiga no antigo Egito, e tem muitos pais, pelo menos uns dez filósofos são tidos como autores desta inteligente recomendação. Isto me faz lembrar um certo aeroporto, de uma certa cidade,que possui mais pai que peixe de cardume ou pomba de bando, nessas sociedades quem chegar primeiro será um provável pai, mas, um pai desconhecido”! Daí a polêmica sobre a paternidade do aeroporto, que, ao que parece corre o risco de resultar no tema deste ensaio.

Sabe meu amigo e pensador! O “tudo”, aquele  “tudo” que é o oposto do “nada”, naturalmente como um “tudo”, e como tudo, também tem sua primeira vez! E, esta é a primeira vez, de muitas das futuras vezes, que me verei diante da elaboração de tão difícil e complexa conjectura! O que me perguntas, eu, como tu, também não sei, e nem creio que alguém saiba o que seja o “nada”! Mas, também não deixarei de pelo menos tentar analisar o que denominam de “nada”, ou no mínimo o que não seja o “nada”.

Meu entendimento, mesmo a soalheiro não vê nesse dia a direção do clarão do sol da lucidez,  e nem mesmo viu o negrume da noite da mais completa escuridão intelectual a me negar a elucidação, ou me ofuscar o entendimento do que seja o “nada”. Em função de que; nem mesmo o dia mais ensolarado do verão do meu viver, nem a noite mais fria do inverno da minha curta existência conseguem impedir que eu analise o “nada”, o “universo”, e a “mim mesmo”… Creio que esta tríade seja a mesma coisa, ou no mínimo, tecido do mesmo fio e tear.

Não me tomes por um niilista, considere esta singela análise do “nada” como uma simples proposição diferenciada, ou até mesmo estulta, do que seja o mais difícil, estranho e fugidio conceito filosófico que é o conceito de “nada”. Pois, por ser o “nihil”, o “nada”, sempre nos escapa por entre os dedos. Onde, logo nesta primeira definição e proposição já notamos sua estranheza conceitual. Como pode o “nada” que é coisa nenhuma, ou seja, uma inexistência, uma não essência, nos escapar por entre os dedos? Julgo ser necessário uma compreensão mais aprofundada do “Ser” e do que seja nossa consciência e nossa existência, para termos  condições e parâmetros para analisar com mais acurácia o “nada”.

Sou obrigado, portanto, a iniciar fazendo uma análise de mim mesmo. Observe que me refiro à nossa consciência ou ente pensante  e o grafo como “Ser” e de que o ser material como corpo físico é grafado como “ser” e o verbo ser é grafado como ser mesmo, sem aspas “  ”. Temos que ter em vista que durante todo o decorrer deste ensaio o animal humano é tratado como um ente dual, corpo material e consciência. Sem se fazer esta distinção em todo momento, sem ter isto em mente, não há como chegar a uma análise do “nada”. Como pretendo fazer e farei!

Primeiro: É dificílimo analisar a si próprio, isto, já com fundamento e base nos fatos acima citados, e de que mesmo assim, me considero um “nada” existencial. Segundo: A dificuldade existente na autoanálise é a mesma que se encontra ao se tentar analisar o “nada”. Terceiro: Esta autoanálise torna-se necessária para que se possa, (pela própria similitude destas entidades), alcançar um possível entendimento da análise do “nada e do “Ser”. Veremos no fim, no fim, que realmente ambos são um “nada”, um não, dois nadas. Isto, quando do homem se faz sua projeção como enteléquia ou consciência. Sendo completamente impossível fazer uma análise de nós mesmos e de nossos semelhantes enfocando somente seus corpos materiais, pois, o corpo  material ou “ser”, não tem relevância diante da supremacia da sua consciência, enteléquia,  espírito ou  que mais quizerdes chamar. Já conhecemos suficientemente nosso organismo material, e a sua mais profunda estrutura biológica já foi muito bem dissecada e definida, sua análise, portanto, nada mais seria que um longo, mas, simples relatório de laboratório. A proposição de se procurar conhecer a si mesmo, nos remete ao questionamento do que somos como enteléquia! E não do que somos como corpos físicos. O que realmente vemos ao longo dos estudos filosóficos sobre nossa alma, é a mais completa escuridão, nem uma luz, por menor que seja apareceu. Gerando uma inquietante certeza de que nunca chegaremos a conhecer a nós mesmos, tanto é, que a orientação do filósofo maior da Grécia, para o “nosce te ipsum”, continua mais válida que nunca, parece-me, meu caro amigo José Mário pensador, que o homem nunca chegará a conhecer a si próprio, uma das razões disso, é sua efemeridade existencial, dentro do sistema fechado do “Ser”, onde, por tão pouco tempo habita e existe. Não podendo transferir para seu semelhante, nem mesmo para a posteridade dentro do sistema aberto do “ser” fenomenológico existencial o conhecimento que adquiriu dentro do  seu próprio sistema fechado noumênico, mas, também existencial.

Em virtude da exiguidade de tempo e da clausura em que o “Ser” se encontra dentro do seu sistema noumênico existencial; nada, absolutamente nada do seu autoconhecimento pode ser transferido ao seu semelhante devido ao anteparo natural existente entre os dois sistemas. A segunda lei da termodinâmica não é válida no sistema fechado do “Ser”, só existindo entropia no sistema aberto do  “ser’. O “Ser” como um sistema fechado não pode se comunicar com um “Ser” seu semelhante que por ser outro sistema fechado, ambos estão impossibilitados de se comunicarem. Esta clausura torna os “Seres” o “nada”. Isto me leva a crer que o “nada” seja como a realidade que Krishnamurti nos diz que seja: – A realidade não é cognoscível pela mente, porque a mente é o resultado do conhecido, do passado. A Realidade não é contínua, não é permanente, porém uma coisa que se precisa descobrir momento por momento. – Krishnamurti, como um “Ser” inteligente que foi, está nos dizendo que nossa mente, nossa consciência antes do aprendizado é um vazio, é um “nada”. Talvez o “nada” possua as mesmas características da realidade, de Krishnamurti, e nossa mente seja fruto da coisa apreendida, da memória, seja coisa do passado. Com relação à nossa mente, não existe o amanhã sem o hoje, como não existe o hoje sem o ontem…  Isto é o que nos propõe este grande pensador. E  assim, ela, (nossa mente ou consciência), não tem como abarcar e transmitir o entendimento do que seja o “nada”, pois, o “nada” transcende a percepção da nossa mente factual e atual, que tem suporte em fatos “acontecentes” relacionados ao passado e, portanto à nossa memória e que portanto não podem alcançar o “Ser” por terem origem na comunicação do sistema aberto do “ser”. O homem e seu autoconhecer se isolam dentro do sistema fechado do “Ser”, e não conseguem sair da gaiola do fenômeno humano. Este “autoconhecimento”, noumênico por si mesmo, o consagra como um “autoconhecimento” intransferível niilíco e transcendente ao próprio “ser”. A melhor ideia, embora inconsistente, do “Ser” imaterial é o que nos propõe o espiritismo, mas, humanizaram demais a imagem da consciência ou “Ser” e a desfiguraram, o espiritismo confunde a memória do “Ser” com o próprio “Ser”.   A razão disto, encontra fundamento no fato de que o homem como enteléquia ou consciência é um sistema complexo fechado, com memória perpetua e indestrutível, sendo ao mesmo tempo um “Ser” impessoal, imaterial, inominável e perpetuamente desconhecido para o “ser” material. Sendo a maior complexidade do nosso universo próximo e conhecido. Um conhecimento contido e oriundo de um sistema fechado e com tal complexidade perde a condição de expor a análise desta mesma complexidade sistêmica e fechada, para um sistema simples e aberto, que é o sistema a priori e necessário fenomênico do entendimento humano do “ser” quando este “ser” é exposto através da escrita ou da fala, A noumenalidade, (do sistema fechado do “Ser”), torna impossível transferir este conhecimento para  nosso sistema existencial material cognocente, fenomênico causal e aberto do sistema responsável pela comunicação através da fala e da escrita, assim como o entendo e ele o é! Resumindo! O sistema fechado antrópico do “Ser”, É o sistema da enteléquia, da ideia, do raciocínio e da razão. Donde advém a dificuldade do “Ser” se autoconhecer, ou seja, transferir este autoconhecimento para o sistema antrópico aberto do “ser” material falante. Este a que me reporto é o sistema da vida material. É muito difícil entender a separação existente entre os os dois sistemas ou entre os dois seres, que sabemos e temos consciência que existem, um como o “ser” material ou corpo físico, e o outro como o “Ser”  espiritual, enteléquia ou consciência. As consciências ou “Seres” noumênicos só conseguem se comunicar através do corpo material, através da fala, isto através do seu sistema material fonador.  Lembre-se, como disse, o sistema antrópico, referindo-me, à essência do “Ser” imaterial pensante; é um sistema fechado. Portanto, não temos como penetrá-lo. Entenda que: O termo entropia e termodinâmica aqui referidos são alegóricos, onde o conceito de “calor” da termodinâmica foi substituído obviamente pelo conceito de “informação”. Desta forma, a irreversibilidade do sistema do “Ser” para o sistema do “ser” estaria associada à complexidade e distinção dos dois sistemas, e estaria representada pela impossibilidade da troca de informação. Quem conhece do assunto verá que seria a mesma conceituação proposta por Boltzmann para a termodinâmica em 1877.

O homem como universo é tão complexo que é descrito como o próprio universo físico tomando conhecimento de si próprio. E é o que realmente ele o é! Isto se o tomarmos como um “Ser” dual, matéria e espírito. O universo do homem como “Ser”, aqui referido diz respeito somente ao seu intelecto, e que também é chamado de sua consciência. A dificuldade natural que a neurociência enfrenta ao tentar analisar a consciência do homem, pode ser atribuída ao desconhecimento de como o “Ser” ou consciência como um sistema fechado interage com o  “ser” material que é um sistema aberto. Esta comunicação é feita através (mas, somente através), de nosso sistema físico neuronal, disso deduz-se que o nosso sistema neuronal é um veículo de comunicação de uma única via, desconhecendo-se uma via de comunicação entre o “ser” e o “Ser”! Naturalmente que a inexistência desta outra via incapacita o “ser” de se comunicar com o “Ser”… Donde advém a necessidade da presença do ”Ser” para o “ser” interagir e se comunicar com o mundo que o cerca. Mas, a neurologia desconhece completamente como isto é feito, ou qual é o fundamento deste processo de comunicação da consciência, e o pior, debita a função da consciência aos neurônios, que são órgãos materiais, como se eles fossem factíveis de produzir consciência. Ultimamente isto é debitado às assembleias de neurônios. O certo é que a neurologia desconhece completamente o que seja a consciência humana. Isto nos confessa o decâno da neurociência, António Damásio da University of Southern California, USA.  Todos os entes viventes no planeta, possuem consciência, pois, são uma junção destes dois sistemas, um notadamente material e o outro reconhecidamente imaterial. Todos os seres animais, indistintamente possuem uma consciência , naturalmente que cada consciência possui seu próprio grau de evolução, também naturalmente que cada necessidade de cada espécie animal estabelece o grau de evolução dessa consciência. E a comunicação entre todos eles só é factível no campo pertinente ao “ser” material. Terminantemente, não há como os ”Seres” imateriais se comunicarem entre si, eles como consciência só se comunicam com o universo através dos sistemas materiais de cada espécie animal. Isto, nenhum “Ser” humano, racional e consciente dentro da sua condição de “Ser”, pode contradizer… Pois, os “seres” só se comunicam através da fala material, ou da escrita também material, obviamente e naturalmente ambas oriundas do “ser” material, sendo esta comunicação feita através dos “seres” e não dos “Seres”, e unicamente entre os “seres”. O “Ser” ou nossa consciência é uma entidade completamente fora do alcance de nosso entendimento ou razão, como “seres materiais que somos.

Voltemos ao “nada” e ao micro e ao macrouniverso.

Os Vedas na antiga Índia já diziam que: O micro está dentro do macro e o macro está dentro do micro. Não sei bem, confesso, mas, talvez os Vedas estivessem dizendo que nosso intelecto pode abarcar todo o macro universo. Condição em que, o macro se encontra completamente dentro do micro. No entanto, esta proposição tem um valor relativo, pois, (pelo menos eu desconheço), desconhecemos a dimensão do micro e do macrouniverso dos antigos Vedas.

Somos então! Uma pequena complexidade dentro de uma grande complexidade. Sendo que, esta mesma grande complexidade, por sua vez, também pode sob “certas condições” estar dentro da pequena complexidade que somos nós. Esta interação entre estes dois mundos, a ciência moderna e a filosofia a percebe e a concebe dentro do que chamam de holismo, A ciência, a filosofia e a teologia tentaram debalde, explicar o que seja o “Ser” pensante! A neurociência dos nossos dias confessa com humildade que desconhece por completo o que seja nossa consciência ou enteléquia, portanto, não sabem o que seja o “Ser” pensante e falante que habita este planeta. Estes três ramos do conhecimento humano, dois inteligentes, e outro, creio que nem seja conhecimento, mas, burrice mesmo! Podem não saber o que seja a essência do “homo sapiens sapiens”! Mas, incrível como possa parecer, eu sei o que seja o tudo e o “nada”. Meu amigo, neto de Belizário Ferraz, o “nada” sou eu, o “tudo” é o universo, incluso nele o homem. E não devo discutir coisas da magnitude desta proposição, nem comigo mesmo, sob pena da validação da pecha que pesa sobre o aporte das pedras pelos Correias.

Prezado José Mário Ferraz! Por ser  esta uma maneira nova de se analisar o homem e o universo em que ele vive, e como teoria e proposição,  parte, ainda encontra-se dentro de meu intelecto e parte nas minhas gavetas. Quando eu as esvaziar e as publicar, aí sim, ambas as partes podem ser discutidas e questionadas por qualquer “pensador”, que é como gostas de chamar os filósofos.

Quando te pões na condição de “nada” consegues sair dos sistemas fechados, tão bem descritos por Bertalanffy na década de 1930), e assim, consegues ter uma melhor visão externa destes mesmos sistemas.

Se tentardes ver o homem de dentro da gaiola humana, só verás a mesmice do existir cotidiano, o “tudo” só pode ser visto de fora do “tudo”, veja que este é um dos enfoques do “tudo” prometido, creio que a tentativa de analisar o homem como centro do mundo, foi o maior mal da filosofia! O “egoismo”, resultado da clausura da gaiola humana, causou a  profunda introspecção dos filósofos matando a análise filosófica do “Ser”, concentraram-se demais no interior do homem, no que chamavam de alma. Temos que procurar nossa essência fora de nós mesmos. Creio que o “Ser” assim como ele é abordado, seja um grande vazio, no sentido de não existir onde o procuram. Segundo a proposição da teoria de Rupert Sheldrake, a consciência é externa aos seres. Fora de nosso sistema material aberto, e mesmo fora de todos os sistema abertos, mais simples e mais próximos, sem considerar seu grau de evolução. Nunca estando dentro destes sistemas, sempre fora do universo de cada sistema, inclusive e principalmente fora do sistema do “ser”. Dirão! Esta é uma proposição ilógica e inconsequente, mas, por séculos, buscamos o que seja o homem  dentro do homem, e a busca foi em vão! Lembra-te meu amigo pensador de que dentro do “eu” no mais profundo do homem, encontraremos a cada passo, sistemas sempre cada vez mais complexos, e sempre fechados.

Para apurar tua visão tendes que ser um “nada”! Isto sem a decantada introspecção. A questão é sair, (deixar de “ser”),  deixar de fazer parte do conjunto humano. Veja que não estou propondo o isolamento nem a introspecção, muito menos a meditação que são péssimas conselheiras! A melhor alegoria a que posso recorrer é esta que proponho adiante! Sua conceituação mais básica pode ser entendida como uma realidade, como um modelo fenomenológico real, entenda isto com uma “coisa” factível de vivenciar! Abarcando sempre a cada vez, um sistema mais complexo. Pois é assim, que somos, nós e o universo. Aquele que tem dentro de si o conceito do macro universo entende facilmente esta proposição. Nenhum efeito causal existencial tem origem no micro universo. O universo das escalas inferiores à escala humana, não afetam a psiquê humana, o “Ser” é imune e indiferente a elas. Explica-se! Um meteorito que risca o céu ao penetrar na atmosfera, ou uma pedra atirada em nossa direção nos preocupa, ativando instantaneamente nosso entendimento, mas, somos indiferentes aos prótons, nêutrons e elétrons de nossos átomos, ou mesmo indiferentes às nossas moléculas…  

Portanto, esta é a alegoria! Em ordem crescente de complexidade! Deixe de “ser” em tua sala para mentalizardes melhor tua casa, deixe de “ser”  em tua casa para melhor mentalizardes tua cidade, deixe de “ser”  em tua cidade para melhor mentalizardes teu Estado, deixe de “ser”  em teu Estado para melhor mentalizardes teu País, deixe de “ser”  em teu País para melhor mentalizardes teu planeta, deixe de “ser”  em teu planeta para melhor mentalizardes teu sistema solar,  deixe de “ser”  em teu sistema solar para melhor mentalizardes tua galáxia, deixe de “ser”  em tua galáxia para melhor mentalizardes teu universo, e dentro deste universo mentalize a si próprio. Tendes que deixar de “ser” em todos os sistemas adjacentes crescentes, para abraçardes mentalmente o sistema maior do universo que engloba o “tudo” e o “nada”, onde alí está incluso o homem como “Ser”, tendes que nele mergulhar! Pois só assim o homem consegue ter uma visão plena e global do existir dele próprio e do universo. Vendo maravilhado que o homem é um “nada” dentro desta perspectiva. Não sou reticente, nem gosto de meias verdades! Aquele que não consegue saber nem onde está, como pode saber quem ele é? Pois, como disse Ortega Y Gasset: O homem é ele e suas circunstâncias. Protágoras dizia que o homem seria a medida de todas as coisas, enquanto Hobbes achava que o homem seria o lobo do homem. Observe que cada assertiva desta possui a sua verdade. Mas, repito sempre! Nós somos o tudo e o “nada”!!!…  É disso que é feito o universo, isto é o que me diz no geral a física clássica e a quântica, e no particular a filosofia. Ora! Se a única razão existente para poder se conhecer o homem, é a própria razão do homem, e esta mesma razão jamais chegará a conhecer o homem como “Ser”! Deduz-se com toda lógica que o homem é o “nada” em todo seu absolutismo e potencialidade, e nada mais. Quando do desaparecimento do homem, (ou morte), das essências dos dois seres, isto é; do “Ser” e do “ser’, a única essência que não deixa essência é o “Ser”. Portanto, seria este o melhor candidato a ser “nada”.

Distinto José Mário Ferraz! Como já te afirmei, eu sou o “tudo” e sou o “nada”! Pois, em prosa e em versos isto eu o afirmo. E é nisso que eu creio! Observe que neste ensaio de 2002, adiante transcrito fica explícito que: Existem muitas formas de interação do macro com o micro cosmos, no ensaio abaixo escrito há mais de dez anos tive meu primeiro contato direto com o mundo das escalas liliputianas, eis o que vi e encontrei!

Transcrevo aqui, o capítulo 05 da minha Obra “Os três Insights” de 1999.

Já estamos em 2013, mas, o que são 14 anos diante da janela da eternidade?

O MICRO COSMOS                  

(As girantes argolinhas girantes)

QUARKS OU TIJOLOS FUNDAMENTAIS DA MATÉRIA!

PACOTES RETORCIDOS, FEITOS DE PACOTES RETORCIDOS QUE, SÃO FEITOS DE PACOTES RETORCIDOS, QUE, POR SUA VEZ, SÃO FEITOS DE PACOTES RETORCIDOS!!!…

No segundo “insight”, meu “eu exterior” onisciente teimava em dar respostas para as quais não havia sido emitida nenhuma pergunta! Isto me deixou sem entender “nada”! Ouvi isto, (nos “insights”, “ouvir” quer dizer “viver”), o tijolo fundamental da matéria está bem longe de ser alcançado “pela física de partículas”. Os modelos básicos da matéria são em número reduzido; suas variantes é que são em grande número. No macrocosmo eram feitas alterações de escalas; no microcosmo o que eu sentia era como se fizesse mergulhos, um de cada vez! Talvez por um condicionamento da minha mente, a cada mergulho eu descia um patamar na estrutura do microcosmo. Eis o que encontrei, ao mergulhar na intimidade do átomo: deparei-me com um sistema solar estranho; o sol central era extremamente diminuto e sem luz, com um sistema planetário maluco, com órbitas estranhas e extremamente distantes do sol central! A única regularidade que encontrei foi o tamanho dos planetas; as órbitas são elípticas e alongadas e bem próximas, vistas de fora; vistas de dentro, são, ao que me pareceu, aproximadamente circulares, ou as duas coisas ao mesmo tempo; não sei como um movimento pode ter duas formas!   Um só planeta, num só instante, percorre todas as órbitas possíveis dentro do sistema, visitando, assim, nesta fração de tempo de “um só instante”, todos os espaços contidos dentro deste micro sistema solar. O átomo em que fiz o mergulho era de um elemento com um número muito grande de elétrons, as órbitas são em número tão grande, que o átomo “visto” de fora parecia um capucho de algodão, bem alvo e esférico; não entendi por que, sendo as órbitas tão próximas, os elétrons não se chocavam! Aguardei em vão o quarto “insight” para elucidar este fato. Os átomos vistos em conjunto são enfileirados, nas mais diversas formas. Quando me aproximei de um planeta ou elétron, tive certeza! O elétron é imaterial, e tive uma surpresa: diferentemente do que esperava, ele não era esférico, mas ligeiramente alongado, com o lado mais afilado sempre voltado para o núcleo, e não é opaco; mais parece um pacotinho de luz, translúcido, formado por um número muito grande de pacotinhos de luz, “quarks“?, (acho que não; a física quântica me diz que os “quarks” só estão presentes no interior de prótons e nêutrons). Aquelas coisinhas luminescentes estavam todas alinhadas e voltadas para a ponta mais afilada do elétron. Esta imagem do elétron ficou literalmente impregnada em minha retina por quase quinze dias; cheguei a pensar que aquilo não ia desaparecer, pois para onde eu dirigia o olhar lá estava aquela imagem miudinha e linda. Ia me esquecendo, o lado ou a ponta do elétron oposta à ponta voltada para o núcleo, me pareceu ter um furo ou ser côncava. Sem nada perguntar, vi-me diante do núcleo, que me pareceu estático, duro, frio, escuro e imenso. Não compreendi como um objeto formado de estranhos pacotes de correntes retorcidas podia ser tão polido e brilhante, mesmo não possuindo nenhuma luz. Deparei-me com uma estrutura estranha, igual ao elétron, embora não o fosse. Parecia uma só entidade; decidi penetrar na zona desconhecida da intimidade da matéria; já esperava encontrar os “quarks” e espero tê-los encontrado. Só não entendi de que eram feitos os elétrons. Confesso que não sei como descrever o que encontrei; é dificílimo! Diante do núcleo não percebi a forma dos prótons, nem dos nêutrons; vi-me diante de uma imensidão de estruturas e me perguntei: é isto que é o “quark”? Quando me aproximei, tive uma grande surpresa! Ao percorrer a superfície do núcleo, vi que a entidade “quark” tinha mais de cem arrumações ou ordenamentos diferentes e era formada por um número imenso de outras entidades menores com os mesmos ordenamentos ou arrumações da entidade principal. Aí me decidi: vou dar um mergulho nesta estrutura menor. Outra surpresa! Encontrei a mesma estrutura da entidade anterior; dei novo mergulho, outro nível abaixo: a mesma estrutura em um nível inferior; dei, o que achei, seria o último mergulho: nova surpresa; mais uma estrutura menor e com a mesma estrutura, e arrumação ou ordenamento da entidade principal! Depois de descer a exatos sessenta e seis níveis, encontrando sempre uma entidade menor e com a mesma estrutura, e ordenamento, decidi examinar a estrutura das correntes de que se formavam todos os monólitos! Comecei de cima, pela primeira estrutura, e o que encontrei me deixou boquiaberto; era uma estrutura bem simples, como posso dizer! Um pacote ou monólito formado por milhares de correntes retorcidas; estas correntes têm elos com formato de anéis, são anéis, mesmo, com forma de anéis de arame transparentes, com formato sempre circular. Estas correntes têm elos com um a seis anéis; ao chegar ao nível trinta e três, encontrei uma entidade diferente. Este monólito não tinha os anéis entrelaçados; nesta entidade, os anéis eram somente justapostos, enfileirados, só giravam, mas me pareceram estáticos completamente estáticos! Ao passar para o próximo nível, notei uma nova mudança, embora os anéis continuassem sem se entrelaçar, agora já não eram mais estáticos; vibravam intensamente e pareciam eletrificados, e como no nível anterior, não eram em forma de correntes retorcidas; um nível adiante, já a forma de corrente retorcida e a estranha energia estava sempre presente. O interessante é que estes anéis nunca se tocavam; esta corrente sempre retorcida pode ser composta de uma corrente retorcida a até mais de cem correntes, e sempre retorcidas. Estes elos circulares, quando isolados, têm a forma de pequenas moedas ou lantejoulas furadas e que, ao se aproximarem de outras moedas, imediatamente se entrelaçavam com as outras moedas e, automaticamente, tomavam a forma de anéis, formando correntes sempre retorcidas com vários números de correntes. A alteração na estrutura das correntes era ao nível da estrutura dos elos ou voltas. Na realidade, são estas voltas menores contidas nas voltas maiores que possuem voltas menores ainda e que possuem voltas ainda menores que, ao que me pareceu, decrescem sempre, fundamentando sua estrutura sempre nas voltas ou elos, ou anéis; desviei minha atenção para a estrutura destes anéis e entendi que esta estranha estrutura era formada literalmente de “nada”, isto mesmo: de coisa nenhuma! ,Dentro dos anéis não encontrei “nada”; nem partículas, nem energia, nem “nada”; só movimento. Todas giravam em altíssimas velocidades; não sei como “nada” pode ter movimento; a razão me diz  que não existe o “nada” pois se existir passa a ser  algo, assim o “nada” seria uma essência e não a não existência ou não essência! E isto é uma incoerência! Mas era isto mesmo; pareceram-me feitas de “nada”! Todas giravam; “nada” podia interferir no estado das moedinhas furadas; só outras moedinhas, pois quando se aproximavam imediatamente se entrelaçavam já no formato de anéis; se os anéis formam as correntes que formam os monólitos que formam os “quarks” que formam os prótons, nêutrons e elétrons que formam os átomos que formam as moléculas que formam a matéria de que somos constituídos e se estes anéis são formados de “nada”, há de se deduzir e convir! Simplesmente nós não existimos! Isto mesmo! Não existimos. Quando estava no meio dos mergulhos, subitamente as estruturas mudaram; pareceu-me que eu tinha mudado de uma estrutura morta para outra viva. As estruturas anteriores eram estáticas, paradas; só os movimentos circulares dos anéis se faziam notar! Nas novas estruturas havia algo como uma energia percorrendo toda a extensão dos minúsculos monólitos; pareceu-me que eu tinha passado de uma estrutura sem carga elétrica, neutra, morta, para outra eletricamente carregada, viva. Os pequenos anéis que formavam as correntes tornaram-se mais visíveis e alternaram os sentidos de seus movimentos; agora, cada elo tinha o movimento num sentido: um era destrógiro; o próximo sinistrógiro; o outro destrógiro; o próximo sinistrógiro, e, assim, indefinidamente! Ao pensar o porquê dessa alternância, esta certeza se apossou de mim! (Esta alternância é o que os físicos chamam de violação de CP, é o ato causador dessa violação, que é a base do existir do Universo, e ainda me disse! Esqueça os espelhos), quando ouvi isto fiquei sem entender “nada”! Só mais tarde pesquisando e procurando melhorar meu conhecimento na área da física de partículas passei a entender esta proposição, no momento, era pra mim sem nenhum sentido. Só no terceiro “insight“ pude entender que esta alternância é que dá origem a força forte, fazendo frente ao poder destruidor das antipartículas, elas não deixaram de existir no Universo, somente deixaram de ser detectáveis pelas partículas e convivem dentro das próprias partículas. Sem que eu perguntasse, ainda disse, que a fissão era a quebra parcial dessa e a fusão era a quebra total dessa alternância, e mais, que sem a presença das antipartículas não era possível nem a fissão nem a fusão. Quando terminei o mergulho tive quase a certeza de que tinha saído de um nêutron e penetrado num próton. Isto é tudo o que entendi da estrutura maravilhosa e multidimensional dos “quarks”. Se é que podemos chamar estas estruturas de quarks.  Há uma maneira mais fácil de descrever os “quarks”! Imagine um “quark”  como um monólito principal formado por cem milhões de monólitos menores com formato de pacotes de correntes retorcidas, sendo cada monólito menor formado por cem milhões de monólitos menores com formato de pacotes de correntes retorcidas (cem milhões, aqui, é somente um número como outro qualquer). Sendo estes monólitos menores também formados por cem milhões de monólitos menores com formato de pacotes de correntes retorcidas, e, assim, sucessivamente e indefinidamente (isto é o que me pareceu!), e olhe que desci a mais de sessenta níveis e desisti, retornando ao monólito principal. Depois, analisando o ocorrido, não entendi como é que, ao descer ao nível mais baixo, vi-me de súbito no patamar superior. Talvez tivesse ido ao fundo e retornado de patamar em patamar, pensando que estava descendo sempre, quando, na realidade, fui ao patamar mais interior de um nêutron e retornei gradativamente num próton ao patamar exterior. Confesso que não sei; é extremamente difícil perceber a realidade quando se faz uma incursão desta natureza. Espero que tenha ficado explicitado que estes mergulhos foram feitos: ao que me pareceu, na estrutura de um único “quark”, embora eu tenha percorrido toda a complexidade da estrutura do núcleo, e, assim com a minha pequenez humana, fiz uma singela incursão, inesquecível, inacreditável e indescritível aos confins do “nada” e ao início de tudo.

Itacaré, Bahia, junho de 2002

Fim da transcrição do ensaio de 2002

Voltemos a nossa análise do oposto ao tudo, que é nominado de “nada”. O conceito de “nada” é de difícil compreensão por uma mente ou enteléquia, mesmo com grande poder de análise dedutiva, se bem analisada a proposição do ente “nada” leva-nos a conceber um vazio absoluto, o que nem a física quântica ousa propor, com a nova teoria das cordas cósmicas, chegamos ao mais profundo espaço do micro cosmos. Neste mundo das “cosmic strings” o conceito de tecido do espaço é o resultado do entrelace das cordas no espaço de Calabi-Yau, a coisa é proposta de forma muito clara, não havendo espaço vazio nem no interior das sub-partículas atômicas, nem no interior de “tudo”, “tudo” absolutamente “tudo”, inclusive o espaço sideral é preenchido pelas cordas, a escala de 10-33 onde permeiam as cordas cósmicas é tão diminuta que um físico inteligente, nos propõe imaginarmos um átomo com a dimensão do universo na escala de 1028 ou seja, com a dimensão de 13,81 bilhões de anos luz de raio, neste átomo universo veríamos uma corda com a dimensão de 10 metros de altura e 10 metros de copa, uma árvore, ou corda colada uma na outra. Portanto, se na escala do espaço de Calabi-Yau não há espaço vazio! Muito menos na escala de 101 que éa escalado universo onde vivemos.

O que nos leva à conclusão de que não existe vazio no universo, e claramente deduzimos que não existe o “nada” absoluto no universo.

O “nada” não pode ser concebido nem mesmo filosoficamente, pois, ao concebê-lo já criamos “algo”, e de forma alguma, este “algo” pode representar o “nada”, o “nihill”, por ser “nada” este “nada” a priori e necessariamente não pode ser representado por algo concebível e estruturado pela razão humana.

Voltando ao “nosce te ipsum”, ao autoconhecimento infinito proposto por Jiddu Krishnamurti: que nos diz no seu livro: A Primeira e Última Liberdade. – Quanto mais uma pessoa se conhece, tanto mais clareza existe. O autoconhecimento é infinito; nunca se chega a um remate, nunca se chega a uma conclusão. É um rio sem fim. Estudando-o e penetrando-o mais e mais, encontramos a paz. Só quando a mente está tranquila – em virtude do autoconhecimento e não da autodisciplina – só então, nessa tranquilidade, nesse silêncio, pode manifestar-se a realidade.

– Creio que ao se alcançar esta realidade última proposta por Krishnamurti, aí então, de posse desta realidade veríamos a impossibilidade da existência do “nada”.

Estes raciocínios liquidam e sepultam definitivamente a possibilidade de concebermos ou demonstrarmos o conceito de “nada”.

Dentro da filosofia definitivamente, o único local onde seria factível de existir o “nada”, seria dentro da vontade e da intelecção humana, então, obviamente que como conceito, e este conceito só pode ser apreendido dentro do intelecto humano como uma abstração, no entanto, sendo naturalmente de impossível demonstração e comprovação. Creio que ficou assente que o “nada” não existe como ente, e de que o melhor candidato à “nada”, seria o “Ser”. Embora nada tenha ficado provado, pois, tudo, absolutamente tudo do “nada’ é de impossível comprovação.

Veja meu distinto pensador, o que me veio à mente, no distante ano de 1999.  Uma das razões em função de que: Não abro mão de ser um “nada”. Isto para um melhor entendimento do por que da minha proposição do meu niilismo com “Ser”, sendo que, naturalmente este niilismo não é o meu caminho filosófico!

Transcrevo aqui, para finalizar, um pequeno trecho do Capítulo 20 da minha Obra “Os três Insights” de 1999

– A aplicação dos princípios bayesianos no estudo do comportamento humano, em se tratando de grandes massas ou sociedades humanas, torna tudo muito previsível, extremamente previsível. Este remate só contém fatos comuns, e declarações comuns, e do conhecimento de todos; o que fiz foi somente uma rememoração destes fatos, um reavivamento; isto mesmo, um reavivamento da memória. É um paradoxo: quanto mais aprendo, menos sei! Novamente enfrento outra dura constatação: nada sou, agora, sim, mais sei que nada sou. Sou um montão de argolinhas girantes; é só isto que sou. Um nada. Nem um. Sou simplesmente nada. Nada, absolutamente nada. Agora posso contestar físicos e filósofos; o nada existe! Sou eu.

Itacaré – Bahia, verão de 1999

 

Pois, pois, meu amigo e mestre, José Mário Ferraz; estas destoadas e parvas elucubrações foi o que saiu da minha “ainda” assustada e insignificante mente, sobre esta antientidade chamada por todos de “nada”. Entenda que o “assustada” é por conta da nova sapiência da manada que aos poucos vai acordando… E ao que parece aos poucos vai se descolando da burrice, que é própria da manada. Creio que a burrice seja a mais antiga companheira do homem, e de que seja feita de araldite, pois, não descola do “Ser” de sua preferência…

 

Em forma de carta aberta ao dono do “Blog do Zé Pensador”.

Vitória da Conquista, 20 de julho de 2013

Edimilson Santos Silva Movér – 77-9109 3736