Artigo: SONHANDO COM OBRAS E UMA SOCIEDADE POSSÍVEL.

 

 

Afranio 1

 

Ando convencido que ainda é possível termos uma sociedade e um governo que seja possível, que não minta ao povo, que não prometa o que não pode fazer. Também ando cada vez mais convencido que nos últimos anos, a lei do Gerson (gosto de levar vantagem em tudo) é cada vez mais real. Ouve uma época em que os brasileiros eram considerados desesperados, os jovens dos anos 70, sonhadores com uma sociedade mais justa e fraterna, com o pleno desenvolvimento do País, hoje sessentões, jamais poderiam ao menos pensar que viveríamos uma época de tanto desmandos, de tantas falsas promessas.

Estive andando pelas ruas e praças de nossa cidade e fiquei triste com o estado deplorável de quase todas elas, exceção Praça Tancredo Neves – que, aliás, também anda muito descuidada. As praças Gerson Sales, Desembargador Mármore Neto, Nossa Senhora dos Verdes, Sá Barreto etc, não possui nenhum gramado, e o pior à noite serve de ponto para viciados em drogas. O que será que anda acontecendo com a nossa administração pública? O nosso aeroporto que era “promessa” certa de que iria funcionar já não dispõe mais de verbas para a construção do terminal de passageiros, pois dos R$45 milhões, somente foi disponibilizado a importância de R$25 milhões. Essa verba era do PAC, e não vem mais. O Brasil está literalmente quebrado. Mais de 12 milhões de brasileiros com qualificação desempregados. Pessoas passando fome, a economia estagnada fruto da recessão, e dias piores estão por vir. Recentemente tive uma conversa rápida com o meu querido e dileto amigo José Maria Caires que estava eufórico com a conclusão das obras do aeroporto regional de Vitória da Conquista. Agora só procurando ele para conversamos sobre o assunto. Com relação às praças que mencionei no inicio, creio que se a PMVC tiver um pouco de piedade, isso mesmo, PIEDADE poderá revitalizar nossas praças para que as famílias possam frequentá-las. A intensidade passional que tanto admiramos, de Sófocles a Shakespeare, ou até Ibsen, só é possível com um mínimo de cobrança da população e de maneira pública. Os da minha idade eram desesperados sim, mas desesperados por um Brasil melhor e livre, não este Brasil de maracutaias, que se não fosse a atuação do Digno e Honrado Magistrado Aldo Moro, e do STF, no dizer popular estaríamos “num mato sem cachorro”. Não posso imaginar que a minha lucidez não me permita visualizar o possível para a nossa cidade. Será que o poder público municipal é tão insensível a tal ponto que não dê ouvidos aos reclames da população.

O desgoverno está de tal modo inaceitável, que até mesmo vacina contra a gripe H1N1 falta, isso sem contar a falta de vagas nos hospitais públicos. Há sim, não se pode deixar de falar no alto custo que a população está pagando, com a manutenção de um presídio que já está pronto, e que não possui nenhum detendo. Assim quero sonhar com estrelas cadentes ou não, e escutar música da terra para ver até onde chega uma sociedade possível e um governo que atenda os reclames da população, afinal Vitória da Conquista é a 3ª cidade mais populosa da Bahia, e a mais desprestigiada com obras públicas de vulto.

 

Afranio Garcez, é advogado e escritor sazonal.