Artigo: UMA QUESTÃO DE PREFERÊNCIA – “Quanto vale e quanto pesa, o preço de uma aliança”.

ANIVERSÁRIO BRUMADO E ALAB 153[1]

Contava sempre com a esposa que o incentivava e o acompanhava na sua trajetória política. Firme e decidida, em última análise, era quem dava as cartas, ou seja, era quem realmente mandava. O marido dependente aprovava todas as decisões da mulher, politicamente exigente, mandona, como ele a definia.

Por interesse, o prefeito sempre esteve ao lado do governador ao qual acompanhava obtendo as benesses do poder.  Como quase todo candidato, dividia com parentes, amigos e correligionários, (sem se importar com o nepotismo) cargos e outras vantagens direcionadas.

Elegeu-se vereador por várias legislaturas galgando a Presidência da Casa por mais de uma vez. Finalmente, candidatou-se a prefeito, sendo eleito nessa condição por três vezes. Dizem que ao lado de determinados homens há sempre uma mulher para respaldá-lo, desde que sua ambição não seja aviltada.

Prestigiado, com a orientação que recebia dos aduladores que usufruíam do poder. Tirava proveitos do cargo mantendo-se no poder, promovendo os amigos subservientes e não desprezando os inimigos, uma tática infalível que o manteve imbatível por longo tempo.

Por trás disso estava a mulher, sempre presente como o maior símbolo dessas vitórias alcançadas pelo alcaide. A esposa tinha cargo importante, remunerado, que a destacava como pessoa influente, cujas decisões eram acolhidas pelo marido.  Ela intervinha em todos os outros cargos que achasse conveniente e necessário para atender seus interesses, desrespeitando qualquer liturgia da autoridade competente.

Note-se que a esposa do gestor reunia em si muito mais poderes que o próprio, o qual se limitava a obedecer ao que fosse decidido por ela, tirando-lhe a autoridade de mandatário municipal.

O povo, cansado do autoritarismo do casal que se achava os donos do poder, pelo método empregado de conduzir o processo governamental e  em consonância com a Constituição que reza: “TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME SERÁ EXERCIDO” mudou o esquema político elegendo outro candidato.

O prefeito anterior, sentindo-se desprestigiado pela perda das eleições, decidiu ir para a fazenda. Aborrecido com os acontecimentos, por se achar imbatível, convidou a companheira a segui-lo deixando os filhos para administrar os negócios da família – todos adquiridos no período do mandato.

Recebeu uma negativa da mulher, alegando não gostar da roça, pois, tinha predileção pela política, ou melhor, pelo poder e iria lutar por esse objetivo.

Por inexperiência da administração pública, o neófito titular da prefeitura, viu na mulher do oponente político, não confundir com inimigo, competência e qualidades para tocar o seu projeto de renovação, para tanto, contava com

essa pessoa que teve passagem por diversos cargos e autoridade de comando. Convidou-a, dando-lhe carta branca para agir dentro das pretensões do novo comando, que por entendimentos, fora aceito.

Diante do ocorrido o esposo sentiu-se abandonado e permaneceu isolado na fazenda.  A mulher preferiu as benesses do poder e, consequentemente, da política em detrimento das intenções do marido recusando-se a segui-lo para morar na zona rural.  Por ambição, ainda que o convite partisse de um adversário, tomou a iniciativa, por alvedrio, de continuar decidindo e continuar no controle do comando. Isto é no poder.

Na vida tudo é uma questão de oportunidades, desejos, preferências e vocação.   A obstinação pelo poder pode ditar a regra do jogo, por conseguinte, a senhora do ex-prefeito não demonstrou nenhuma afinidade com a zona rurícola, valorizando a cidade em desfavor da fazenda, lugar que não gostava, descartando a hipótese de aí viver com o marido.

Dessa forma, a convivência de anos foi afetada pela vocação da mulher, e, não se entenderam quanto ao modelo de vida escolhido pelo marido e cada um ficou em seu canto, reservado o direito de se respeitarem.

Em tudo na vida há um preço a se pagar pelas decisões tomadas.

Pensamento de Mahatma Gandhi: “A minha ambição é tão alta que por ela vale a pena viver e a pena morrer”.

Antonio Novais Torres

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Brumado em 19/8/2010.

Revisado