Banco do Nordeste oferta mais crédito para microempreendedores baianos

 

Em entrevista ao CORREIO, o presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim, comenta as expectativas para o cenário de retomada da economia

No período em que o maior programa de microcrédito  orientado da América Latina completa 20 anos, o Crediamigo alcança a marca de R$ 54,5 bilhões de recursos concedidos a micro e pequenos empreendedores, sejam eles formalizados ou não. Só na Bahia, foram destinados ao longo deste tempo R$ 6,8 bilhões – 12,4% do montante regional.

E a Bahia é um estado estratégico para o Banco do Nordeste (BNB). Em entrevista ao CORREIO, o presidente da instituição financeira, Romildo Rolim, comenta as expectativas para o cenário de retomada da economia e aborda também o crescimento da carteira de crédito destinada aos microempreendedores baianos este ano.

“O Crediamigo é aquele programa de microfinanças urbano que a gente financia o empreendedor formal e informal. É o pequeno ambulante, o pequeno armarinho. São várias atividades menores. O tíquete médio desse empréstimo é de  R$ 1, 5 mil. De R$ 10 bilhões que tínhamos disponíveis no ano passado para todo o  Nordeste, fizemos R$ 8 bilhões. Foram quase 4,5 milhões de operações”, destaca Rolim.

Para a Bahia, os recursos disponíveis pularam de R$ 1,5 bilhão para R$ 1,8 bilhão. “Com o acréscimo existe uma perspectiva de crescimento no programa para o estado em torno de 10%”, acrescenta.

A Bahia é um dos estados de interesse para expansão do programa Crediamigo. Somente nos primeiros três meses deste ano, os baianos contrataram 107.541 mil operações, o que representa  R$ 227,3 milhões, com crescimento em torno de 11,45% no volume de contratações, em comparação ao primeiro trimestre de 2017.

“Isso é realmente um crédito desburocratizado.  É um crédito pequeno, mas que nos pequenos negócios e nos informais  dá oportunidade de capital de giro e investimento para suprir as necessidades daquele empreendedor”.

O que levou o Banco do Nordeste a aumentar a oferta de crédito para os micro e pequenos empresários? É no empreendedorismo que está a força da retomada da economia? 
O Crediamigo é um programa exitoso. O prazo médio é de 120 dias e aí o cliente vai e renova, aumentando até de faixa de crédito. A inadimplência é muito baixa, em torno de 1%.  É uma oportunidade para o microempreendedor formal ou informal, os pequenos negócios. Existe uma maior credibilidade do empresário e do empreendedor em fazer seu investimento e isso a gente vai percebendo desde  setembro. O ano é promissor, as taxas de juros diminuíram. Nós estamos sentindo uma confiança maior com o aumento da demanda por crédito. Então, todas essas variáveis estimulam o nosso otimismo para aplicar os recursos em 2018.

Em termos de custo do financiamento, o Crediamigo tem uma das menores taxas do mercado, a partir de 1,08% ao mês. A linha de crédito vai continuar seguindo o comportamento de queda da Selic (taxa básica de juros)? 
No Crediamigo, nós fazemos sempre as alterações nas taxas de juros, acompanhando o custo de captação. Se a Selic diminui, nós fazemos este mesmo movimento também nas nossas taxas da microfinanças. Os juros estão vigentes desde janeiro. Até a próxima queda da taxa básica, o banco deve manter o que já está em vigor, mas deve acompanhar sim, novas reduções.

O Banco atua ainda com oferta de crédito em outros setores produtivos. No geral, qual a parcela destes re cursos que devem ser direcionados para a Bahia?
Para 2018, o orçamento global do Banco do Nordeste é de R$ 40 bilhões, sendo R$ 30 bilhões do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e R$ 10 bilhões do programa de microfinanças urbanas. Aí nós estamos com toda rede de agências trabalhando desde o dia 2 de janeiro nas metas que foram traçadas no planejamento estratégico do final do ano passado. Na Bahia, aplicamos no ano passado, ao todo, R$ 5,6 bilhões. Desses, R$ 4,3 bilhões foram recursos do FNE. Outra questão muito forte na Bahia além do empreendedorismo é o agronegócio. Muito do investimento é puxado por este setor, principalmente ali no cerrado, na área de Luís Eduardo Magalhães e Barreiras. Este ano, o orçamento global para o estado está quase  R$ 1 bilhão maior, com um volume de recursos disponíveis em torno de R$ 6,5 bilhões.

O senhor destacou na resposta anterior, a importância do agronegócio baiano para o banco. No final desse mês, o município de Luís Eduardo Magalhães recebe mais uma edição da Bahia Farm Show. O banco deve levar alguma novidade para o evento?
Nós estaremos presentes. O orçamento do FNE para o ano de 2018  na Bahia é R$ 4,3 bilhões. Algo em torno de R$ 1,2 bilhão é o nosso orçamento destinado para o agronegócio. Já estamos com limites sendo renovados. Os processos de custeios e pareceres técnicos também estão sendo todos preparados para que na própria feira se tenha um processo de crédito bastante avançado.

Há  algum tipo de expectativa na redução das taxas de juros para o agronegócio?
A nova redução das taxas de juros do agronegócio está prevista para julho. Estamos trabalhando nas mudanças até este período, quando as operações serão contratadas até que o governo federal  lance o novo Plano Safra.

Uma das áreas mais promissoras para a economia baiana está nas energias renováveis. Existe alguma estratégia para o banco atuar no setor? 
No ano de 2018, dentro dos R$ 30 bilhões para todos os estados, R$ 15,5 bilhões já  contemplam uma programação reservada para projetos de infraestrutura, sobretudo de energia eólica e solar. A Bahia está bastante forte, bastante demandadora de crédito este ano.

Há outros projetos financiados em infraestrutura?
Outro ponto forte na Bahia  é na modernização do aeroporto de Salvador. Para o estado, só em infraestrutura também temos projetos de outros clientes como a Coelba (R$ 1,1 bilhão), Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa)( R$ 800 milhões) e mais os fotovoltaicos, sobretudo, nas regiões de Juazeiro e Bom Jesus da Lapa (algo em torno de R$ 500 milhões).

Diante deste cenário, de que maneira o Banco do Nordeste está fomentando a contratação de crédito e o estímulo aos novos investimentos?
A nossa totalidade da aplicação de recursos é muito maior do que foi em 2017. Em 2018, temos um orçamento bem maior e a nossa expectativa é fazê-lo todo.  Isso tudo tem haver com essa retomada, expectativa positiva, redução da taxa de juros, maior confiança do empreendedor, um ano mais promissor e assim a gente consegue fazer o nosso papel.
Qual seria então o papel do banco público na atração destes novos investimentos, sem que os governos tenham que abrir tantas concessões fiscais?
A atração de investimento que nos cabe, olhando como banco e pessoa jurídica tem como principal instrumento o FNE, porque ele é quem promove realmente a redução de desigualdades. Então, as taxas de juros competitivas em comparação com outras que estão sendo oferecidas pelo mercado fomentam a atração destes investimentos. Logicamente, há empresários que olham para a maximização dos seus resultados. Mas por outro lado, eles oferecem benefícios para a economia local, oportunidade de emprego e renda, melhoram a cadeia produtiva.  Em termos de banco, voltamos a oferta mais competitiva de taxas e prazos.

Como fica também a função do banco no equilíbrio das taxas de juros para que o cenário econômico possa, de fato, dar mais segurança ao investidor?
Quando existe a queda das taxas, isso traz mais confiança. A decisão de investir ou aumentar a produção depende disso. Quando as taxas de juros são realmente menores e cabem no fluxo de caixa do empreendedor e dá para remunerar tanto seus fatores de produção como cumprir com o pagamento do financiamento e ter resultado, as decisões fluem mais rápido.  O papel de um banco público como o Banco do Nordeste é importante. O banco segue a redução da taxa de juros e converte isso em produtos com taxas mais competitivas. Fonte Correios