Delação da Odebrecht pára Congresso e bancada baiana

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasília está paralisada à espera da delação dos executivos da Odebrecht. E a bancada baiana também. Apesar de o governo estar conseguindo manter o ritmo de votação de medidas importantes, como a PEC do Teto, aprovada em segundo turno, esta semana, na Câmara dos Deputados, o clima entre deputados e senadores é o pior possível, relata a este Política Livre um deputado baiano.

Segundo ele, nenhuma conversa se aprofunda, nenhum acordo político para o futuro prospera enquanto não se sabe quem pode ser pego por alguma delação e virtualmente acusado, julgado, condenado ou preso pela Força Tarefa da Lava Jato, que investiga o esquema de desvio de recursos da Petrobras e avançou sobre as empreiteiras do país que contratavam com a estatal.

O maior temor dos parlamentares é que os investigadores misturem o dinheiro de caixa 2, não contabilizado, sobre o qual não se paga imposto, normalmente transferido por empresas a políticos para financiamento de campanha, com recursos provenientes de propinas, decorrentes de esquemas como o do petrolão, em que obras eram superfaturadas e o pagamento excedente delas depois repartido entre empresários e políticos.

De certo, hoje, conta ele, apenas a idéia de que sairão todos enlameados, uma vez que, para a opinião pública, todo mundo, tanto os que receberam recursos de caixa 2 quanto os que participaram dos esquemas de corrupção, tende a ser visto como corrupto. O fato de a Odebrecht ser uma empresa baiana, com relações com vários políticos locais, só aumenta o medo de vários membros da bancada estadual.

Uma parte deles conhece os executivos da empresa, convivia com eles socialmente e se beneficiava do conhecimento pessoal para pedir apoio para campanhas nos períodos eleitorais. Com as características que muitos acusam de “totalizadoras” da Lava Jato, já não sabem se, para se livrar da prisão ou da condenação, os executivos não podem, inclusive, acusar alguns deles apenas para se ver livres das garras da Força Tarefa.

“Tudo pode acontecer. Na verdade, ninguém sabe como vai sair desta verdadeira guerra que se transformou Brasília”, afirma outro parlamentar ao Política Livre, acrescentando que o nível de nervosismo de parlamentares e ministros é algo que nunca tinha presenciado em toda a sua vida, apesar de anos de convivência no Parlamento.