Meio Ambiente: “Estão utilizando máquinas pesadas e retirando a vegetação nativa”, denuncia secretária

“A sua diversidade de fauna e flora, e os recursos naturais, estão sendo ameaçados”, afirma a secretária.

O argumento central do governo para remover pessoas que ocuparam uma área de terra localizada no Bairro Cidade Maravilhosa foi o status de “área de preservação ambiental” conferido aos 1.300 hectares que integram o Parque Municipal Serra do Piripiri. A decisão política do governo de preservação da área para fins estritamente ambientais, com a ação derrubada de barracos de lonas, foi alvo de debates e muita polêmica em Vitória da Conquista. O assunto ganhou repercussão nacional, tendo sido objeto de discussão na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal.

A secretária municipal de Meio Ambiente, Luzia Vieira, lamenta que a serra ainda seja objeto de especulação e que ações de ocupação continuem ocorrendo. “É uma unidade de conservação protegida por leis ambientais. A sua diversidade de fauna e flora, e os recursos naturais, estão sendo ameaçados devido a essas invasões. Uma parte da serra já está desprotegida. Então, se ocorrem essas invasões, o que nós temos de vegetal é retirado, o material fica todo solto. E esse material é todo percolado, lixiviado para o centro da cidade”, acrescenta Luzia.

Luzia Vieira afirma que tem sido recorrente a utilização de máquinas pesadas para retirada da vegetação nativa nesses processos de ocupação, o que facilita a remoção do solo pelas águas da chuva. “Além disso, a serra possui vários mananciais e olhos d’água que são importantes para a manutenção das bacias hidrográficas do Rio Pardo e do Rio Catolé. Esses olhos d’água, sendo aterrados, com certeza vão desaparecer”.

Com a falta de vegetação, o “material” que é levado pela chuva para o centro da cidade, como explica Luzia, não envolve apenas a terra fina, solta do solo. Envolve ainda cascalho, pedras e tudo o mais que as enxurradas conseguirem levar da serra para as áreas urbanas situadas em locais de menor altitude. “A água, nas chuvas, aumenta bastante e pode causar transtornos e inundações”, explica Luzia.

Os processos de “lixiviação” e “percolação”, mencionados pela secretária, referem-se à perda de nutrientes do solo, extraídos pela chuva que passa por ele em grande volume e em alta velocidade – consequências da retirada da vegetação, que é a etapa inicial de qualquer processo de ocupação em áreas ambientais.F. diario de Conquista