Sobrenome Vieira Lima assombra aliança de Neto; desfecho depende do futuro de Lúcio

por Bruno Luiz / Fernando Duarte –

 Geddel para Neto: antes, aliado; hoje, preterido | Foto: Max Haack/ Divulgação

O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), está enfrentado um dilema na montagem da chapa majoritária de sua possível candidatura ao governo do Estado nas eleições deste ano. Importante no grupo por fatores como tempo de televisão e estrutura partidária, o PMDB está dando dor de cabeça ao democrata nas articulações engendradas para fechar os nomes que marcharão com ele no pleito. De acordo com informações obtidas pelo Bahia Notícias, aliados começam a pressionar Neto para que o inquilino do Palácio Thomé de Souza não tenha a sigla na chapa por causa da situação dos irmãos Vieira Lima, cujas imagens estão muito atreladas ao partido. Por outro lado, o próprio prefeito se preocupa com a possibilidade de ter na chapa a agremiação, comandada por muito tempo no estado pelo homem do bunker de R$ 51 milhões, o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Com a certeza de que a ligação entre Neto, Geddel e o PMDB será explorada pelo grupo do governador Rui Costa, o prefeito de Salvador quer encontrar um jeito de não deixar a má fama do ex-ministro resvalar na sua imagem. “Ele não vai querer passar a eleição explicando porque está ao lado do partido de Geddel e Lúcio”, comentou um deputado do grupo de Neto, que preferiu não se identificar.  E, segundo o apurado pela reportagem, as movimentações para resolver essa quebra-cabeça já começaram. O objetivo principal é acabar com qualquer resquício de vínculo dos Vieira Lima com o partido. Neste sentido, segundo algumas fontes ouvidas pelo BN, as articulações passariam por retirar o comando da sigla do deputado estadual Pedro Tavares, cria política dos irmãos. As negociações teriam até a participação do próprio Neto, que estaria com interesse de entregar a legenda a alguém de sua confiança, como o vice-prefeito Bruno Reis. No entanto, outros nomes consultados pela reportagem dizem justamente o contrário. Ninguém dentro do PMDB atualmente estaria disposto a assumir o partido enquanto a agremiação ainda abrigar Lúcio, denunciado pelo Ministério Público Federal no caso do bunker, e também candidato a reeleição para deputado federal. Fora do partido, Neto também não está disposto a escorregar nesta casca de banana. Há, ainda, no ninho peemedebista, uma divisão sobre se o comando do partido realmente deveria ser entregue a outra pessoa. Segundo avaliação de um peemedebista ouvido pela reportagem, o impasse só será resolvido quando o Conselho de Ética julgar o processo contra Lúcio por quebra de decoro parlamentar. Em Brasília, acredita-se que este deve ser o primeiro caso sobre o qual o colegiado vai se debruçar com o fim do recesso. E, por lá, cresceu o sentimento de que, caso o processo chegue ao plenário da Câmara, o deputado fatalmente terá o mandato cassado. Com isso, ele não poderia concorrer à reeleição. Além disso, perderia o foro privilegiado, agravando ainda mais sua situação na Justiça. Caso este cenário se concretize, estaria aí a oportunidade perfeita para retirar o PMDB, de vez, das mãos dos Vieira Lima. No entanto, se o Conselho de Ética resolver manter o mandato do deputado, o partido precisará encontrar outra forma de solucionar a equação. O certo é que, por enquanto, apesar de negarem publicamente, a situação na sigla não é tão tranquila. Alguns deputados manifestam preocupação com o cenário e há até quem esteja pensando em abandonar o barco, caso de Luciano Simões Filho, que, apesar negar estar negociando qualquer desfiliação, também não descarta ir para outro ninho político. Mesmo longe dos seus dias de glória, os irmãos parecem ter se tornado fantasmas na vida de ACM Neto.