Torcedores de todas partes do mundo festejam com sul-africanos

África do Sul é tomada pelo clima de Copa do Mundo

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Brasileiro mostra sua competência na vuvuzela (crédito: Felipe Peretti)

TFelipe Peretti – África do Sul

A Copa do Mundo começou um dia antes do programado. A “fan fest” na Cidade do Cabo e o show oficial de abertura em Johanesburgo, ambos organizados pela Fifa, mostraram ao mundo que a África do Sul já vive o clima da Copa do Mundo.

As festividades começaram às 13h50 (6h50 no horário de Brasília) na Cidade do Cabo. No palco montado em Grand Parade, histórico local onde Nelson Mandela discursou pela primeira vez após 27 anos de prisão, 18 atrações – a maioria local – se revezaram no palco cercado pela Montanha da Mesa, cartão postal do município.

Música eletrônica, rock, pop e ritmos africanos embalaram o dia. A grande estrela foi o cantor norte-americano de R&B R. Kelly, famoso pela canção “I believe I can fly” e que fez muito dos sulafricanos e estrangeiros presentes se emocionarem.

Suíços, alemães, holandeses, sul-coreanos, norte-americanos, franceses, uruguaios, mexicanos, camaroneses estavam presentes, mas os brasileiros roubaram a cena pelas inúmeras bandeiras e por serem uma atração à parte. Grupos de brasileiros sempre estavam cercados principalmente de sulafricanos em busca de uma foto. “Estamos em 13, divididos em três trailers e paramos em uma zona de camping a uns três quilômetros daqui da fan fest. Paramos e vieram quatro policiais e começaram a conversar com a gente. Até que um deles perguntou para onde estávamos indo. Na hora, os quatro policiais disseram: A gente leva vocês”, contou o advogado Pedro Chueri, de 29 anos.

A gerente de casa de câmbio Juliana Magalhães, de 27 anos, também estava com amigos e curtiu parte da “fan fest” brincando com duas crianças sulafricanas. “Na questão de conforto, simpatia, a África tem tudo para comportar, receber a Copa do Mundo. A África é tudo de bom!”, disse Juliana.

A festa na Cidade do Cabo durou até a meia-noite e todos que ficaram até o fim puderam voltar para casa de tranporte público, uma vez que os ônibus, trens e vans atuarão em horários especiais durante o Mundial.

Um único problema foi enfrentado. Como o local suporta 25 mil pessoas, que não precisaram pagar nada para entrar, muitas ficaram do lado de fora, onde uma pequena confusão deixou três feridos, um deles policial.

Nada que manchasse a festa que durou até a meia-noite e que nem deu espaço no grande telão para o show de abertura oficial em Soweto, subúrbio de Johanseburgo.

Mensagem social
A festa no estádio Orlando contou com 36 mil pessoas e muitas personalidades, incluindo os presidentes da África do Sul, Jacob Zuma, e da Fifa, Joseph Blatter. O grande enredo foi a educação mundial e o continente africano como berço da humanidade.

“Estou muito feliz em estar aqui. O futebol conecta os povos. A meta de toda essa festa é a educação para todos”, discursou Blatter logo no início.

Zuma preferiu destacar a capacidade do continente em sediar um grande evento como a Copa do Mundo antes de dar lugar a banda norte-americana Black Eyed Peas.

thumb_africa_do_sul_e_tomada_pelo_clima_de_copa_do_mundo_1162010-8395-1Outras atrações musicais se seguiram, sempre intermediadas por mensagens sociais, principalmente com o lema “Um gol. Educação para todos”. Na sequência, a festa contou com as músicas de Amadou & Mariam (Mali), Juanes (Colômbia), Alicia Keys (Estados Unidos), K’Naan (Somália) e Shakira (Colômbia).

No meio de tantas estrelas, o arcebispo Desmond Tutu roubou a cena pela espontaneidade. A agitação do premio Nobel da Paz de 1984 só foi contida quando fez questão de citar Nelson Mandela. “Não podemos esquecer do grande responsável por tudo isso. Estamos em Soweto e ele, em Johanesburgo. Mas se gritarmos, ele vai nos escutar: – Mandela! Viva, Madiba”, gritou Tutu, acompanhado por toda a multidão e por um vídeo em homenagem ao grande expoente da luta contra o apartheid e ex-presidente do país.

No final, o chefe executivo do Comitê Organizador Local também ressaltou a importância de Nelson Mandela. Já o secretário geral da Fifa, Jerome Valcke, preferiu destacar a competição e o país-sede: “Agora estamos esperando pelos Bafana Bafana. Há apenas um troféu, haverá um campeão no dia 11 de julho. Quem será o campeão? Boa sorte aos Bafana Bafana”.