DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR Nº 6 O SER E O EXISTIR – CAPÍTULO 24 A PRIMEIRA FAMÍLIA 785 MIL ANOS (AC.) A MARCAÇÃO DO TERRITÓRIO DO NOSSO AVÔ ARRG Da série: imaginando o passado: (Ficção)

phpThumb_generated_thumbnailjpgCAULOV70 Há 785 mil anos um hominídeo corpulento sempre acordava mais cedo que os demais, iniciando sua ronda diária para cumprir uma tarefa instintiva, que era percorrer e marcar com urina toda a orla do território onde mantinha sua comunidade de 28 fêmeas adultas e 51 filhos, entre machos e fêmeas. O bando estava mais numeroso do que nunca, Arrg (era este o seu nome), era o chefe do bando por mais de 14 anos e estava em plena forma física, longe estava de algum competidor tentar disputar o seu posto. Arrg acordou no alvorecer do dia, cheirou uma fêmea que dormia próximo e passou ao largo, a fêmea não estava pronta para a cobertura, foi até a beira do riacho que descia da montanha mitigou a sede matinal, como para aumentar sua reserva de marcador de território e seguiu na jornada diária de marcar seu território. Ao longe avistou outro chefe de bando estava a mais de dois mil passos de distância, mas os olhos aguçados de Arrg o identificaram como um irmão seu de quem não devia temer, era mais novo que Arrg e, já tinha levado uns bons sopapos quando ainda era pequeno. Concluído o percurso em pouco tempo, Arrg retornava para o centro de seu território, este serviço era feito preferencialmente de manhã o reservatório de urina de Arrg nesta hora estava sempre cheio, o que facilitava o serviço, e neste horário todos os que não eram chefes de bando ainda estavam dormindo, e os que eram estavam também marcando seus territórios. No entanto, Arrg tinha dois inimigos, eram dois primos seus que Arrg expulsara do território, estavam ficando pesados e ousados, já tendo roubado duas fêmeas de Arrg. Este era um problema que mais cedo ou mais tarde Arrg teria que resolver. De um inimigo anterior Arrg tinha decepado uma mão com uma mordida, o que servira de lição para seus primos recalcitrantes, isto, pelo menos por algum tempo. O INSTINTO DA PRESERVAÇÃO GENÉTICA DA ESPÉCIE A QUE PERTENCIA O NOSSO AVÔ ARRG, E O FIM DOS BANDOS Antes da formação da família, o sistema mais seguro para a sobrevivência da espécie de hominídeos de quem descendemos, com a mais absoluta certeza era a vida em bandos, Ao estudar outras espécies, este comportamento é fato rotineiro. Sendo de se esperar que nossos avôs por volta de um milhão de anos vivessem em bandos. O instinto da continuidade genética é inerente à todas as espécies e em especial à espécie humana, Arrg sistematicamente cheirava suas fêmeas, não só para saber o estado de receptividade das mesmas, mas também para saber se algum intruso tinha penetrado em seu território, se por ventura isto ocorresse e uma fêmea tivesse sido coberta por outro macho, a fêmea era expulsa imediatamente do bando, foi o que ocorreu desta feita, Drugf foi apanhada em pecado, levou umas boas mordidas de Arrg e de outras fêmeas velhas, isto tudo sob o olhar de todo o bando, quando Arrg gritava que ia exemplar um no bando todos tinham que estarem presentes. Arrg não contava com uma coisa! Uma irmã mais nova de Drugf, de nome Neuf, o vinha observando à muito tempo! Parecia que os neurônios de Neuf não concordavam com as atitudes de Arrg, ela não tinha ainda alcançado a idade de ser coberta por Arrg, no entanto desde muito tempo vinha procurando entender por que Arrg procedia daquela maneira. Até que um dia a famosa luzinha acendeu no cérebro de Neuf, e a luz veio forte, Neuf passou a ter perfeito entendimento do porquê daquela situação. Dentro de dois anos ou mais um pouco Neuf estaria pronta para as estrepolias de Arrg, Neuf comprendeu que tudo era muito natural, quem não se submetesse às condições presentes em todos os bandos estava automaticamente condenado à morte. O comportamento imposto pelos chefes de bando oferecia a segurança não só das fêmeas mas também de seus filhos, enfim de toda a espécie. Neuf percebeu então que o problema era maior do que ela tinha imaginado. Neuf quase desistiu, mas a tendência para a evolução é mais forte do que o instinto de autopreservação. A PERSEVERANÇA DE NEUF E assim Neuf continuava a pensar numa solução! Nas noites de lua cheia Neuf, pensava e pensava, qual seria a solução? Numa noite quando todos dormiam a luz se acendeu no cérebro de Neuf, a luz foi uma simples pergunta que Neuf não tinha feito ainda a si mesma. Por quê? Todos agiam assim? Por que os machos de fora do bando cobriam as fêmeas e depois as abandonavam? Por que Arrg cobria suas fêmeas e não as abandonava? Por quê? Por quê? E por quê? Num segundo, o mundo se abriu para Neuf! Ela tinha captado a razão maior de todos os porquês, Neuf tinha ido fundo no âmago do problema, só não sabia como resolvê-lo. O mundo de Neuf transformou-se! Ela tinha que encontrar uma solução para seu inenarrável e difícil problema. Neuf não conseguia um colóquio com arrazoados satisfatórios e lógicos, com suas colegas e primas, ou mesmo com sua mãe, a fala era o empecilho. Neuf estava sozinha. Eis o que Neuf em seu infinito esforço para raciocinar tinha descoberto! Arrg abandonava as suas fêmeas depois que elas engravidavam e o recusavam, era simplesmente por que ele tinha um grande número de fêmeas disponíveis, e sempre tinha uma que o aceitava como ele não trabalhava para manter o bando, e cada um se virava como podia, a posição de Arrg era muitíssimo confortável. E os machos de fora do bando? Por que abandonavam as fêmeas que conseguiam engravidar? Foi na direção desta questão que a luz brilhou mais forte dentro da cabeça de Neuf! Neuf levou um bom tempo pensando, até que lhe veio a resposta, os machos de fora do bando abandonavam as fêmeas grávidas simplesmente por que elas não aceitavam mais os macho depois de engravidadas, simplesmente elas perdiam a vontade de fazer sexo com os machos que as engravidavam, quando os machos sentiam que eram recusados partiam em procura de outras fêmeas que os aceitassem, Neuf matara a charada de forma espetacular e completa, e o melhor! Encontrara a saída para resolver o problema. Foi um dos maiores e melhores raciocínios que um nosso antepassado já teve, isto há quase 800 mil anos (aC). UMA ATITUDE DE CORAGEM E INTELIGÊNCIA (BENDITAS MULHERES!) Neuf achara a solução, mas como transmiti-la às demais companheiras, Neuf criou foi um outro grande problema para si mesma. Neuf quase enlouqueceu de tanto pensar, em noites de lua clara não dormia, Neuf não conseguia dormir por que faltava menos de um ano para Arrg possuir Neuf, toda vez que Arrg cheirava Neuf ela estremecia de medo, pois, isto não agradava a Neuf. Desde muito tempo que Neuf do alto das árvores estava de olho num macho seu parente expulso por Arrg do bando, era um belo macho, ainda novo, mas um belo exemplar da raça. Estes pensamentos davam força a Neuf para executar seu plano. Neuf não tinha como consultar sua mãe, o problema maior era a fala ainda muito rudimentar, com o tipo de linguagem utilizada era impossível manter um diálogo em que pudesse expor suas as ponderações. Era o tudo ou o nada, assim, depois de pensar por mais algumas noites, sobre tudo por que a libido de Neuf despertou inesperadamente e o seu cheiro de fêmea pronta para a procriação seria sentido por todos, principalmente por Arrg. Na próxima noite Neuf reuniu toda a coragem do mundo e abandonou a segurança do bando partindo em busca do macho de sua preferência, Neuf levava consigo o seu grande segredo descoberto em suas noites de vigília. Qual seria o grande segredo de Neuf? O grande segredo de Neuf tão bem guardado era o seguinte: Neuf em sua imaginação descobrira o maior segredo da perpetuação da espécie. Neuf descobrira que os machos da sua espécie só tomariam conta das fêmeas grávidas e depois de seus filhos se elas estivessem dispostas a servirem como fêmeas a estes mesmos machos a todo tempo, e somente a eles. O que Neuf descobriu o que todo macho sabe de sobra, é que os mesmos não podem viver sem a presença constante das fêmeas. E que eles gostam mesmo é daquilo. É de fazer sexo! E nada mais. O RESULTADO QUE NEUF NÃO ESPERAVA ( NOVAMENTE BENDITAS MULHERES!) Neuf sem querer descobrira como formar a primeira família da espécie. Como Neuf não conseguia transmitir este conhecimento através da fala, suas primas e colegas seguindo o exemplo de Neuf abandonaram seu bando e formaram os primeiros grupos familiares do planeta. Bendita Neuf! Benditas mulheres! Quando Neuf estava grávida de seu terceiro filho com o mesmo macho que se chamava Truuuf que queria dizer “meu macho”. Nesta época a comida tinha ficado escassa em sua região, e tiveram que ir para mais longe, para espanto de Neuf seu gesto estava sendo imitado por um grande número de fêmeas, Neuf muito inteligente percebeu que tinha dado inicio realmente a um novo modo de viver para sua espécie. Tudo decorria naturalmente, ninguém parecia ter conhecimento ou reconhecer que Neuf fora a iniciante do novo proceder das fêmeas de sua espécie. Com a constante presença de Truuuf dando-lhe proteção e aos seus dois filhos Neuf descia mais vezes das árvores para o chão e passou a ter acesso às frutas mais saborosas e mais nutritivas dos arbustos, assim seus filhos cresciam mais fortes e mais sadios, Neuf tivera, não se pode negar, uma grande idéia! Benditas mulheres! Benditas “Mulheres”… Adendo. A evolução da fala é um mistério insolúvel! Através de uma abordagem científica evolucionista, nunca saberemos como e quando se iniciou o desenvolvimento da fala do homem no planeta; bem pouco a antropologia e a paleontologia, pode nos esclarecer, o problema é que o aparelho fonador humano como de todos os outros animais, não se fossilizam, pois todos são feitos de cartilagens e músculos. A lógica nos diz: (sempre a lógica!), que a história da fala dos antepassados do homem se perde nas brumas do tempo, e de que a melhor medida para servir de parâmetro para se avaliar dentro do “tempo” o desenvolvimento da fala dos nossos antepassados, sem dúvida é a marca matriz do antepassado do Ser humano. Que é o desenvolvimento do volume da caixa craniana e o consequente aumento do encéfalo. Há 3,5 milhões de anos a espécie A. Afarensis (a medida foi tomada em “LUCY” provável nosso mais antigo ancestral) possuía 400cm³ de caixa craniana. O Homo Habilis de 2 milhões de anos possuía 750 cm³. O Homo Erectus de 1,7 a 1 milhão de anos já era dotado de um depósito craniano de 900 cm³. O Homo Erectus de 500 mil anos já era possuidor de respeitável encéfalo de 1100 a 1200 cm³. O mais antigo fóssil de Homo Sapiens de 400 a 300 mil anos atrás, era possuidor de uma caixa craniana com 1200 cm³. O crânio do Neanderthal era de 1500 cm³. A média para o homem moderno é de 1400 cm³. Será que o desaparecimento do neandertalense, tirou de cena um “Ser” mais capacitado cerebralmente que o Homo Sapiens Sapiens? De posse deste conhecimento podemos avaliar que o Homo Erectus de 500 anos atrás (com 1200 cm³), já devia possuir um vocabulário com um suficiente número de palavras para levá-lo pelos caminhos da ampliação da inteligência! Pois, foi isto o que aconteceu… Neuf vivendo a quase 800 mil anos teria um vocabulário bem menos extenso. (apêndice aditado em outubro de 2009). Este capítulo é uma singela tentativa de apor ordem no passado do do Homo sapiens sapiens. Desculpem a intromissão, mas, torna-se necessário que se busque um caminho para que possamos entender, pelo menos de forma metafísica e ficcional a nossa mais remota pré-história. Claro, que dados de uma época tão remota teriam que ter origem numa ficção… Vitória da Conquista 02 de agosto de 2008 Edimilson Santos Silva Movér