DA SÉRIE: ENSAIOS QUE NOS LEVAM A PENSAR nº 8 – (Convite para o enterro dos meus fantasmas)…SEGUNDA PARTE:

 

 

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Preâmbulo ao ensaio.

 

No mês de agosto deste ano de 2010, estando de viagem marcada para a cidade de Licínio de Almeida, Bahia para prestar assessoria a uma empresa, na área de mapeamento do limite territorial de um município da Chapada Diamantina, e não como não teria nenhuma ocupação na parte da noite, levei um livro para ler, com o estranho título de: (PRECONCEITO LINGUÍSTICO). Quando iniciei a leitura do livro, logo percebi que se tratava de algo extremamente interessante, então! Resolvi esmiuçá-lo e analisá-lo com a minudência e com a profundidade que meu parco intelecto mo permitisse, fiquei abismado com os conceitos emitidos pelo autor sobre o que se denomina de gramática normativa. Foi um choque muito grande para mim, ver um professor da USP expondo aqueles pontos de vista, a respeito do que se estabeleceu com relação ao uso das normas da própria gramática normativa. Sobretudo com respeito ao uso das normas da gramática na língua falada e escrita. O professor Marcos Bagno é tradutor, escritor e “linguista”, sendo Doutor em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de São Paulo (USP). Professor de Linguística do Instituto de Letras da Universidade de Brasília, (UNB). Sua produção literária na área de “línguas” ultrapassa as duas dezenas de títulos. Sendo, portanto, uma autoridade no assunto. Esta qualificação do professor já está inserida no convite. Hoje 27 de novembro de 2010 resolvi publicar o ensaio (CONVITE PARA O ENTERRO DOS MEUS FANTASMAS) após ter verificado que havia cometido vários erros de concordância e outros, no arrazoado do TREM DE FERRO, e de que aparentemente ninguém havia notado ou reclamado, talvez por educação, ou talvez porque os erros são tão comuns que ninguém percebe ou se importa mais. Confesso que não sei por que não se dá mais importância aos erros de português. Será pelo dinamismo do modelo de vida que levamos atualmente? Ou será por que os erros tornaram-se banais, Será que a grande maioria está inteirada da postura dos lingüistas sobre o assunto? Eu de minha parte, me preocupo mais com a inteireza e a essência dos meus raciocínios do que com os erros que por ventura tenha cometido. Julgo ser melhor um escrito com raciocínios bem elaborados e inteligentes, mesmo com alguns erros, que um escrito escorreito, feito com a maior lisura com respeito à gramática normativa, mas, eivado de incoerências e burrices. Concordo plenamente com J. J. Rousseau quando diz: Não hesitarei, sempre que, com o auxilio de dez solecismos, puder explicar-me com maior vigor e clareza. Contanto que eu seja mais compreendido pelos filósofos, de boa vontade deixo aos puristas correrem atrás das palavras. […]

 

Minha opinião sobre o fato dos erros de português não serem “comumente” citados nos comentários pelos leitores, tem duas causas: primeiro, trata-se de uma postura  educada e elegante dos leitores, e segundo,  um leitor que se dispõe a ler um ensaio ou uma matéria qualquer, (num blog, num jornal, numa revista ou num livro), busca tão somente: inteligência, coerência, lógica, competência, verdade, raciocínios bem elaborados e sobretudo sinceridade e respeito com o leitor. Neste caso, eu comungo com Rousseau.     

 

Qual seria a opinião do leitor?

 

Abordando o tema sob uma visão filosófica do “cogitare”, o que um indivíduo pensa, não é, e nunca será relevante para uma sociedade, salvo, se este pensar chegar ao conhecimento de pelo menos boa parte desta sociedade, sendo esta a justificativa para publicá-lo nos blogs que se dignam publicar meus insossos, e às vezes destemperados ensaios.

 

 No dia 26 de novembro de 2010 escrevi um arrazoado sobre o TREM DE FERRO, onde cometi vários erros de português, no mesmo dia fiz um comentário no blog para chamar a atenção sobre o erro mais crasso, (a atenção dos leitores), onde foi utilizada uma palavra, onde a única diferença é a letra inicial, (eminente e iminente), que, no entanto, possuem significados distintos. Por que não comentam os erros? Talvez por que, erro seja coisa comum nos escritos em língua portuguesa, ou nos meus escritos. Quem não for versado no vernáculo sempre estará sujeito a “deslizes” na ortografia de algumas palavras, concordância, sintaxe, nas construções das frases: principalmente se o escrito for do tipo, (em cima da perna), como costumo fazer. Veja a etimologia da palavra “sintaxe” grego: súntaksis,eós (arranjo, disposição, organização). Fiz um comentário a poucos dias, num poema do Jean Claudio aqui no blog, onde utilizei a seguinte frase: (Se os há! Se não os há!), a deixei como acicate ao senso comum dos leitores, depois, vi que a palavra “há” do verbo “haver” tanto pode ser (presente), ou ser utilizada como (imperativo afirmativo), deste verbo, e lá está a frase, confesso que não sei se está concorde com a escrita culta. Na atualidade, o grande problema é o volume de escritos que se publica nos blogs, tornando-se impossível mandá-los para os revisores (filólogos e gramáticos), com o advento dos sites e dos blogs a dinâmica da língua se multiplicou por mil, dentro de muito pouco tempo teremos profundas mudanças na Fina Flor do Lácio. E os gramáticos normativos nada poderão fazer.   

 

O que chamou minha atenção; foi precisamente a “atenção” que é dada aos erros, erros parecem serem coisas de somenos importância, foi isto que me levou a escrever o ensaio sobre a linguística e que agora levo ao conhecimento do público, digo “agora”, pois, embora o tenha escrito em agosto de 2010, só agora  em março de 2011  é que resolvi publicá-lo.

Leiam com atenção o CONVITE PARA O ENTERRO DOS MEUS FANTASMAS. (A PRIMEIRA E A SEGUNDA PARTE). Sejam bem vindos a este despretensioso ensaio, ou enterro? A primeira parte leva o leitor até a porta do cemitério, a segunda parte leva-o ao “ápice” do sepultamento e ao fundo do sepulcro da burrice. Gosto de gastar o meu latim de porta de cemitério! Requiescat in pace… 

Por este ensaio ser bastante longo, tive que dividi-lo em (duas partes), estas duas partes, vou remetê-las para os blogs em um só e-mail, supondo que as duas postagens nos blogs saiam com o intervalo de no máximo uma semana.

 

 Boa leitura e bom proveito.

 

Quanto ao efeito que a leitura do livro do Professor Marcos Bagno fez em mim! Foi me fazer perder completamente o medo de publicar qualquer escrito, “coisa” bastante natural em quem não possui um completo domínio do idioma luso, mas, não me fez perder o respeito que sempre tive pelo bom uso da língua pátria, tanto é, que isto aumentou o meu cuidado com o que escrevo. Ler o livro do Marcos Bagno é uma lição que não se esquece jamais, é igual ao primeiro sutiã, ou a primeira gravata, ou a primeira vez… Este preâmbulo estará apenso no início de cada parte. Preâmbulo revisado e atualizado em 20 de março de 2011, disto advirá qualquer aparente incoerência temporal, por ventura existente neste ensaio…

 

CONTINUAÇÃO DA PRIMEIRA PARTE

(29) As plantas só existem porque os livros de botânica as descrevem? É claro que não. Os continentes só passaram a existir depois que os primeiros cartógrafos desenharam seus mapas? Difícil de acreditar. A Terra só passou a ser esférica depois que as fotografias tiradas do espaço mostraram-na assim? Não. Sem os livros de receitas não haveria culinária? Eu sei muito bem que não: a melhor cozinheira que conheço, capaz de preparar centenas de pratos diferentes, os mais sofisticados, é uma pernambucana de quase oitenta anos, cem por cento analfabeta.

 

(30) Este mito está ligado à milenar confusão que se faz entre língua e gramática normativa. Mas é preciso desfazê-la. Não há por que confundir o todo com a parte. Lembra-se do que eu falei na abertura do livro sobre a gramática normativa ser um igapó? Acho que vale a pena repetir aqui. Na Amazônia, igapó é uma grande poça de água estagnada às margens de um rio, sobretudo depois da cheia. Acho uma boa metáfora para a gramática normativa. Como eu disse, enquanto a língua é um rio caudaloso, longo e largo, que nunca se detém em seu curso, a gramática normativa é apenas um igapó, uma grande poça de água parada, um charco, um brejo, um terreno alagadiço, à margem da língua. Enquanto a água do rio/língua, por estar em movimento, se renova incessantemente, a água do igapó/gramática normativa envelhece e só se renovará quando vier a próxima cheia.

 

(31) É a mesma coisa que nos explica, em termos científicos  Luiz Carlos Clagliari em Alfabetização & linguística:

 

(32) A gramática normativa foi num primeiro momento uma gramática descritiva de um dialeto de uma língua. Depois a sociedade fez dela um corpo de leis para reger o uso da linguagem.

Por sua própria natureza, uma gramática normativa está condenada ao fracasso, já que a linguagem é um fenômeno dinâmico e as línguas mudam com o tempo, e, para continuar sendo a expressão do poder social demonstrado por um dialeto, a gramática normativa deveria mudar.

 

(33) Se não é o ensino/estudo da gramática que vai garantir a formação de bons usuários da língua, o que vai garanti-la? Existe muito debate a respeito entre os lingüistas e os pedagogos. O certo é que eles são praticamente unânimes em combater aquele mito. Há lugar para a gramática na escola? Parece que sim. Mas também parece ser um lugar bastante diferente do que lhe era atribuído na prática tradicional de ensino da língua. Na terceira parte deste livro, tentarei expor algumas opiniões a respeito.

 

(34) De todo modo, algumas pessoas muito competentes já explicaram tudo isso melhor do que eu seria capaz. Por isso, ao leitor e à leitora interessados neste tema recomendo a leitura, entre outros, dos já citados. Sofrendo a gramática, de Mário Perini. Por que (não) ensinar a gramática na escola, de Sírio Possenti, e Língua e liberdade, de Celso Pedro Luft, e também Linguagem língua e fala, de Ernani Terra; Contradições no ensino  de português, de Rosa Virgínia Mattos e Silva, e Gramática na escola, de Maria Helena de Moura Neves. Esses nos ajudam a compreender melhor os mecanismos de exclusão que agem por trás da imposição das normas gramaticais conservadoras no ensino da língua e de que modo poderíamos, em nossa prática pedagógica, tentar desmontá-los. […]

 

(35) – Aqui termina a fala do nosso ilustre lingüista, Marcos Bagno.

 

(36) O volume de críticas é muito grande, quando se escreve sem obedecer a burrice contida na gramática normativa. A liberdade tolhida de escrever o português livremente, fora, (das normas), da gramática normativa tem deixado uma imensidão de pessoas com um imenso talento e conhecimento à margem do mundo dos “escritores”. Particularmente, eu não sei se isso é bom ou danoso, para o desenvolvimento do pensamento nacional! O que sei, e tenho certeza, é que nunca tive medo de críticas. Ora, se o que escrevo é lógico, é racional, é compreensível, é coerente, é inteligível, não vejo por que, ou por qual razão eu seria proibido, (por mim mesmo), de escrever!!!… Pois, devido a existência do artigo 19 da “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, ninguém pode proibir o homem de escrever ou falar. 

 

(37) Tenho a mais absoluta certeza de que não existe no Brasil uma lei proibindo escrever sem obedecer a gramática normativa. Não se pode confundir, talento, conhecimento, verve poética, com obediência ao que prescreve a gramática normativa. O recurso utilizado pelos escritores que por, um motivo ou por outro não dominam o que prescreve a gramática normativa, é pagar aos “gramáticos normativos” para corrigir seus textos. Inda bem que existem pessoas que se dedicam às correções dos textos, senão os menos aquinhoados com o conhecimento da “Fina Flor do Lácio” não teriam como publicar suas obras de forma mas escorreita. Quantos milhões de reais, os pais (assalariados) gastam na compra de livros de gramática normativa? Quem saberá me responder? Segundo o Marcos Bagno uma despesa inútil, será isto justo? Fora deste fato, o que nos entristece, é que muitos jovens vêem seus sonhos de se tornarem possuidores de títulos universitários, tolhidos pelas temidas provas de redação, como se as universidades só formassem escritores? Torno a vos perguntar, isto é justo, é inteligente? De que adianta, impedir que um jovem passe num vestibular de medicina, por que sua nota de redação foi insuficiente, se o que ele vai escrever ninguém vai conseguir ler, às vezes nem os farmacêuticos conseguem. Quanto aos relatórios médicos! Eles são atualmente, sempre escritos em computadores, que automaticamente os corrigem.  Será! Que não estamos deixando de ter um competente médico? Que talvez um dia viesse a salvar a vida de um “gramático normativo”?

 

(38) Espero que não tenha tomado o tempo do leitor, o que de melhor se falou sobre o assunto veio do cientista da língua, Marcos Bagno, isto é o que se observa neste “ensaio dos outros”, (antes que o digam). Não me vejo capacitado para fazer uma crítica tão contundente, quanto o professor Marcos Bagno faz do assunto; mas isto, não impede que eu sinta e compreenda o problema criado pela gramática normativa, para os usuários do português escrito e falado no Brasil, principalmente para aqueles que possuem o pendor para a escrita, e são potencias escritores…  

 

(39) Depois de ter abordado o interessante tema  do Mito 7 vejo-me tentado a transcrever mais algumas páginas do livro do Marcos Bagno, e é o que farei, no entanto, não comentarei o transcrito, deixo esta tarefa para o leitor, assim, ele tirará suas próprias conclusões sobre as dez cisões do Bagno.

 

(40) Nas (PP. 142-145), Marcos Bagno criou um quadro interessante, com dez tópicos, os quais, conforme prometido, não vou comentar, e nem é necessário.

DEZ CISÕES

para um ensino da língua

não (ou menos) preconceituoso

 

1)      Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um usuário competente dessa língua, por isso ele SABE essa língua. Entre os 3 ou 4 anos de idade, uma criança já domina integralmente a gramática de sua língua. Sendo assim,

 

2)       Existem diferenças de uso ou alternativas de uso em relação à regra única proposta pela gramática normativa.

 

3)      Não confundir erro de português (que afinal, não existe) com simples erro de ortografia. A ortografia é artificial, ao contrário da língua, que é natural. A ortografia é uma decisão política, é imposta por decreto, por isso ela pode mudar, e muda, de uma época para outra. Em 1899 as pessoas estudavam psycologia e história do Egypto; em 1999 elas estudam psicologia e história do Egito. Línguas que não tem escrita nem por isso deixam de ter sua gramática.

 

4)      Reconhecer que tudo o que a gramática Tradicional chama de erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação científica perfeitamente demonstrável. Se milhões de pessoas (cultas inclusive) estão optando por um uso que difere da regra prescrita nas gramáticas normativas é porque há alguma regra nova sobrepondo-se à antiga. Assim o problema está com a regra tradicional, e não com as pessoas, que são falantes nativos e perfeitamente competentes de sua língua. Nada é por acaso.

 

5)      Conscientizar-se de que toda língua muda e varia. O que hoje é visto como “certo” já foi erro no passado. O que hoje é considerado “erro” pode vir a ser perfeitamente aceito como “certo” no futuro da língua. Um exemplo: no português medieval existia um verbo leixar (que aparece até na Carta de Pero Vaz de Caminha  ao rei D. Manuel I). Com o tempo, esse verbo foi sendo pronunciado deixar, porque [d] e [l] são consoantes aparentadas, o que permitiu a troca de uma pela outra. Hoje quem pronunciar leixar, vai estar cometendo um “erro” (vai ser acusado de desleixo), muito embora essa forma seja mais próxima da origem latina (compare-se, por exemplo, o francês laisser  e o italiano lasciare). Por isso é bom evitar classificar algum fenômeno gramatical de “erro”: ele pode ser na verdade, um indício do que será a língua no futuro.

 

6)      Dar-se conta de que a língua portuguesa não vai nem bem, nem mal. Ela simplesmente VAI, isto é, segue seu rumo, prossegue em sua evolução, em sua transformação, que não pode ser detida (a não ser com a eliminação de todos os seus falantes).

 

7)      Respeitar a variedade lingüística de toda e qualquer pessoa, pois isso equivale a tudo,  respeitar a integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano, porque

 

8)      a língua permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres humanos. Nós somos a língua que falamos. A língua molda nosso modo de ver o mundo e nosso modo de ver o mundo molda a língua que falamos. Para os falantes de português, por exemplo, a diferença entre ser e estar é fundamental, eu estou infeliz é radicalmente diferente, para nós de, eu sou infeliz. Ora, línguas como o inglês, o francês e o alemão têm um único verbo para exprimir as duas coisas. Outras, como o russo, não tem verbo nenhum, dizendo algo assim como. Eu – infeliz ( o russo, na escrita, usa mesmo um travessão onde nós inserimos um verbo de ligação). Assim

 

9)      uma vez que a língua está em tudo e tudo está na língua, o professor de português é professor de TUDO. (Alguém já me disse que talvez por isso o professor de português devesse receber um salário  igual à soma dos salários de todos os outros professores.

 

10)   Ensinar bem e ensinar para o bem. Ensinar para o bem significa respeitar o conhecimento intuitivo do aluno, valorizar o que ele já sabe do mundo, da vida, reconhecer na língua que ele fala a sua própria identidade como ser humano. Ensinar para o bem é acrescentar e não suprimir, é elevar e não rebaixar a auto-estima do indivíduo. Somente assim, no início de cada ano letivo este indivíduo poderá comemorar a volta às aulas, em vez de lamentar a volta às jaulas.

 

      (41) Prezados e estimados leitores do BLOG do Paulo Nunes.

Espero não ter tomado o vosso precioso tempo, e de que tenhais absorvido a essência do que propõem os lingüista no geral, e o professor Marcos Bagno no particular, no que toca e faz referência nestas poucas páginas que transcrevi do seu esclarecedor livro: “PRECONCEITO LINGUÍSTICO”, (o que é e como se faz).

Esta obra do professor BAGNO, é composta de 186 páginas, das quais transcrevi exatamente 10. Eu não sei se esta obra se encontra à venda nas livrarias de Conquista. Mas, ela pode ser adquirida através do endereço eletrônico: [email protected]   Em Vitória da Conquista, existe uma livraria que, em caso de falta de uma obra, a proprietária faz o pedido na hora…   Isto sem acréscimo algum… Esta livraria é o Cairo Center.          

   

(42) Ao postar o meu primeiro ensaio no BLOG do Paulo Nunes, para evitar desentendimentos “desnecessários” com os gramáticos “normativistas”,  logo no início do ensaio inseri um dos meus direitos como ser humano, contido na “Declaração Universal dos Direitos do Homem”, o seu artigo 1º) diz: Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. E no seu artigo 19º) diz: Todo o homem tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, independentemente de fronteiras.

 

(43) Eu já disse, na carta ao filólogo, que a igualdade mais marcante dos seres humanos é exatamente a diferença inerente a cada um.

Também costumo apregoar a crença, de que o homem é um “ser” não analisável, por isso, pode-se esperar tudo dos homens, em vista do que: iniciei o ensaio da “CARTA À NINGUÉM”, a ser postada no blog do Paulo Nunes com a citação dos dois artigos da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

 

(44) Sim, eis a tradução da frase de Baruch de Spinoza:

(1) (Tenho-me esforçado por não rir das ações humanas, por não deplorá-las nem odiá-las, mas por entendê-las).

 

(45) A meu ver, esta frase de Spinoza representa a maneira de ver o “assunto”, (linguística versus gramática normativa), do professor Marcos Bagno, e esta também é a visão de grandes vultos da literatura mundial. Por exemplo: Rousseau, (Genebra, 28 de Junho de 1712Ermenonville, 2 de Julho de 1778), no rodapé, de uma das suas cartas, já dizia: [….] Sei, é verdade, que a primeira regra dos nossos escritores é a de escrever corretamente e, como dizem eles, falar francês: isso resulta de terem pretensões e de desejarem parecer que possuem correção e elegância. A primeira regra para mim, que não me preocupo de modo algum com o que possam pensar de meu estilo, consiste em fazer-me compreender. Não hesitarei, sempre que, com o auxilio de dez solecismos, puder explicar-me com maior vigor e clareza. Contanto que eu seja mais compreendido pelos filósofos, de boa vontade deixo aos puristas correrem atrás das palavras. […]

Rousseau, logo acima destes dizeres, nos brinda com uns versos do poeta romano Horácio: – Se eu pudesse acrescentar alguma coisa, por que haveria de ser invejado, uma vez que a língua de Catão e de Ênio enriqueceu o idioma pátrio?

 

(46) Estes são os versos com a formatação e na língua original:

 

(47) Ego cur, adquirere pauca

Si possum, invideor, com língua Catonis et

Enni

Sermonem patrium ditaverit?

 

(48) Quintus Horatius Flaccus, (Venúsia, 8 de dezembro do ano 65 a.C.Roma, 27 de novembro do ano 8 a.C.), Catão e Cipião levaram o poeta Ênnio em 204 a.C. para Roma.  Como Ênnio dominava três idiomas: o osco, sua língua materna, o grego, em que foi educado, e o latim, falado no exército romano, em que serviu durante a segunda guerra púnica, iniciou ensinando grego. Como professor gozou da simpatia de patrícios ilustres, entre os quais Cipião o Africano, e tornou-se cidadão romano (184 a. C.). Faleceu em Roma e, além da famosa epopéia Annales, onde conta a história de Roma desde os tempos lendários, (da Loba), até seus dias, escreveu também tragédias e poesias de inspiração filosófica e moral e foi introdutor do hexâmetro no latim, o típico verso grego, – Rousseau deve se reportar a este fato histórico, a que se referia Horácio.

 

(49) Ora! Se Horácio, naquela época, já justificava suas acresções de palavras gregas ao latim, era porque sofria críticas, e Rousseau também o fez pelo mesmo motivo.

Portanto: nada a temer de críticas de gramáticos, elas são inevitáveis, e sempre existirão… Portanto, façam “OUVIDOS MOUCOS” às críticas, e assim: Vive la liberté d’expression, aux grammairiens,  les haricots.

 

(50) Meus caros, pacientes e estimados leitores!

“Não tomem este escrito como um ataque motivado pela minha força, mas sim, como uma defesa, motivada pela minha fraqueza”.

(50) O próximo ensaio será dedicado a quem se lembrar, e identificar o filósofo que disse isso.

 

Bibliografia: Preconceito Linguístico  (o que é, e como se faz) Marcos Bagno, Editora Loyola.

 

Licínio de Almeida, Bahia, 20 de agosto de 2010

Edimilson Santos Silva Mover

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