Filosofia -DA SÉRIE: AMENIDADES PARA O QUE A GENTE DIZ – (A EVOLUÇÃO TECNOLÓGICA DOS FALANTES)

 

 

phpThumb_generated_thumbnailjpgCAULOV70Nono ensaio da obra “21”

 

Indistintamente, todos os seres podem contribuir para a evolução do conhecimento humano! Obviamente, todos nós contribuímos para a evolução da humanidade.

Conforme prometido, este último ensaio a ser publicado em alguns blogs daqui de Vitória da Conquista, é dedicado ao ilustre jornalista Jeremias Macário, meu ilustre convidado para uma troca de idéias na Ágora, fato este, ainda aguardando seu esperado acontecimento. Conforme disse no final do ensaio anterior! Estou avisando aos distintos leitores dos blogs, que estou pondo minha viola no saco, vou tirar férias, tchau. Vou-me embora pra Pasárgada/Lá sou amigo do rei/Lá tenho a mulher que eu quero/Na cama que escolherei. Este aviso é válido para todos os blogs. Deixo registrado aqui, o meu reconhecimento e a minha mais profunda gratidão, aos meus inúmeros leitores, e aos companheiros de blogs: Paulo Nunes, Ricardo de Benedictis, Paulo Pires, Ricardinho de Benedictis, Davi Lima Araújo, Gildásio Amorim Fernandes,  e aos comentaristas de meus insossos escritos: Joseph, JDean, Julito, Eng. W. Anunciação, Emma Süriel, RGS, Luciano Ferraz, Alberto Marlon, Fatinha Mussato, Simone Santos Silva, Sol, Yi Dimitt, Luciene, Macom Rekus, buKmacher,  Simone Santos Silva, Sol, Yi Dimitt, Luciene, buKmacher, Roni Bayles, Elva Ahmed, ZaKlady buKmachskie, Lindaci e o Décio.

Edimilson Santos Silva Movér

 

VAMOS AO ENSAIO:

Aqui não trato do inconsciente coletivo de Carl Gustav Jung (1875-1961), nem de nada com referência as ideias de Freud com respeito ao “Ser”. Trato somente do “anaconsciente” coletivo restrito, que, segundo minha proposição, nada mais é do que o pensamento humano direcionado para soluções de questões específicas. Criei este neologismo para diferençá-lo do inconsciente coletivo de Jung. Chamo-o de “anaconsciente” coletivo restrito porque somente um restrito número de pessoas especiais tomam coletivamente conhecimento dele, de forma inconsciente. Tal qual o inconsciente coletivo de Jung, ninguém o percebe. O “anaconsciente” coletivo restrito, também ninguém o percebe, mas todos fazem parte e tomam conhecimento dele inconscientemente. O “anaconsciente” coletivo restrito é uma função comum e está ao alcance de toda a humanidade. Embora seja coletivo, o seu conhecimento é “restrito” à mentes específicas afetas às áreas especificas do conhecimento humano. A base desse argumento é que toda pergunta traz, implicitamente, em si, sua própria resposta, ou seja, toda questão é formulada em torno do “engendramento” da solução desta mesma questão.

Numa carta dirigida a um amigo, expus o seguinte ponto de vista: Nossas vidas sempre serão influenciadas por outros “Seres”, sendo a vida no planeta um só organismo, o desenvolvimento ou a ação da mente de um único “Ser” afeta de forma insofismável, incognoscível e incompreensível toda a humanidade. Quer um exemplo bem singelo? Sempre utilizaste os grampeadores de papel, sem nunca te preocupares com a mente que idealizou este simples instrumento que tanto nos é útil, viu? Uma ideia de outra mente modificou teus atos por toda tua existência, e tu nunca paraste para analisar o raciocínio desta outra mente que tanto te afetou! Este é um exemplo bem simples, mas o existir de toda a humanidade sempre será afetado pela mente de outros seres humanos. A ação de várias mentes resulta em mais potência mental, é o que os americanos chamam de “Master Mind”. De forma subliminar, a humanidade possui uma única mente, e isto, eu sei, é de difícil compreensão. Vou te dar um exemplo melhor. Imagine a mente humana como uma pequena estação de rádio que emite micro-ondas “especiais” que, diferentemente das microondas normais, tenham o poder de cobrir todo o globo. Antes do advento do celular, isto seria muito difícil de compreender ou imaginar, mas é isso que nossas mentes são, pequenas emissoras de rádio que cobrem todo o planeta. Tu já notaste com que frequência os inventos são “imaginados” por pessoas distintas e em épocas bem próximas e em locais distintos? A maioria das invenções são disputadas por várias pessoas! Veja o exemplo de Newton e Liebniz, que, em países distantes, inventaram o cálculo integral e diferencial simultaneamente. Ou o caso dos irmãos Wright e Santos Dumont, que, tendo a ideia de, ao mais pesado que o ar aplicar o ângulos de ataque nas asas, foi unicamente estes ângulos que fizeram seus inventos funcionarem e darem certo, e nada mais. E não se pode saber qual dos inventores teve a ideia original, de aplicar tais ângulos! Entendeu? Alguém teve a idéia! Mas quem a pôs em prática foi quem, num momento dado e no momento propício, estava com as ferramentas adequadas para pôr tal ideia em prática.  Nos abismos do “anaconsciente” coletivo restrito dos Seres sencientes, existe uma infindável procissão de respostas numa marcha impressionante, prontas para saltar em cima de nossas perquirições. A mente ou as mentes geradoras das questões, comumente, desconhecem suas soluções. A única dificuldade para obterem-se as respostas corretas é justamente a forma utilizada na elaboração das questões que deverão ser sempre consistentes, já contendo, assim, cada qual, sua solução (conjuntamente engendrada ou elaborada). No Universo da evolução do conhecimento humano, todas as dúvidas pertinentes às soluções de questões serão sempre compostas de perguntas e respostas, questões e soluções, ambas elaboradas simultaneamente, pois só é possível elaborar uma questão consistente se esta questão por si mesma contiver uma solução consistente.

Tudo obedece à primeira lei da evolução do Cosmos. Tudo no Cosmos, incluindo, aí, o nosso existir, obedece sistematicamente ao princípio da não exclusão dos opostos. Não se faz nenhuma pergunta sem que se elabore conjuntamente sua resposta; da mesma forma, é impossível pensar numa solução ou resposta sem que seja feita ou proposta com antecedência uma questão ou uma pergunta, ou seja, sem que esta solução ou resposta contenha a priori todas as qualificações da questão ou da pergunta. Isto quer dizer que as duas entidades são não excludentes, isto é, nenhuma das duas pode existir isoladamente. Mesmo ao pressupormos um questionamento aleatório, criamos também aleatoriamente e automaticamente sua solução. A real dificuldade é encontrarmos o caminho para chegar a esta solução (partindo desta perquirição até o âmago da solução), já contida nesta mesma perquirição. Geralmente o “anaconsciente” coletivo restrito propaga as inquirições aos múltiplos setores de recepção ou “mentes”, (no momento em questão e apreço), todas afetas às atividades concernentes a estes mesmos assuntos, que, por sua vez, são pertinentes a estas perquirições! Daí, ser comum a descoberta de várias respostas simultâneas às questões formuladas por mentes de “Seres” distintos, estando normalmente afastados entre si, no entanto, todos, com suas mentes ligadas aos mesmos assuntos. Assim, físicos, químicos, astrônomos, matemáticos, geólogos, mecânicos etc, principalmente inventores, cada qual em sua área, elaboram perguntas específicas e, no Universo de cada mente, as respostas percorrem todo o planeta, obviamente na linguagem universal do pensamento, que resulta ou nos leva ao entendimento fenomênico da questão, independentemente da língua em que ela foi formulada. E esta linguagem obviamente não é a linguagem das palavras, tratando-se sempre da linguagem do entendimento do fenômeno. Tratando sempre do “phainómenon”, utilizado por Platão no Crátilo e que nos remete à sublimidade do pensamento expresso em palavras, em ideias, ambas coisas abstratas, mas referentes a coisas concretas, fenomênicas “acontecentes”. Mas nunca referentes ao “nooúmena” de Kant, que, por si próprio, é um objeto incognoscível e não sensível, portanto, oposto ao objeto fenomênico.  Ora, se as respostas já estão prontas e se as mentes se interconectam, conforme a semiótica de Sanders Peirce, a Física quântica e a psicologia, ciências preconizam que mentes distintas podem chegar a resultados semelhantes em lugares distantes e em tempos distintos, só há uma condição ou parâmetro a ser observado: para perguntas consistentes, respostas consistentes; para perguntas inconsistentes, respostas inconsistentes… É por isso que se afirma que cada questionamento traz em si a metade de sua solução. (Havendo, no entanto, algo a ser considerado! Para as perquirições de ordem abstratas, como as dúvidas filosóficas, não haverá respostas correspondentes, pois todas as ilações filosóficas serão sempre perguntas ou proposições inconsistentes! Podemos mesmo considerá-las abstrações mentais irreais, nunca coisas sensíveis, ou demonstráveis como as abstrações matemáticas).

Não consegui uma explicação para este fato, talvez a resposta esteja na profunda discordância das proposições dos filósofos. A comprovação dessa assertiva é a história da própria filosofia, que é eivada de contradições, não havendo em toda a história da filosofia, dois filósofos inteiramente concordes. Talvez a única exceção seja a apologia dos filósofos nossos contemporâneos Jean-Paul Sartre (1905-1980), Martin Heidegger (1889-1976) e Merleau-Ponty (1908-1961) com suas apologias à filosofia fenomenológica e existencialista do alemão Edmund Husserl (1859-1938) sendo esta apologia parcial ao todo da filosofia husserliana. No desenvolvimento da humanidade, em especial na descoberta de fatos “ditos” científicos, incluindo aqui a matemática, embora seja uma ciência abstrata suas proposições são sempre consistentes, nas pesquisas quânticas de qualquer magnitude, é comum a coincidência das proposições relacionais entre a mente e a pesquisa quântica, a que Carl G. Jung (psicologia) e A. Einstein (física) estudaram conjuntamente e denominaram de “sincronicidade”. A ciência por excelência (a dos signos e da lógica), denominada Semiótica, de Charles Sanders Pearce, a reconhece como a “conectividade” entre as mentes, que, ao interagirem entre si, unem os dois mundos (micro e macro), fazendo com que as mentes interajam diretamente com a matéria, – já foi exaustivamente comprovada a interferência da mente humana nos experimentos quânticos – unindo de maneira inquestionável as mentes à matéria e, obviamente, ao Universo. É o reconhecimento definitivo da unicidade do Cosmos e principalmente o reconhecimento da teoria sistêmica de Karl Ludwig von Bertalanffy (1901-1972), que dá suporte ao  holismo univérsico, e isto, principalmente, com referência ao  nosso existir dentro do Cosmos.

Todo o Cosmos é integralmente holístico. Em 1932 ocorreu uma descoberta no campo da astrofísica que explica de forma absoluta e insofismável o porquê da unicidade e do holismo do Cosmos. Edwin Powell Hubble (1889-1953), descobrindo que as galáxias estavam se afastando umas das outras, demonstrou que o Universo todo estava em expansão. Considerando que esta expansão num momento dado teve um início e que, neste início, todo o Universo esteve concentrado num ponto infinitesimal menor que um núcleo de um átomo, disto, pode-se deduzir que o Universo nesta condição era um Universo uno, não havia plural, estando o Universo num estado de singularidade, origem da unicidade e do holismo do Bertalanffy no nosso Universo atual.  Donde podemos deduzir que tudo no mundo é uno, inclusive o “anaconsciente” coletivo restrito moveriano e o inconsciente coletivo jungiano. Justifico e adoto uma neologia para o termo “inconsciente” coletivo, criando o termo “anaconsciente” coletivo, como um necessário diferenciador do termo criado e usado por Jung. Eles são iguais, mas são necessariamente distintos em suas essências. O inconsciente coletivo de Jung é atributo de todos e remonta (em ato), do presente ao passado; é memória. O anaconsciente coletivo restrito de Movér é atributo de poucos e remonta (em ato) do presente ao futuro; é dinâmica, é realização, cria o futuro, é desenvolvimento, é a evolução do conhecimento humano… E tem origem no mais remoto passado do homem. Um homem no passado inventou a agulha para junção ou costura dos pedaços do seu vestuário de couro, no entanto ele inventou a agulha sem o furo, inventou antes um estilete para furar a peça do vestuário, a linha era enfiada ou passada pelo furo com o auxilio dos dedos, depois alguém teve o vislumbre o “insight” de fazer o furo na outra extremidade do estilete, que então se tornou realmente uma agulha, e provavelmente quem teve a idéia de fazer o furo, necessariamente não foi o Ser que primeiramente fez este furo na agulha. Alguém teve a ideia, mas quem fez o furo foi quem captou, através do anaconsciente coletivo restrito, a ideia de fazer o furo. As invenções são mais frutos da necessidade que dinamiza a criatividade humana. Quando algo se torna necessário, um grande número de seres pensa naquela necessidade; quando alguém mentalmente resolve o problema, nem sempre este alguém é um inventor, pois a ideia já fora distribuída por todo o planeta, via anaconsciente coletivo restrito, e uma ou várias pessoas a captam transformando-a no invento necessário… Quem registra o invento é tido como o inventor, mas a ideia original nem sempre é do dono da patente. Admitindo-se a proposição do anaconsciente coletivo restrito, a humanidade de forma global é a responsável pela evolução do seu conhecimento, e não somente alguns Seres específicos! Assim somos todos partícipes e responsáveis pelo desenvolvimento da nossa episteme.

E assim, caminha e se desenvolve a humanidade…

 

O ser humano não terminou sua evolução. É um ser incompleto e em desenvolvimento e que tem a possibilidade de formar um centro interno de energia… Tal coisa ocorrerá de acordo com o tipo de vida que leve. Conforme os atos realizados sejam coerentes, irá se estruturando um sistema de forças centrípetas a que chamamos “espírito”. Conforme os atos sejam contraditórios e incoerentes, o sistema será centrífugo e, portanto, não terá nascido o espírito ou terá uma conformação elementar sem desenvolvimento. 

Por Silo, no livro “O Olhar Interior”

 

Vitória da Conquista, 15 de março de 2008.

Ensaio revisado e atualizado em novembro de 2010

Edimilson Santos Silva Movér