Municípios com piores Idebs não têm centro cultural ou áreas de lazer. Nas escolas, faltam bibliotecas e laboratórios

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Problemas na qualidade de ensino extrapolam a sala de aula


Victor Wagner dos Santos, de 9 anos, não têm onde estudar ou guardar o material. Tudo fica em uma caixa de papelão

Os estudantes de alguns dos municípios com piores índices de qualidade na educação enfrentam problemas dentro e fora da sala de aula. Na sala de aula, professores com falhas na própria formação e sem cursos contínuos de atualização encaram disparidades que complicam o processo de aprendizagem. Como crianças e adolescentes que não aprenderam a ler e a escrever na idade correta e correm atrás do prejuízo. Muitas vezes, os alunos desinteressam-se pelas lições do professor. Em casa, não encontram o apoio que precisam. As famílias, quase todas com baixo nível de escolaridade, estão preocupadas em driblar a pobreza e a falta de emprego.

Saiba mais

As estatísticas criadas para apontar a qualidade da educação não são capazes de medir todas essas variáveis, que influenciam diretamente o sucesso ou o fracasso de estudantes, escolas e municípios. O iG percorreu, no início do mês, mais de 1.000 quilômetros pela Bahia, Estado que amarga algumas das notas mais baixas do Brasil no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), para conhecer essa realidade por trás dos números.

Na maioria dos municípios visitados, grande parte da população se sustenta com o Bolsa Família. Os municípios, pobres, não oferecem biblioteca, espaços culturais, atividades esportivas ou de lazer. Nas escolas, não há livros ou laboratórios de ciências. Nas casas, falta qualquer material didático e escolar.

Até sexta-feira, o iG publica uma série de reportagens que mostrará os obstáculos ao direito de aprender. Nesta terça, conheça a realidade de Apuarema, Jussari e Dário Meira, municípios com alguns dos piores resultados do Ideb.

O índice

Criado pelo Ministério da Educação em 2007, o índice combina notas dos estudantes em provas de português e matemática, aplicadas na 4ª e na 8ª séries, com as taxas de aprovação dos alunos. O MEC estabeleceu metas para cada escola, rede, município, Estado e para o País a partir do índice. Em 2022, espera que as escolas de 1ª a 4ª séries do ensino fundamental cheguem à nota 6, considerado o desempenho de países desenvolvidos.

Priscilla Borges, enviada especial a Bahia

Foto: Robson Mendes