Marina minimiza resultado de pesquisas
A candidata do PV à Presidência da República, Marina Silva, minimizou ontem os resultados das pesquisas de intenção de voto que, em geral, apontam vitória da candidata petista Dilma Rousseff no primeiro turno e negou que sua campanha seja centralizada na região Sudeste do país, sobretudo em São Paulo. “Eu não vou brigar com pesquisa. Pode ter certeza, nós vamos ao segundo turno para debater o Brasil que interessa aos brasileiros. O Brasil que precisa de educação de qualidade, igualdade e oportunidade para todos os brasileiros. Vamos surpreender, inclusive, os pesquisadores”, disse a candidata.
Marina foi questionada sobre as conversas de bastidores que dão conta de que existem divergências ideológicas no PV baiano com relação ao projeto nacional da legenda. “Nós estamos trabalhando nisso. Vivi uma experiência maravilhosa propiciada por Bassuma, Edson Duarte e nossa militância. O que vimos em Vitória da Conquista foi o povo agregando o nosso projeto. As pessoas queriam nos ouvir e isso não vai mudar o nosso foco. Estamos juntos. O PV fez uma opção programática: eu e Bassuma em cima de um programa e Edson, que, se Deus quiser, será senador também nesse programa”.
A candidata do PV não quis comentar as denúncias que atingem o governo federal, sobretudo, a queda de Erenice Guerra, da Casa Civil, demitida após envolvimento com lobby. “Não acredito na política do quanto pior, melhor”, justificou. “Eu me propus a discutir o Brasil. Eu sou a única candidata que está discutindo a saúde, a segurança pública. Eu não vou para o vale-tudo eleitoral.”
Durante seu discurso na sessão em que recebeu o Título de Cidadã Soteropolitana, Marina voltou a comentar o resultado da pesquisa Ibope, divulgada no início da noite, que a coloca com 11% das intenções de voto. “É isso que o povo vai mostrar dia 3. Quando fui eleita senadora pelo Acre com 70%, as pesquisas me davam 8%”, disse, entusiasmada. A candidata pediu apoio dos jovens para que façam campanha em suas casas e exaltou o título que recebeu. “O Brasil nasceu aqui. Agora sou cidadã dessa terra e aqui nasce a esperança de termos uma presidente com a cara do Brasil”.
Após a sessão na Câmara, a senadora seguiu para o Congresso de Senhoras da Igreja Assembleia de Deus, na Avenida Paralela. Em Conquista, mais cedo, a candidata do PV disse que pretende manter as ações positivas que tiveram início nos governos FHC e Lula, mas garantiu que vai corrigir o que for necessário. “Vou querer pessoas de cada partido que têm histórico de honestidade e competência para administrar o Brasil”.
ATRASOS – Marina Silva chegou à Câmara de Salvador às 19h30 para receber o título, iniciativa do vereador Alcindo da Anunciação (PSL). O evento estava marcado para ter início às 16h30. No entanto, ela chegou em Vitória da Conquista, onde participou de comício com os candidatos Luiz Bassuma e Edson Duarte, ao Governo e ao Senado, respectivamente.
Planalto já sabia de lobby desde fevereiro
O Palácio do Planalto sabia pelo menos desde fevereiro que havia um lobby funcionando dentro da Casa Civil e cobrança de vantagens para intermediar empréstimos junto ao BNDES.
Foi em 1.º de fevereiro que o empresário Rubnei Quícoli, estopim da queda de Erenice Guerra, enviou e-mail para quatro funcionários da assessoria especial da Casa Civil em que reclama da cobrança por fora de R$ 240 mil feita pela empresa de Israel Guerra. Israel é filho da ministra, e teria feito a cobrança para que o processo de crédito de R$9 bilhões fosse acelerado.
Em uma das mensagens daquele dia, Quícoli, consultor da EDRB do Brasil Ltda, pede que o assunto seja levado à então ministra e hoje presidenciável Dilma Rousseff (PT). “Espero de coração que esse e-mail chegue às mãos da dra. Erenice e a (sic) ministra Dilma”, afirma. O documento cita o pagamento mensal de R$ 40 mil e a taxa de 5% (que significaria R$ 450 milhões) em caso de sucesso na operação para financiar um projeto de usina solar.
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