100 Anos do Falecimento do poeta Maneca Grosso. Por Rui Medeiros

 

Há cem anos, na Fazenda Baixa do Arroz, no município de Vitória da Conquista, faleceu Manoel Fernandes de Oliveira, mais conhecido como Maneca Grosso (08 de maio de 1869 – 11 de fevereiro de 1919).

 

Manoel Fernandes de Oliveira, filho de Manoel Fernandes de Oliveira e de Umbelina Maria de Oliveira, nasceu em 08 de maio de 1869, na Imperial Vila da Vitória, nome que então tinha o Município de Vitória da Conquista. Após o falecimento de seu pai, ocorrido em 18 de fevereiro de 1876, sua mãe contraiu núpcias com Ernesto Dantas Barbosa, pessoa com quem o enteado teve excelente relação.

 

Maneca Grosso tinha uma escola em sua fazenda (Baixa do Arroz), onde lecionava. Não teve educação formal, escrevia artigos para jornais (A Palavra, de Conquista, e Diário de Notícias, de Salvador, em seção “a pedidos”), professor, poeta, jornalista e político. A política o envolvia e sua morte tem relação com essa.

 

Em Vitória da Conquista formam-se dois grupos políticos: Meletes (oposição) e Peduros (situação). Embora dessas facções participassem pessoas das mesmas famílias e ambas seguissem o Governador J J Seabra, após a morte do coronel Gugé foi impossível controlar o acirramento das divergências. Os grupos possuíam seus veículos de comunicação: O “Conquistense” era porta-voz dos Meletes e a “Palavra” representava a orientação dos Peduros. Em artigos e versos satíricos publicados nos jornais, Maneca Grosso atacava fortemente os Meletes, especialmente o Coronel Pompílio Nunes, o juiz de Direito da Comarca (Antonio José de Araújo) e o Promotor de Justiça (Virgílio de Paula Tourinho).

 

A mudança da Constituição Estadual no sentido de tornar o cargo de Intendente (então era título do chefe do Executivo Municipal) de eletivo para de nomeação pelo Governador obstaculizava, no entender dos Meletes, sua ocupação do Governo municipal, pois aquela alteração alimentava o continuísmo. Embora se declarassem seabristas, os meletes gradativamente afastavam-se se Seabra por perceberem que este não os prestigiava.

 

Em 05 de janeiro de 1919, Maneca Grosso saiu da cidade para a Baixa do Arroz em companhia de Cirilo, seu amigo. Ambos foram emboscados em Simão, localidade entre Campinhos e Baixa do Arroz. Pistoleiros a serviço dos meletes assassinaram Cirilo e espancaram fortemente Maneca Grosso. Este, tomado de grande dor moral e em consequência dos ferimentos veio a falecer em 11 de fevereiro de 1919.

 

A distribuição de panfletos ofensivos entre as facções, as discussões acaloradas, a morte de Cirilo e o espancamento de Maneca Grosso findaram por instalar a luta armada entre Meletes e Peduros que completou um século no último janeiro.

 

Maneca Grosso deixou poesia publicada em jornais e inéditas, inclusive um livro. Camilo de Jesus Lima pretendia escrever sua biografia. Não o fez, mas dedicou-lhe elogioso artigo, publicado na edição de 28 de janeiro de 1961 de “O Jornal de Conquista”. Nesse artigo Camilo lançou a ideia de construir um obelisco em homenagem ao poeta Manoel Fernandes de Oliveira no Cimo do Morro da Tromba. Chegou mesmo formar-se comissão composta por várias personalidades conquistenses para viabilizar a construção de mencionado obelisco que, um século decorrido da morte do bravo Maneca Grosso, não foi edificado.

 

Os Conquistenses prezam sua história e sobre tudo dois poemas do poeta: Canto do Cisne e do Cimo do Morro da Tromba, os mais conhecidos e lembrados.

 

A poesia de Maneca Grosso foi bastante influenciada pelos poemas de Castro Alves. É o que se percebe em poesias esparsamente publicado em jornal local e em seu livro inédito.

 

 

 

Há cem anos, na Fazenda Baixa do Arroz, no município de Vitória da Conquista, faleceu Manoel Fernandes de Oliveira, mais conhecido como Maneca Grosso (08 de maio de 1869 – 11 de fevereiro de 1919).

 

Manoel Fernandes de Oliveira, filho de Manoel Fernandes de Oliveira e de Umbelina Maria de Oliveira, nasceu em 08 de maio de 1869, na Imperial Vila da Vitória, nome que então tinha o Município de Vitória da Conquista. Após o falecimento de seu pai, ocorrido em 18 de fevereiro de 1876, sua mãe contraiu núpcias com Ernesto Dantas Barbosa, pessoa com quem o enteado teve excelente relação.

 

Maneca Grosso tinha uma escola em sua fazenda (Baixa do Arroz), onde lecionava. Não teve educação formal, escrevia artigos para jornais (A Palavra, de Conquista, e Diário de Notícias, de Salvador, em seção “a pedidos”), professor, poeta, jornalista e político. A política o envolvia e sua morte tem relação com essa.

 

Em Vitória da Conquista formam-se dois grupos políticos: Meletes (oposição) e Peduros (situação). Embora dessas facções participassem pessoas das mesmas famílias e ambas seguissem o Governador J J Seabra, após a morte do coronel Gugé foi impossível controlar o acirramento das divergências. Os grupos possuíam seus veículos de comunicação: O “Conquistense” era porta-voz dos Meletes e a “Palavra” representava a orientação dos Peduros. Em artigos e versos satíricos publicados nos jornais, Maneca Grosso atacava fortemente os Meletes, especialmente o Coronel Pompílio Nunes, o juiz de Direito da Comarca (Antonio José de Araújo) e o Promotor de Justiça (Virgílio de Paula Tourinho).

A mudança da Constituição Estadual no sentido de tornar o cargo de Intendente (então era título do chefe do Executivo Municipal) de eletivo para de nomeação pelo Governador obstaculizava, no entender dos Meletes, sua ocupação do Governo municipal, pois aquela alteração alimentava o continuísmo. Embora se declarassem seabristas, os meletes gradativamente afastavam-se se Seabra por perceberem que este não os prestigiava.

Em 05 de janeiro de 1919, Maneca Grosso saiu da cidade para a Baixa do Arroz em companhia de Cirilo, seu amigo. Ambos foram emboscados em Simão, localidade entre Campinhos e Baixa do Arroz. Pistoleiros a serviço dos meletes assassinaram Cirilo e espancaram fortemente Maneca Grosso. Este, tomado de grande dor moral e em consequência dos ferimentos veio a falecer em 11 de fevereiro de 1919.

A distribuição de panfletos ofensivos entre as facções, as discussões acaloradas, a morte de Cirilo e o espancamento de Maneca Grosso findaram por instalar a luta armada entre Meletes e Peduros que completou um século no último janeiro.

Maneca Grosso deixou poesia publicada em jornais e inéditas, inclusive um livro. Camilo de Jesus Lima pretendia escrever sua biografia. Não o fez, mas dedicou-lhe elogioso artigo, publicado na edição de 28 de janeiro de 1961 de “O Jornal de Conquista”. Nesse artigo Camilo lançou a ideia de construir um obelisco em homenagem ao poeta Manoel Fernandes de Oliveira no Cimo do Morro da Tromba. Chegou mesmo formar-se comissão composta por várias personalidades conquistenses para viabilizar a construção de mencionado obelisco que, um século decorrido da morte do bravo Maneca Grosso, não foi edificado.

 

Os Conquistenses prezam sua história e sobre tudo dois poemas do poeta: Canto do Cisne e do Cimo do Morro da Tromba, os mais conhecidos e lembrados.

 

A poesia de Maneca Grosso foi bastante influenciada pelos poemas de Castro Alves. É o que se percebe em poesias esparsamente publicado em jornal local e em seu livro inédito.

E uma das duas poesia mais belas é:

“Canto do Cisne” – Adeus!

“Adeus, Conquista, meu torrão querido,

Berço florido, que deixei ali.

Onde, inocente, sob um véu de enganos,

Há cinquenta anos, infeliz nasci…

                                Meus umbuzeiros, meus cercados campos,

                                Meus pirilampos lá dos prados meus,

                                Meu céu, meu lar, divinais, formosos,

                                Ouvi saudosos, meu dolente Adeus!…

Velhos amigos que deixei distantes,

Cujos semblantes, ao sair gravei

No pensamento, eu vos peço – abraços.

De abertos braços, se podeis… Não sei!…

                                Meu horizonte, meu nadir, meus astros,

                                Onde meus rastros deixei no chão,

                                Onde vivendo meus seiscentos meses,

                                Tive revezes… Infeliz… Paixão!…

Meu sangue ingrato me fugiu das veias,

E coisas feias emprestaram a mim…

Eu fui malvado, ou feroz na lida?

Pro sangue em vida me deixar assim?

                                Por ti, Conquista, se sofri… Não nego!

                             Nem ti renego, como sabe Deus!

                             És inocente, não me deste a morte…

                             Mas fora a sorte… Fora o Fado… Adeus!…”

Bancos da época em que M. Grosso ensinava.

saiba mais da história de maneca Grosso através do site

http://parnasoconquistense.blogspot.com/p/maneca-grosso.html?m=1