Pós-fim do mundo: delação do Grupo JBS é batom na cueca que abala a República

 

 

Foto: Reprodução/ Expedia

A República não caiu. Ainda. Porém as delações dos irmãos Joesley e Wesley Batista, do Grupo JBS, abalaram ainda mais profundamente a República após a divulgação de que o presidente Michel Temer autorizou a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso pela Operação Lava Jato. Desde a divulgação da primeira lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em março de 2015, as estruturas políticas do Brasil começaram a sofrer danos sistemáticos. A cada novo escândalo, a maioria deles relacionados à Lava Jato, novos atores eram colocados ao centro do furacão e ficavam cada vez mais cambaleantes. Veio, então, a prisão de Marcelo Odebrecht, que culminou, recentemente, com a homologação da chamada delação do fim do mundo. No entretempo, a presidente Dilma Rousseff (PT) foi retirada do Palácio do Planalto, houve uma segunda lista de Janot e, como em um tabuleiro de xadrez, cada peão político foi caindo em agruras, um a um, e restam pouquíssimos jogadores. Paladinos da moralidade ou bastiões da honra, figuras como Aécio Neves e o próprio Temer foram pegos, como se fala popularmente, com a boca na botija. Como se fossem amantes secretos que foram pegos com as calças nas mãos, não resta dúvida de que as gravações dos Batista foram as marcas de batom na cueca que não saíram na lavagem. A delação pós-fim do mundo. Até quando o Congresso Nacional e todas as demais instituições públicas ficarão inertes, assistindo ao esfacelamento da República, é uma pergunta ainda não respondida. As ruas devem ser o destino de quem espera por mudanças.