O ativista cultural Iris Neri do Prado, foi um dos grandes articuladores e mobilizadores das atividades artísticas e cultural de Vitória da Conquista, desde a década de 70, sendo que, nas décadas de 70 e 80, teve uma atuação mais forte. Na efervescência dos movimentos desta era, ele e alguns parceiros foram protagonistas de importantes movimentos culturais na cidade. E nas décadas seguintes, ele se manteve ativo, embora de forma mais amena, e dividia o seu tempo, com a sua empresa de contabilidade, familiares, amigos e os compromissos Devocionais na Igreja Católica – “Seminário dos capuchinos” Paróquia de Nossa Senhora de Fátima. E como fazia parte da direção da Casa da Cultura como vice-presidente – sempre estava presente em reuniões e nas atividades culturais promovidas pela Instituição. E suas atividades só foram cessadas há poucos dias, que passou pelos procedimentos médicos hospitalar e veio a falecer no sábado 10 de fevereiro de 2024.
E dessa forma, participamos as nossas congratulações e sentimentos de pesar – aos familiares, amigos e aos nossos colegas da escola de musica, da Casa da Cultura de Vitória da Conquista. Comendador Gildásio Amorim Fernandes.
MUITO MAIS VOO QUE MERGULHO
Por escritor Esechias Araújo Lima.
É fato que Vitória da Conquista perde um expressivo nome da arte com a partida precoce de Íris Neri do Prado. Consternados ficamos todos nós que o conhecíamos, que o admirávamos e que o respeitávamos como um incentivador da cultura e um homem que transitava, com desenvoltura invejável, por vários segmentos artísticos com muita propriedade, mas revestido de uma simplicidade inimaginável.
Íris, ou Ziu, como o tratávamos nós, seus amigos, abrilhantou sempre todas as atividades religiosas no Seminário Nossa Senhora de Fátima, imbuindo-se de uma fé traduzida nos acompanhamentos, ao piano, dos hinos que ali eram entoados em louvor à transcendência do Criador e dos Santos.
Participou, de forma efetiva e constante, dos eventos da Casa da Cultura Carlos Jehovah, sendo um grande parceiro artístico daquele inesquecível poeta. Em todos os recitais de final de ano, lá estava ele embevecendo os presentes com seu dom para a música. Nunca mediu esforços para transformar todos os eventos da Casa da Cultura em algo fascinante e majestoso. Tanto se dedicou, que chegou à vice-presidência cujo cargo honrou com afinco.
Convidado por Edgard Larry Andrade Soares, quando este exercia a presidência da Academia Conquistense de Letras, atuava nos saraus líteromusicais, vezes ao piano, vezes ao acordeom, mas sempre enriquecendo todas as solenidades. Harmonizava as declamações de Edgard Larry com um acompanhamento suave, de forma a não comprometer o entendimento dos versos.
Descoberto pelo dom de garimpar talentos, próprio de Carlos Jehovah, juntou-se a ele, de forma a contribuir incessantemente para fomentar o teatro como uma manifestação artística de conscientização política e promoção da cidadania.
Com Poliana Policarpo de Magalhães Aguiar, esta na presidência e ele na vice, contribuiu eficazmente para que a instituição tivesse o respeito e o reconhecimento que hoje tem como entidade promotora da cultura, fazendo jus à aprovação nas esferas municipal, estadual e federal.
Num território totalmente oposto, também estava Íris, lidando com números e sua frieza misteriosa, ao exercer, efetiva e eficazmente, a sua profissão de contabilista com escritório estabelecido nesta cidade.
Embora sua presença física já não se faça efetiva entre nós, não se pode afirmar que Íris tenha morrido, posto que, no dizer de Marguerite Yourcenar, “só se morre quando se está só”, e é fato que Íris estará sempre acompanhado de todos aqueles que veem, na arte, um caminho para a libertação.
Sendo assim, Íris, ao partir, fez muito mais um voo que um mergulho, pois o voo eterniza. Seu nome se fará presente nos movimentos culturais, e havemos de dizê-lo “…como se diz uma semente, um pedaço de sol, uma ilha de água, luz e coral”, afirma Roseana Murray.
Enfim, repetindo Padre Fábio de Melo, “a saudade eterniza a presença de quem se foi”.
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