ARTIGO: O Futuro da Logística é VERDE!

Por/Joao Carlos Barbosa Carrara
Até aqui as Transportadoras e os Operadores Logísticos cresceram e se desenvolveram sustentados nos “pilares” da logística convencional, aquela que segue o sentido tradicional, dos fabricantes e canais de distribuição aos clientes finais. Esse também tem sido o foco primário dos Embarcadores na gestão da operação logística.
O futuro, porém, será diferente. É claro que a logística convencional nunca perderá seu valor e importância, mas a logística verde ganhará cada vez mais espaço e se tornará o grande protagonista no cenário mundial.
Mas por quê? Vários são os motivos.
Primeiro, existe e existirá cada vez com maior intensidade uma pressão econômica para recuperar o valor de produtos dentro da cadeia logística. Esse é um dos principais papéis da logística reversa, que tem como função primordial a maximização do valor dos ativos que estão sendo subtraídos do fluxo tradicional. Reduzir custos e minimizar a necessidade de novos investimentos será determinante para o nível de competitividade das empresas, por isso, a gestão da logística reversa será fundamental!
Outro fator importante está relacionado à preocupação com o meio-ambiente. Nesse sentido a logística tem um papel crucial, principalmente ao desenvolver ações que contribuam para os 3Rs da eco eficiência:Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Reduzir significa economizar de todas as formas possíveis. Reutilizar é uma forma de evitar que vá para o lixo aquilo que não é lixo. Reciclar, quando não deu para reduzir e nem reutilizar.Também contribuirá de forma decisiva para o avanço da logística reversa a questão da legislação “verde” (green laws), que tem avançado com grande velocidade nos países europeus. É o caso, por exemplo, da norma WEEE – Waste Electrical and Electronic Equipment ou Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE). A norma WEEE define junto aos Fabricantes os procedimentos adequados para o descarte e coleta de equipamentos elétricos e eletrônicos usados. A implantação da norma WEEE na Europa começou nos países que participavam da União Européia em 13 de agosto de 2005 e aos poucos vem se estendendo por toda a Europa, Ásia e América, através das filiais das empresas com sede na Europa. Outra norma importante, também vigente na União Européia é a RoHS, que também é conhecida como “a lei dos sem chumbo” (lead-free) mas esta diretiva também trata de outras cinco substâncias. Desde de 01/Julho/2006 a norma RoHS proíbe na União Européia a produção ou importação de novos equipamentos elétricos e eletrônicos que contenham níveis superiores ao acordado de chumbo, cádmio, mercúrio, cromo hexavalente, polibromato bifenil (PBBs), éteres difenil-polibromatos (PBDEs); os dois últimos são usados como retardantes de chamas em plásticos. A diretriz cobre uma grande variedade de itens, ao longo de 10 categorias, incluindo grandes e pequenos eletrodomésticos, equipamentos high-tech, TVs, brinquedos, etc.
O aumento da velocidade de inovação em novos produtos e a tendência à descartabilidade também atuam no sentido de reforçar a importância e a necessidade de uma eficaz gestão da logística reversa.Algumas evidências disso:
• redução do ciclo de vida mercadológico dos produtos;
• surgimento de novas tecnologias e de novos materiais em suas constituições;
• obsolescência precoce planejada, visível em setores como informática (desktops e notebooks), automotivo, eletrodomésticos, têxtil (moda) e calçados, dentre outros.
• expectativa dos consumidores por novos lançamentos, aliados aos altos custos para reparos dos bens diante de seu preço de mercado;
• uso intensivo de embalagens descartáveis;
• avanço da informática.
Outros fatores, como por exemplo a questão da imagem das empresas, também contribuirão para avançarmos na gestão da logística reversa, deixando de tratá-la apenas como um processo eventual e contingencial, e transformando-a em um processo regular, contando com uma infra-estrutura logística adequada para lidar com os fluxos de entrada de materiais usados e fluxos de saída de materiais (re)processados.
A capacidade de rastreamento de retornos, o custeio da operação reversa, a medição dos tempos de ciclo, o monitoramento do desempenho dos Fornecedores, etc., nos permite obter informações cruciais para negociações, melhoria de desempenho e identificação de abuso de consumidores no retorno de produtos.
Tanto para Prestadores de Serviços Logísticos quanto para os Embarcadores, a logística verde é uma excepcional oportunidade para obter receitas adicionais e reduzir custos.
Você, Transportador ou Operador Logístico, o que está fazendo para aproveitar essa onda verde? Quais novos serviços estão sendo desenvolvidos nesse sentido? E você Embarcador, quais competências estão sendo aprimoradas para otimizar tanto a sua logística convencional quanto a sua logística reversa?
Trilhar esse caminho não será fácil, mas o que você está esperando para iniciar essa longa,  tortuosa e recompensadora jornada? Transforme risco em oportunidade! Empresas pioneiras e bem sucedidas nisso estão ganhando muito, mas muito dinheiro com a logística verde. Faça parte desse seleto grupo!

 

Autor: Marco Antonio Oliveira Neves, Diretor da Tigerlog Consultoria e Treinamento em Logística Ltda