Wagner confirma que faria aliança só com Borges sem o PR

 

por: Raul Monteiro

Não foi por acaso que os partidos aliados teriam deixado ontem, durante a reunião do Conselho Político, nas mãos do governador Jaques Wagner (PT), conforme revelou o repórter Rafael Rodrigues neste Política Livre (ver aqui), a partir de informações do líder petista Valdenor Pereira, a decisão sobre a coligação proporcional com o PR. Na realidade, Wagner já chegou ao encontro, revelando que deixaria com os partidos a responsabilidade sobre a política de alianças em meio à base, numa alusão direta ao fato de não poder impor aos aliados uma coligação para a eleiçao de deputados estaduais e federais com o partido do senador César Borges.

Wagner fez a revelação aos membros do Conselho, depois de informar que não poderia rejeitar o apoio de Borges, numa outra clara insinuação de que o senador estaria inclinando-se para marchar nas eleições ao seu lado, principalmente porque, segundo contou o governador, ele é hoje o melhor colocado nas pesquisas e, além disso, estaria recebendo apelos abertos do presidente Lula para compor-se com o republicano na sucessão estadual. No encontro, Wagner também confirmou a abertura de uma vaga em sua chapa para o conselheiro Otto Alencar, do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), o que não constituiu, na prática, nenhuma novidade.

O governador não antecipou qual seria o espaço reservado a Otto, mas os presentes rapidamente se encarregaram de especular que poderia ser a vice, posição na qual a campanha exigiria fisicamente menos do conselheiro, colhido por problemas de saúde que todos imaginam temporários, mas que podem exigir-lhe ainda doses de repouso e cuidados inapropriados para uma disputa ao Senado. O governador também se referiu à deputada federal Lídice da Mata (PSB), embora sem fazer referência ao espaço que ocuparia na chapa, provavelmente mais preocupado em sinalizar que ela continua no jogo do que desejariam alguns dos insistentes concorrentes da parlamentar, alguns dos quais incrustrados no próprio PT de Wagner.

O ponto forte das revelações políticas de Wagner aos ilustres “conselheiros políticos” de seu governo foi, no entanto, a confirmação de que ao PR não será oferecido, por ele, a prerrogativa de uma coligação com o chamado chapão, onde se abrigariam as legendas que lhe dão apoio, Mais uma vez aí, os participantes do privilegiado encontro coletivo com o governador fizeram uma análise que, a princípio, não é nada favorável a César Borges, qual seja, a de que lhe foi imposto um dilema quase shakespeariano com sua aceitação na chapa governista.

A avaliação levaria em conta uma suposta condição que Borges teria colocado para aliançar-se com qualquer dos três candidatos ao governo baiano – além de Wagner, Paulo Souto, do DEM, e Geddel Vieira Lima, do PMDB: a de que só fecharia uma composição se ao seu partido fosse dada a coligação na proporcional, condição considerada nos meios políticos como essencial para assegurar, pelo menos, o tamanho atual da legenda na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados. Clareando, o conflito, na verdade, “borgiano”, seria só um: decidir entre salvar a própria pele ou a do partido a cuja dimensão hoje é também atribuído parte de seu “modesto” sucesso como fator de cobiça entre os três candidatos ao governo.