Artigo: PEDIDO DE PERDÃO

Saí de casa para exercer o dever cívico de votar. Encontrei-me com o acadêmico Zé
Walter que fez algumas observações sobre os textos de minha autoria, apresentando
sugestões, segundo seu critério.

Ofereceu-me carona até o local de votação onde também iria votar. No caminho,
falamos da apresentação do escritor e ator global Antonio Calloni e avaliamos o sucesso do
evento quando do lançamento de seu livro “As escrevinhações de Samuel – O eterno”.
Falou-me da sua apresentação na UNEB, a realizar-se no dia 10 de novembro, onde fará
apresentação de seu trabalho literário.
Comentamos sobre os políticos e a indecisão que toma conta de muitas pessoas para escolha
de um candidato tendo em vista das agressões mútuas e que não interessam ao eleitor.

Ao adentrarmos no Colégio Estadual de Brumado (CEB), para votar, uma pessoa o
abordou pedindo-lhe perdão pelas ofensas e impropérios assacados contra ele quando
candidato a vereador, há algum tempo, numa atitude despropositada e impensada, alegando
que no dia estava alcoolizado.

Arrependido, consciência intranquila, motivado pela religião, tentou várias vezes se
escusar, mas não tinha a coragem necessária para fazê-lo, então lhe disse: O momento de
fazer a remissão do desacato perpetrado era aquele. A interpretação é minha contendo a
realidade que atormentava o indivíduo. Foi mais ou menos isso que ele quis expressar.

Estupefato pela atitude do pedido de perdão inesperado, Zé Walter, desfigurou-se,
ficou apreensivo, respirou fundo e relutou em aceitar as desculpas do agressor, mas por fim
tomou a iniciativa de perdoar. Disse Honoré de Balzac: “Pode-se perdoar, mas esquecer, isso,
é impossível”.
Zé esclareceu-me que, quando foi candidato a vereador, já faz tempo, ao distribuir
suas propostas e santinhos, esse indivíduo fez sérias acusações grosseiras e inconvenientes ao
ser abordado para solicitar o seu voto. Os impropérios lhe causaram muita contrariedade.
Teve ímpeto de chamar a polícia, entretanto, desistiu de fazê-lo. Um dos filhos quis tomar as
dores do pai e enfrentar o detrator que o hostilizou, contudo foi desmotivado pelo pai para
evitar cizânia.

“o tempo é o senhor da razão”.

Frente a esse fato acontecido com Zé Walter, lembrei-me da atitude de um cidadão
que me fez uma grosseria imotivada na inauguração da fonte luminosa erguida na Praça
Armindo Azevedo. Havia saído do partido que militávamos e ao cumprimentar o dito, este
virou as costas em resposta se recusando aceitar a minha saudação, mostrando descaso e uma
atitude sensitiva dos fanáticos.

Conclamo para reflexão a mensagem de Zíbia Gaspareto: “Se os homens
descobrissem a finalidade da vida, se pudessem conhecer os próprios valores do espírito
eterno, certamente mudariam suas atitudes e evitariam muitos sofrimentos”.

A vida nada mais é do que uma descoberta de nós mesmos. Muitas vezes cometemos
indelicadezas às pessoas que nunca nos fizeram descortesias. É necessário que o bom senso
prevaleça.

O indivíduo precisa respeitar as pessoas. Zé Walter, antes de qualquer coisa é
professor, advogado, sociólogo e acima de tudo educador, merece o respeito da sociedade
pelo que faz e pratica de positivo. Investe na educação dos jovens e adultos para que possam,
com liberdade, exercer competentemente as suas funções com melhor conhecimento e mais
qualificação.

Candidatou-se a vereador para representar a população e prestar serviço de qualidade
principalmente na sua área. A sua candidatura teve a motivação educacional a qual traz o
progresso e desenvolvimento em seu bojo, uma luta das suas iniciativas. Portanto, os seus
direitos políticos devem ser reconhecidos e seus motivos respaldados na gentileza da
civilidade e não no gravame da agressividade.

Discordar pode. É uma questão de conceito de cada um. Atacar moralmente as pessoas
é ignorância. Não condiz com a realidade democrática nem com a decência comportamental.

Antonio Novais Torres
[email protected]
Brumado em 31/10/2010.
Revisado

 

Antonio novais torres, membro do Conselho Editorial do Jornal do Sudoeste. Natural de Contendas do Sincorá/BA, nasceu em 12/2/1944. É Técnico em contabilidade. É filho de Oflávio da Silveira Torres e de Benvinda Novaes Jardim. Atualmente, está aposentado e em seus momentos de folga escreve como polígrafo.