Otília Soares
O que distingue os seres humanos de outros animais? Certamente a capacidade de pensar e produzir sua vida material; de ter uma religião e de se relacionar uns com os outros produzindo ideias e modelos sociais. A produção de nossa existência tem bases biológicas que implicam a intervenção conjunta dos dois sexos, o macho e a fêmea. A produção social da existência, em todas as sociedades conhecidas, implica por sua vez, na intervenção conjunta dos dois gêneros, o masculino e o feminino. Cada um dos gêneros representa uma particular contribuição na produção e reprodução da existência.
Para os estudiosos poderíamos nos referir aos gêneros como obras culturais, modelos de comportamento mutuamente excludentes, cuja aplicação supõe o hiperdesenvolvimento de um número de potencialidades comuns aos humanos em detrimento de outras. Modelos que se impõem ditatorialmente às pessoas em função do seu sexo. É o que está acontecendo nesse episódio, um modelo construído a partir do pecado de EVA, faz da mulher um ser que já nasce com a CULPA, isso tem raízes históricas, observemos o que diz Engels:
“… a mulher viu-se degredada, convertida em servidora, em escrava da luxuria do homem, em simples instrumento de reprodução. Essa baixa condição da mulher, manifestada sobretudo entre os gregos dos tempos heroicos e, ainda mais, entre os dos tempos clássicos, tem sido gradualmente retocada, dissimulada e, em certos lugares, até revestida de maior suavidade, mas de maneira alguma suprimida.”
Nesse episódio fica implícita a ideia de que “as meninas são pessoas perigosas!” Diante disso, inverte-se a situação, de caçador, o sujeito passa à condição de caçado; de sedutor ele passa a condição de seduzido. Tudo isso para manter o machismo reinante e se auto-reproduzindo. Isso é interessante ao modelo social, apesar de não ter criado o machismo, o sistema encontrou ai um nutriente essencial para sua manutenção, basta elaborar os ajustes da evolução social com a manutenção de alguns elementos tradicionais. Não se questiona o sistema que contribuiu para construção social, cujo processo é coletivo e não individual.
Cabe a nós não tolerar mais esse tipo de comportamento, afinal, isso só serve para demonstrar que nossa sociedade é incivilizada, assim como esse rapaz que se diz movido pelo impulso, afinal, ele não tem condições de pensar antes de agir? Nesse caso ainda vive como Neandertal, cujos hábitos estão muito distantes de nossa sociedade atual.
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