Sem apoio popular, ato das centrais sindicais foi um fiasco
Depois de convocar dezenas de categorias e prometer parar o país, as oito
principais não conseguiram mobilizar a população em defesa de suas bandeiras trabalhistas nesta quinta-feira, no chamado “Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações”.
Ao contrário dos protestos de junho, que nasceram espontaneamente nas redes sociais e foram alavancados pelo Movimento Passe Livre, o ato desta quinta foi convocado e propagandeado pelo movimento sindical. A pauta das passeatas também foi outra: no lugar da redução das tarifas de transporte público entraram antigas reivindicações trabalhistas, como a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais e o fim do fator previdenciário. Nas ruas, a militância uniformizada não teve apoio da população e os atos reuniram apenas militantes de partidos de esquerda e filiados a sindicatos.
Os dirigentes das centrais, capitaneados pela CUT, o braço sindical do PT, também firmaram um acordo para poupar a presidente Dilma Rousseff de críticas. Apenas a Força Sindical, liderada pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), atacou a área econômica do governo, o que tampouco é novidade para a central.
O “Dia Nacional de Lutas” é promovido anualmente pelas centrais, mas tradicionalmente se concentrava em Brasília. Neste ano, entretanto, após a onda de manifestações de junho, os sindicalistas tentaram pulverizar suas ações. Outros movimentos ligados aos partidos de esquerda também tentaram pegar carona nas mobilizações, como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra).
Mobilizações – Com atos em todos os estados e no Distrito Federal, o dia de greve não registrou confrontos com a polícia nem a série de cenas de depredação do mês anterior. No Rio de Janeiro, a marcha concentrou 10.000 pessoas e teve cenas isoladas de vandalismo protagonizadas por manifestantes infiltrados – encapuzados e sem os logotipos das centrais sindicais. Doze pessoas foram presas e oito menores apreendidos após os confrontos.
Em São Paulo, a principal passeata reuniu 7.000 pessoas e bloqueou a Avenida Paulista por três horas. A cidade, entretanto, que havia se programado para um dia de caos, não registrou problemas no trânsito e as linhas de trens e de metrô circularam normalmente.
Os transtornos acabaram sendo registrados nas estradas: pelo menos dezoito estados tiveram rodovias interditadas, a maioria nas regiões Sul e Sudeste. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), foram afetados: Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Piauí, Mato Grosso, Goiás, Paraná, Alagoas, Sergipe, Ceará, Paraíba e Santa Catarina.
Belo Horizonte (MG), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS) tiveram problemas com transporte coletivo. Ônibus funcionaram sem a frota total nas três cidades e metrô e trens ficaram parados nas capitais mineira e gaúcha. Por causa das interrupções, empresas, escolas e universidades suspenderam atividades.
Partidos – Depois de ser hostilizado nas manifestações de junho, o PT conclamou militantes a ir às ruas, mas recomendou que não usassem ostensivamente bandeiras, bonés e camisas da sigla, segundo o presidente do diretório paulista, Edinho Silva. A participação de petistas foi tímida na capital e mais presente no ABC paulista e em Brasília. No Rio, militantes do PSTU e PSOL protestaram contra o governador Sérgio Cabral (PMDB).
Os sindicalistas marcharam seguindo carros de som e empunhando faixas, balões e bandeiras vermelhas (CUT), laranjas (Força Sindical) e brancas (União Geral dos Trabalhadores – UGT).
“Nossas principais reivindicações são o fim do fator previdenciário, da terceirização e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário. Brigamos por elas”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas. (Veja)
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