- O ex-presidente cubano Fidel Castro durante entrevista em fevereiro deste ano
Em um artigo publicado pelo jornal oficial de Cuba um dia após completar 87 anos, o ex-líder cubano Fidel Castro afirma que não esperava viver tanto tempo quando deixou o poder em 2006, como consequência de um grave problema de saúde.
“Estava longe de imaginar que minha vida se prolongaria por mais sete anos”, afirma Fidel no artigo, intitulado “As verdades objetivas e os sonhos”.
“Assim que compreendi que seria definitivo, não vacilei nem um segundo em proclamar no dia 31 [de julho de 2006] que pretendia deixar meus cargos como presidente dos conselhos de Estado e de ministros”, disse Fidel, ao fazer referência ao momento em que decidiu transferir o poder ao seu irmão, Raúl Castro, que assumiu em 2008.
O ex-presidente diz que tinha então pendente o término da revisão do livro de entrevistas Cem horas com Fidel, do jornalista espanhol Ignacio Ramonet.
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“Estava deitado, temia perder minha consciência enquanto ditava, e às vezes adormecia. Apesar disso, dia a dia respondia às endiabradas perguntas e que pareciam interminavelmente longas. Mas persisti até terminar”, conta.
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Passados os piores momentos da doença e nestes anos que segundo ele mesmo não esperava viver, Fidel disse ter tido “o privilégio de ler e estudar muitas coisas” que deveria “ter aprendido antes”.
Chávez, o “melhor amigo”
No artigo, no qual o líder da revolução cubana comenta diversos fatos históricos, Fidel também faz referência à morte do presidente venezuelanoHugo Chávez.
O ex-líder cubano diz que Chávez foi seu “melhor amigo” nos anos em que esteve ativo politicamente e que guarda uma “lembrança especial” do venezuelano.
“Homem de ação e ideias, foi surpreendido por um tipo de doença extremamente agressiva que o fez sofrer bastante, mas enfrentou com grande dignidade e com profunda dor para familiares e amigos próximos que tanto amou. Bolívar foi seu professor e o guia que orientou seus passos na vida. Ambos reuniram a grandeza suficiente para ocupar um lugar de honra na história humana”, diz ao final do texto.
Fidel, que chegou ao poder em Cuba após a revolução de 1959, revela no artigo que em 1980 a União Soviética o advertiu que não estava mais preparada para defender a ilha de um eventual ataque americano.
Ao mesmo tempo, porém, o ex-presidente norte-coreano Kim Il Sung, avô do atual líder da Coreia do Norte, enviou 100 mil fuzis sem pedir nada em troca.
“Decidimos pedir a outros amigos as armas suficientes para contar com um milhão de combatentes cubanos. O companheiro Kim Il Sung, um veterano e íntegro combatente, nos enviou 100 mil fuzis AK e munições sem cobrar um centavo”, afirma.
Marcelino Vazquez/Reuters
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