OS ERROS DE WAGNER E UM CHAMADO À LUTA… QUEM VAI?

Diversas lideranças políticas do PT da região Sudoeste e Serra Geral, há  alguns meses antes das eleições de 2008, estiveram reunidas com o governador Jaques Wagner. Eu estava lá.

O objetivo da reunião foi discutir a realidade nos municípios e buscar o apoio do governador nas eleições daquele ano. O momento era de muita apreensão por parte dos pré-candidatos a prefeito do PT.

Fiel a Geddel Vieira Lima, na busca da governabilidade, o governador reforçou que ficaria neutro em lugares onde o PMDB da primeira hora estivesse disputando a eleição, enquanto Geddel subia em palanques e distribuía aquilo que o Jornal Nacional mostrou na semana passada: uma talhada gorda de recursos federais para obras na Bahia, elegendo e reelegendo seus prefeitos por aí à fora.

Na reunião ficou acertado que nos lugares onde os prefeitos do carlismo tivessem migrado para o PMDB, após a eleição de 2006, Wagner defenderia as candidaturas do PT. Entretanto, não foi isso o que se assistiu: ele falhou com a militância e deixou os petistas à deriva, sem qualquer consideração a história de luta dos companheiros, configurando-se o seu primeiro grave erro na estratégia política. Fazendo alusão à história de Vitória da Conquista, naquele suntuoso palácio se deu, o que só saberíamos depois, o nosso “banquete da morte”.

O segundo erro, foi subestimar Geddel. O Ministro do PMDB aos poucos foi demonstrando seu poder de fogo e de articulação, mantendo, como sempre fez ACM, fidelidade com os seus princípios e com seus pares, ao passo que Wagner, passou a abrir mão dos seus pares, e, ao convidar Otto Alencar para a sua vice, dos seus princípios. Ele próprio asseverou, em entrevista à Rede TV, veiculada no dia 18 de janeiro de 2009, que “quem fizer política somente com princípios vai ficar dentro de um armário”.

O comandante Wagner segue sua estratégia política de governo e de reeleição sob uma falsa percepção de que derrotou o carlismo, esquecendo-se que o carlismo na Bahia (porque no Maranhão ou no Pará, tem outros nomes) não é uma personalidade sepultada, mas um estilo político, uma espécie de instituição informal, que não foi escrita à lápis, nem se pode apagar com a borracha. Oxalá, fosse possível!…

O terceiro erro, foi a presunção em acolher para seu nicho a figura do senador Cesar Borges, que passava pela política baiana, como quem se despede da política. Wagner, meu irmão, o que fizeste?! Deu visibilidade a quem não tinha mais brilho, chamou para o centro da mídia, “a bela adormecida”, com um ósculo que ele sempre negou aos seus defensores da primeira hora, leia-se: os companheiros da esquerda do interior profundo, que foram oprimidos pelo poder do dinheiro e das oligarquias, na campanha de 2008, enquanto ele assistiu a tudo sem sequer acenar com a mão. Por reclamarem da falta de apoio, ainda sofreram as tentativas de “enquadramento” do então Rasputin das Relações Institucionais, quando buscavam, nem cargos, nem obras, no mínimo, a consideração.

Refém dos políticos de centro-direita, e tendo destroçado com a esquerda que o elegeu, e que ousava brotar entre as pedras da desesperança, nos rincões desse estado, o nosso governador parece só acreditar na força da militância da capital, estando exposto ao deboche midiático, depois de tomar um “não”, de quem jamais deveria ter sido convidado para a “dança”, principalmente quando o baile era de “máscaras”.

O quarto erro de Wagner, que é transversal aos demais, é tentar copiar Lula em escalas socioespaciais diferentes. A Bahia não é o Brasil. Ô meu Deus… Em se tratando de estatística política, essa amostra não reflete o todo. Se Lula se dá ao luxo de atrair velhas raposas, não implica Wagner fazendo o mesmo, pois no universo político, existem singularidades que não podem ser comparadas, nem copiadas, na espera de um mesmo efeito. Pode até chegar perto, no concernente aos vices. O José (de Lula) e o Otto (de Wagner), ambos tem o “Alencar”, e, mesmo assim, são historicamente incomparáveis.

O quinto erro… Não sei qual é, mas, com certeza, para a tristeza da militância petista do interior profundo, está sendo construído… Em algum gabinete, por um outro Rasputin qualquer…

Nessa horas de retorno das sombras medievais, oremos, ao Pai Celestial, e levantemos de novo a bandeira vermelha (e esfarrapada) da última hora… Companheiros, ainda não perdemos a guerra! Ainda temos a enobrecedora missão de “comer poeira” de novo em razão do que sonhamos…

Esqueçamos o passado! Admitamos que Wagner é bom, e errou porque foi desumano. E foi desumano porque é humano. E é humano, como todos nós…

Esqueçamos o abandono sofrido nos campos de batalha, porque o orgulho e a mágoa não levam a nada. Abracemos a causa do nosso “algoz”, fazendo por ele, o que ele não soube fazer por si mesmo, e nem por nós…

Façamos pela Bahia.
Tomara que alguém responda…

Luis Rogério

Enfermeiro, professor (UFBA)