Eu vi Brasília A Cidade menina! A cidade criança! A cidade milagre! A cidade esperança!

BRASÍLIA Autora: Magdalena Léa Eu vi Brasília!

A cidade menina! A cidade criança! A cidade milagre! A cidade esperança! Eu vi Brasília! Ritmo e aceleração Retalham-se terras nuas Em avenidas e ruas. Lastra-se a obra em projeto, Os gigantes de concreto Pipocando no sertão, E sangra a terra vermelha. Rubra como centelha, Evola-se fina poeira Em torno da construção. Eu vi Brasília! De noite como de dia, Sua bárbara melodia Ecoando na amplidão. Sinfonia do trabalho: Cantam pedras, tinem ferros, Martela sonoro o malho, Nos longes atroam berros, Geme esmagado o cascalho Sob o rolo compressor, Rangem máquinas, turbinas, Metralha um britador, Zunem e silvam usinas, Trepidam rodas na estrada. Por todo o imenso planalto, Geme na voz de contralto, A sereia agoniada. Gritos, apitos, descargas, Guindastes levantam cargas, Estrepitam caminhões, Despejando aos cem, aos mil, Para intérminos serões, Trabalhadores da noite Enquanto dorme o Brasil. Enquanto, na noite, dorme, Tranqüilo o Brasil enorme, Brasília está desperta. Brasília não dorme não, Pulsa, palpita, lateja Como um grande coração. Eu vi Brasília ao luar! Naquela vasta amplidão De horizontes sem montanha, avultam – visão estranha – Esqueletos de armação, Assim imensos, distantes, Como fantasmas gigantes. E, no veludo da noite, À luz da lua azulada Qual rara jóia cintila O Palácio da Alvorada. Eu vi Brasília A Cidade menina! A cidade criança! A cidade milagre! A cidade esperança!

coloboração   Antônio torres7580127_congresso_297_399