Suposto “patrão” de Dirceu no hotel Saint Peter é um panamenho pobre

É um “laranja” o dono do hotel onde Dirceu pretende trabalhar

 

José Eugenio Silva Ritter, o “patrão” de José Dirceu, é auxuliar administrativo em um escritório de advocacia do Panamá

José Eugenio Silva Ritter, o “patrão” de José Dirceu, é auxuliar administrativo em um escritório de advocacia do Panamá

O jornalista Vladimir Netto, da TV Globo, localizou em uma área pobre do Panamá o homem que seria o presidente da empresaque administra o Hotel Saint Peter, em Brasília, onde o ex-ministro José Dirceu pretende trabalhar. A reportagem foi exibida no Jornal Nacional desta terça-feira (3), deixando claro que se trata de um “laranja”.

O homem que preside a empresa administradora dohotel mora numa área pobre da Cidade do Panamá, capital do Panamá, e trabalha como auxiliar de escritório numa empresa de advocacia. Um dos sócios do hotel é Paulo Masci de Abreu, que aparece como “sócio minoritário” no contrato social da empresa: é dono de uma cota, no valor de R$ 1.

Todas as demais cotas, no valor de R$ 499.999,00, pertencem a uma empresa, a Truston International Inc, com sede na Cidade do Panamá. A Truston está inscrita no registro público do Panamá e tem como presidente um cidadão panamenho, José Eugenio Silva Ritter, aquele homem pobre localizado pelo jornalista. O nome dele, abreviado, aparece, junto aos nomes de Marta de Saavedra, tesoureira, e Dianeth Ospino, secretária.

José Eugênio Silva Ritter mora em uma rua em um bairro pobre na periferia da Cidade do Panamá, mas aparece ligado a mais de mil empresas em um site criado por um ativista anticorrupção. Ele disse que trabalha num escritório de advocacia, o Morgan y Morgan, há mais de 30 anos. E reconheceu que aparece mesmo como sócio de muitas empresas mundo afora. “Trabalho na Morgan y Morgan e eles se dedicam a isso”, afirmou.

 

Saint Peter é o hotel disposto a “empregar” o ex-ministro José Dirceu

Saint Peter é o hotel disposto a “empregar” o ex-ministro José Dirceu

O procurador da Truston no Brasil, como mostra o contrato do Hotel Saint Peter, é Raul de Abreu, filho de Paulo Masci de Abreu. Eles disseram ao repórter da TV Globo que José Eugênio Silva Ritter é um “empresário estrangeiro apresentado por meio de um advogado”. Também afirmaram que a empresa presta contas a José Eugênio regularmente.

A mentira foi desmascarada pelo próprio Ritter, em entrevista a Vladimir Netto: “Eu sequer sei se é o nome de uma sociedade de várias pessoas. Você, por favor, vá lá na Morgan y Morgan, lá com um advogado e tudo, aí eu posso te dar a informação que você precisa. Se me autorizam, se posso falar, te dar as respostas, porque pode botar em perigo meu emprego”.

No órgão que regulamenta e fiscaliza o mercado de capitais dos Estados Unidos consta que José Eugenio Silva Ritter é auxiliar de escritório do Morgan y Morgan, que fica em um prédio no centro financeiro da Cidade do Panamá.

A legislação do país permite que ações de companhias sejam transferidas de um empresário para outro sem que seja necessário informar as autoridades. Isso faz com que seja muito difícil saber quem é o verdadeiro dono de empresas como a Truston International Inc, proprietária do hotel Saint Peter. A Morgan y Morgan não quis se explicar.

A advogada de Paulo Masci de Abreu, Rosane Ribeiro, afirmou que a sócia majoritária da Truston International é a nora dele, a empresária Iara Severino Vargas. E que a nora vendeu a Paulo de Abreu o controle acionário do Hotel Saint Peter. A advogada disse também que o cliente é dono de 60% do prédio onde funciona o Hotel Saint Peter. Os outros 40%, segundo a advogada, pertencem ao empresário Paulo Naya. (Diário do Poder)