Os presidentes do PMDB e do PT, Michel Temer e José Eduardo Dutra, se reúnem nesta quarta (5).
Vão negociar o fechamento de uma chapa conjunta em Minas Gerais.
Participam do encontro Hélio Costa e Fernando Pimentel, candidatos do PMDB e do PT ao governo mineiro.
Foram convocados também os presidentes das duas legendas no Estado, os deputados Reginaldo Lopes (PT) e Antônio Andrade (PMDB).
O PMDB exige o apoio do PT à candidatura de Hélio Costa.
Trata o acerto mineiro como pré-condição para a aliança nacional em torno de Dilma Rousseff.
Em privado, a direção do PT já informou ao parceiro que o acerto de Minas é fato consumado.
Se não vier por bem, virá por imposição do diretório nacional.
O problema é que o PMDB deseja mais do que um simples acerto de gogó. Quer detalhar o acordo.
E prefere que a coisa resulte de entendimento, não de imposição.
A reunião desta quarta ocorre horas depois de Temer ter jantado, na noite passada, na residência de Dilma.
À saída do repasto (foto), a candidata do governo e seu futuro vice despejaram declarações protocolares sobre os microfones que os aguardavam do lado de fora.
“Ouvi com muita alegria a pré-candidata Dilma dizer que se, eventualmente, o PMDB me indicasse para vice ela receberia com muito agrado”, disse, por exemplo, Temer.
O linguajar cuidadoso de Temer é meramente protocolar. Em verdade, o PMDB já o escolheu. Dilma não o convidou. Apenas digeriu um prato feito.
Ficou entendido que a proclamação da vice-candidatura de Temer não se dará antes do fechamento do acordo de Minas.
Temer seria aclamado num Congresso partidário que o PMDB agendara para 15 de maio. Optou-se, porém, por levar o pé ao freio.
Antes do jantar com Dilma, Temer e sua turma já cogitavam adiar o Congresso do PMDB para 23 de maio.
À mesa do jantar, o futuro vice disse: sua indicação formal e o apoio do PMDB à candidatura da anfitriã devem ficar para a convenção, em 12 de junho.
Antes, deseja-se esmiuçar os acordos regionais. Há problemas em sete Estados. Mas o PMDB só quebra lanças por Minas Gerais.
Embora se apresente como candidato ao governo mineiro, Fernando Pimentel, amigo e membro do comitê eleitoral de Dilma, foi rifado por Lula e pelo PT federal.
Tomado pelos desejos do presidente da República e da direção nacional de seu partido, Pimentel vai às urnas como candidato ao Senado.
Tomado pelos planos do PMDB, Pimentel comporia a chapa como candidato a vice de Hélio Costa. Para o Senado, iria o ex-ministro petista Patrus Ananias.
São esses os elementos que descerão à mesa no encontro desta quarta. O PMDB não espera por um acordo instantâneo.
Entre quatro paredes, Hélio Costa diz que a costura, para ser bem feita, exige a montagem de uma operação de convencimento das bases mineiras do PT.
Hélio disse a Lula que, unidos, PMDB e PT tem condições de prover a Dilma uma vitória sobre o rival José Serra no segundo maior colégio eleitoral do país.
Chegou a estimar a vantagem em 2 milhões de votos. Recordou que, na sucessão de 2006, Lula abriu 3 milhões de votos sobre o tucano Geraldo Alckmin.
Acha que a vantagem será menor em 2010 porque Dilma não é Lula. Até por essa razão, considera vital o entendimento entre as duas legendas.
Hélio Costa, obviamente, é advogado de causa própria. Mas Lula, para desassossego de Fernando Pimentel, parece dar-lhe razão.
A favor de Hélio pesa o fato de que ele lidera as pesquisas de intenção de voto. Saboreia índices acima dos 40%. Sem Pimentel, vai a mais de 50%.
Pimentel tenta argumentar que é preciso considerar outras variáveis -as pesquisas qualitativas, os índices de rejeição e o histórico dos candidatos. Lembra que a biografia de Hélio anota duas derrotas.
Prega no deserto, contudo. Nem a cúpula do PT dá-lhe ouvidos. A direção do PMDB muito menos.
Escrito por Josias de Souza às 06h14
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