do A Tarde
A Justiça solicitou o aprofundamento das investigações contra outros 27 policiais militares de Vitória da Conquista, suspeitos de envolvimento nos 11 assassinatos ocorridos em janeiro. O Ministério Público pediu a prisão de 37 PMs, como antecipou A TARDE, na edição de 10 de março. O juiz Reno Soares Viana decretou a temporária de apenas dez policiais e pediu mais diligências para os demais.
Além dos dez PMs que tiveram as prisões decretas, os promotores solicitaram a prisão dos outros 27 porque o nome deles foram citados por testemunhas como partícipes nos crimes. Os membros do MP alegam ainda que os 27 policiais retiraram armas do 9º Batalhão da Polícia Militar sem a autorização do comando, exatamente na noite em que ocorreram os crimes.
O magistrado entendeu que não havia indícios suficientes para decretar a medida cautelar contra os 27. O juiz alega que os nomes deles são mencionados pelas testemunhas esporadicamente.
Em relação às armas utilizadas pelos PMs sem autorização do comando, Reno Viana avaliou que apenas o uso indevido do armamento não é prova do cometimento dos homicídios. Mas o titular da Vara do Juri de Vitória da Conquista avalia que outras provas precisam ser produzidas para garantir que houve a participação deles nos crimes.
Mais respostas O juiz Reno Viana concluiu que não há provas nos autos que atestem a morte de três adolescentes sequestrados na madrugada do dia 29 de janeiro deste ano, quando ocorreu os crimes. No mandado de prisão, o magistrado questiona a investigação sobre o desaparecimento das três vítimas. “É preciso que a apuração dos fatos apresente resposta à pergunta que não quer calar: onde estão os adolescentes Mateus de Jesus Santos (14 anos), Vanessa Santos de Moraes (14) e Jocafre Marques Souza (17)”. Testemunhas relatam que o trio foi levado por homens encapuzados, alguns fardados de PM. O magistrado argumenta que sem a localização dos corpos não existe homicídio.
Além dos três adolescentes desaparecidos e dos 11 assassinatos atribuídos aos PMs,os promotores de justiça ainda investigam se os assassinatos de Manuelito Cordeiro dos Santos e Joab Almeida Novais estão ligados à morte do soldado Marcelo Márcio. Os promotores pediram a prisão dos 37 PMs, em março. O juiz decretou as 10 prisões temporárias no dia 15 do mesmo mês. As prisões ainda não tinham sido cumpridas pela dificuldade operacional das prisões e pela mudança no comando do MP baiano.
10 prisões são autorizadas pela Justiça
Acusados do assassinato de onze pessoas, em represália à morte do soldado PM Marcelo Márcio Lima Silva, ocorrida em janeiro deste ano, dez policiais militares devem ser presos nesta quarta-feira, 5, em Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador. As prisões foram autorizadas pelo juiz Reno Viana Soares, titular da Vara do Juri da comarca, a pedido do Ministério Público. Também devem ser cumpridos mandados de busca e apreensão na casa dos policiais.
A Justiça decretou a prisão temporária do tenente PM Arlande Ribeiro de Almeida e dos soldados Anderson Maciel Silva, Ronildo Vieira da Silva, Emerson Caires Novaes, Adailson Machado de Castro, Marcelo Carvalho Santos, Evandro Andrade Costa, Cristiano Meira Santos, Dilsolon Meira Santos, Handerson Menezes Santos. Os policiais são lotados no 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM/Vitória da Conquista) e na Companhia de Ações Especiais do Sudoeste e Gerais (Caesg/PM).
Depois de cerca de três meses de investigação dos promotores de justiça, que formaram uma força-tarefa criada pelo MP, os policiais militares acusados dos crimes deverão ser presos. Os assassinatos atribuídos aos PMs ocorreram entre os dias 28 e 29 de janeiro, em sequência à morte do soldado Marcelo Márcio. O policial foi assassinado no bairro do Alto de Conquista, na periferia da cidade, por onde passava na garupa da motocicleta de um colega policial militar. Os dois estavam à paisana e alegaram que estavam indo para a casa de um colega de farda, quando foram atacados por um bando de traficantes.
O policial que dirigia a moto conseguiu escapar e acionar colegas que estavam de plantão. Logo em seguida, guarnições da PM, policiais civis e equipes da Polícia Rodoviária Federal realizaram uma operação no bairro para tentar localizar os autores do assassinato. De acordo com denúncia do MP, entre a noite e a madrugada do dia seguinte, policiais militares invadiram casas sem mandado judicial, agrediram pessoas, sequestraram e executaram sumariamente suspeitos, dentro das residências e em vias públicas.
Entre os dez policiais que tiveram prisão temporária decretada, cinco foram reconhecidos por testemunhas. Um deles, além de ser identificado, utilizou armas do 9º BPM na noite dos crimes, sem a autorização do comando.
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