A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, falou ontem sobre a operação da Polícia Federal que prendeu assessores do ex-governador de Mato Grosso Blairo Maggi por desmatamento ilegal. Marina lembrou que foram as pressões de Blairo e dos ministros Reinhold Stephanes (Agricultura) e Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) que a levaram a deixar o governo.
— Maggi fez toda aquela disputa comigo, junto com o ministro Mangabeira Unger e o ministro da Agricultura. Eles se colocaram contra mim de tal forma, querendo revogar medidas de combate ao desmatamento, a ponto de eu sair do governo. Dois anos se passaram e agora a PF mostra que eu estava inteiramente correta. O governador estava fazendo discurso pseudoambientalista e, na prática, destruía florestas.
Segundo a ex-ministra, por pouco o presidente Lula não atendeu a Blairo, que queria revogar as medidas que proibiam o desmatamento:
— Ele (Blairo) se colocou contrário aos dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, queria que Lula revogasse as medidas, e por pouco ele não revogou. Naquela hora saí. As pessoas disseram: “A senadora está sendo inflexível”. Se eu não tivesse saído, Lula talvez tivesse revogado as medidas com a pressão dos governadores, de Mangabeira e Stephanes.
Blairo teve uma conversa telefônica gravada pela PF na qual intercede, junto a um dirigente da Secretaria de Meio Ambiente, por processos administrativos que estavam “enrolados” no órgão. “Anota dois protocolos aí, para você me dar uma resposta porque esse trem tá enrolado”, pediu Blairo, em janeiro, ao então secretário adjunto de Mudanças Climáticas, Alex Marega, um dos presos na Operação Jurupari, que investiga crimes ambientais em MT.
O delegado federal Franco Perazzoni relata quatro processos em que Marega teve atuação “ativa e irregular”.
A PF prendeu ainda o ex-secretário de Meio Ambiente Luís Henrique Daldegan e o ex-secretário adjunto de Gestão Florestal Afrânio Migliari. A Justiça, porém, mandou soltar 38 dos 91 presos. Blairo negou interferência na Secretaria de Meio Ambiente e disse que, em nenhum momento, a conversa “configura solicitação de privilégios”.
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