“Em uma abordagem que prenuncia o cotidiano, os amores, a palavra e o tempo.”
A poesia de André Santos passa a fazer parte do itinerário daqueles que se apaixonam pela palavra literária, que, saindo do estado de dicionário, ganha vida própria e enobrece o nosso misterioso caminhar nesta existência humana.
Mania de poeta representa os passos de um literato que busca inspiração no passado, sem se esquecer do futuro que lhe aguarda ao viver intensamente o seu presente. Sim, o tempo! Esse desapiedado que engole vorazmente nossos dias e nos empurra para o vindouro é temática presente nos versos deste livro.
Em Marcas do tempo, o poeta nos ensina que a vida singela tem sua autonomia ao lidar com o tempo desapiedado, mania de grandeza do Chronos, que tende a aplicar as suas sutilezas até mesmo diante da vida. O tempo que se escorre e passa depressa…! No entanto, a vida, para o escritor, é repleta de artimanhas, as quais driblam o tempo e invade a eternidade, sem tempo.
A temática literária de André Santos considera o tempo como elemento precípuo para se fazer poesia. Mas, não é só o tempo que se é tematizado. O cotidiano, os amores, a palavra (em forma metalinguística), a vida em seus inseguros e variados enfoques, o lar, a natureza, as fantasias de criança, a família… Quanta riqueza de elementos poéticos surge no limiar das letras escritas e vívidas de nosso poeta André Santos.
Em Aconchego, o poeta nos inspira a vivência de uma vida simples somente com a companhia do silêncio dos monges. Uma vida pautada na humildade e contemplação da insigne natureza que ora se mostra tão bela quanto à própria existência humana. É neste ritmo que se insere a poesia Borboletas que vislumbra a noção de liberdade a partir do rosto, que, num movimento de alteridade, torna-se livre para os outros que o veem.
A existência humana tematizada por André Santos se desvela nos versos da poesia A poeira que se fixa, quando o poeta se questiona numa atitude filosófica de se aperceber como um ser existente num mundo circundante repleto de cotidianidades: “ o que levar da vida? / A poeira que se fixa ou a história/ que se finda a cada partida?”.
Mania de poeta, a poesia nossa de todo dia é expressão singela de todo aquele que brinca com as palavras e convive com elas, para, a partir delas, fazer um voo sem direção em torno do pensamento.
Ao leitor, recomendo esta nova obra literária que surge e certamente marcará a sua cotidianidade poética.
Parabéns, André Santos! A poesia agradece o nascimento de um novo poeta!
José Mozart Tanajura Júnior
Presidente da Academia Conquistense de Letras
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