Petrobras registra prejuízo de R$ 3,759 bilhões no 3º trimestre

índice

No acumulado em 9 meses, petroleira acumula lucro de R$ 2,1 bilhões.
Perda no 3º trimestre foi atribuída a dólar mais caro e despesa com juros.

A Petrobras teve prejuízo líquido de R$ 3,759 bilhões no terceiro trimestre de 2015, informou a estatal nesta quinta-feira (12).

No acumulado nos nove primeiros meses do ano, a petroleira acumula lucro líquido de R$ 2,102 bilhões, o que representa uma queda de 58% na compração com o mesmo período de 2014.

“O resultado reflete o aumento das despesas financeiras líquidas em função da desvalorização cambial e do acréscimo nas despesas com juros”, informou a Petrobras.

A companhia disse que, só em função da perda cambial, teve um aumento de R$ 5,396 bilhões nas despesas financeiras.

O resultado do período entre julho e setembro representa uma piora em relação ao trimestre anterior, quando a petroleira teve lucro líquido de R$ 531 milhões. No 1º trimestre de 2015, a estatal obteve lucro de R$ 5,33 bilhões.

No comparativo com os meses de julho a setembro de 2014, o prejuízo foi menor que a perda de R$ 5,339 bilhões registrada no 3º trimestre de 2014.

Segundo dados da Economatica, o prejuízo do 3º trimestre é o terceiro pior resultado trimestral da empresa, na série histórica iniciada em 1993. Perde apenas para o 4º trimestre de 2014 (- R$ 26,6 bilhões) e para o 3º trimestre de 2014 (-R$ 5,339 bilhões).

Crescimento do endividamento
A dívida líquida da Petrobras subiu 43% em nove meses, para R$ 402,3 bilhões no final de setembro. No final de 2014, o endividamento total era de R$ 282 bilhões.

Segundo Ivan de Souza Monteiro, diretor financeiro da estatal, a desalavancagem da petroleira está diretamente relacionada com o plano de venda de ativos.

A Petrobras tem um plano de desinvestimento que chega a US$ 15,1 bilhões até 2016. A estatal disse estar otimista com o projeto.

“Estaremos no exterior na próxima semana e a gente não dá conta da agenda de tanto interesse que é mostrado por empresas e investidores de toda parte do mundo que querem ter a Petrobras como parceira”, disse Monteiro.

O presidente da companhia, Aldemir Bendine, não participou da entrevista de apresentação dos resultados. Foi o terceiro balanço divulgado em sua gestão.

nvestimentos em queda e fluxo de caixa
Já os investimentos totalizaram R$ 55,5 bilhões no 3º trimestre, queda de 11% na comparação com o mesmo período de 2014.

A Petrobras espera investir US$ 23 bilhões em 2015, menos que os US$  25 bilhões projetados em outubro, informou a companhia ao divulgar os números do terceiro trimestre de 2015. O valor é ainda menor e que os US$ 28 bilhões divulgados no plano de negócios 2015-2019.

O lucro ajustado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 15,5 bilhões de julho a setembro de 2015, ante R$ 8,5 bilhões registrados no terceiro trimestre do ano passado.

A Petrobras considerou destaques positivos do terceiro trimestre a maior produção total de petróleo, LGN e gás natural, fluxo de caixa livre de R$ 3,8 bilhões e a melhora no saldo da balança comercial.

“A companhia fechou o terceiro trimestre com o mesmo dinheiro em caixa que ela tinha no começo do ano”, disse Mario Jorge, gerente-executivo da Petrobras, em entrevista. A companhia projeta encerrar 2015 com saldo de caixa acima de R$ 22 bilhões.

Segundo Ivan de Souza Monteiro, diretor financeiro, a companhia captou até maio todo o recurso necessário para 2015, e pretende até o fim do ano captar toda a necessidade para o próximo ano. “A necessidade de captação é zero para 2016”, disse.

Perspectivas de melhora
Questionado pela imprensa, Monteiro disse que, para melhorar a situação da empresa, “a Petrobras não terá uma varinha mágica do Harry Potter”. “A Petrobras vai ter vários processos que, em paralelo, farão com que a companhia melhore”, disse ele, citando a revisão do plano de negócios, a redução do volume de investimentos, a redução dos custos e aumento da produtividade.

Ações em queda
As ações da Petrobras fecharam o dia em queda, com as preferenciais em baixa de 1,81% e as ordinárias com recuo de 2,59%, enquanto o Ibovespa perdeu 0,39%.

No acumulado no ano, os papéis preferenciais da Petrobras têm queda de mais de 23%.

Em valor de mercado, a companhia encolheu mais de R$ 15 bilhões em 2015, segundo dados da Economatica. No fechamento do pregão da véspera, a petroleira estava avaliada na bolsa em R$ 112,1 bilhões, ante R$ 127 bilhões no final de 2014.

No auge, em maio de 2008, o conjunto de ações da Petrobras na Bovespa somou R$ 510,4 bilhões.

Trabalhadores em greve
Os trabalhadores da Petrobras estão em greve desde o dia 29 de outubro, provocando queda na produção diária de petróleo. Na véspera, a estatal fez uma nova proposta na tentativa de encerrar a paralisação.

Os petroleiros protestam principalmente contra o plano de venda de ativos da estatal e de redução dos investimentos.

Investimentos em queda
Em meio ao alto endividamento e preços do petróleo em queda, a Petrobras reduziu, em outubro, em US$ 11 bilhões a previsão de investimentos para 2015 e 2016, e em US$ 7 bilhões os gastos operacionais previstos para o período.

Em setembro, a Petrobras perdeu o grau de investimento na classificação da agência de risco Standard & Poor’s (S&P).

Para a Moody´s, que desde o início do ano considera especulativo o investimento na Petrobras, a desvalorização do real e os cortes de gastos de capital ameaçam a capacidade da companhia para gerar caixa nos próximos anos e enfraquecem seu perfil de crédito.

Perdas com corrupção
A Petrobras está no centro das investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em abril, a companhia calculou em R$ 6,194 bilhões as perdas por corrupção e reduziu o valor de seus ativos em R$ 44,3 bilhões.

O prejuízo causado pelas irregularidades descobertas pela Lava Jato, no entanto, pode chegar à R$ 42,8 bilhões, segundo laudo de perícia criminal anexado pela Polícia Federal (PF) em um dos processos da operação.

A Petrobras reafirmou nesta quinta-feira, entretanto, que o prejuízo calculado pela empresa com desvios é de R$ 6,2 bilhões, mantendo o número anunciado em abril deste ano.

“Não temos nenhuma informação adicional que leve a acreditar que o valore de R$ 6,2 bilhões está equivocado. Está correto e não vai ser alterado”, disse o diretor financeiro Ivan Monteiro.

No final de julho, a Petrobras conseguiu recuperar, após determinação da Justiça Federal, R$ 139 milhões desviados pelo ex-gerente da estatal Pedro José Barusco Filho e pelo ex-diretor de abastecimento Paulo Roberto Costa. Somados aos R$ 157 milhões devolvidos em maio, a petroleira já recuperou R$ 296 milhões.

G1