Uma operação deflagrada na madrugada desta quarta-feira (18) pelo Comando de Operações Especiais da Polícia Civil (COE) cumpriu cinco mandados de prisão e busca em Salvador e região de Jequié. A força-tarefa comandada pelo delegado da 10ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Corpin), de Vitória da Conquista, Odilson Pereira Silva, investiga o assassinato do delegado da Polícia Civil André Luís Serra de Souza, morto a tiros em uma praça da cidade de Ipiaú, em outubro de 2009. No início da manhã de ontem o COE prendeu em sua casa, nos Barris, em Salvador, o delegado José Nélis Araújo, encarregado da Delegacia do 2º Distrito de Feira de Santana, e apontado como o mentor do crime. Em Maraú, a operação resultou na prisão de Antônio Calumby Filho, que dava proteção à quadrilha, que atuava em diversos pontos do estado. Segundo a investigação, a vítima já havia relatado para colegas a presença de Calumby nas redondezas da Delegacia de Ipiaú. Um outro braço da quadrilha foi descoberto em Ubatã, onde foram detidos Manoel Barreto e Manoel Tercino de Araújo, respectivamente pai e sogro do pistoleiro Magno Nogueira da Silva, autor dos disparos, e Luís Santos Neto, conhecido como ‘Neto de Arlindo’, ‘delegado calça-curta’ e também identificado como pistoleiro. Divergências Nélis e Serra atuaram simultaneamente nas investigações do assassinato do ex-deputado Maurício Cotrim, ocorrido em 2007. Naquela ocasião, os dois delegados divergiram sobre a condução da apuração. À época, ambos foram afastados da coordenação regional de polícia. As desavenças entre os dois colegas se intensificaram quando, após tirar seis meses de licença prêmio, o delegado Serra assumiu a Delegacia de Ipiaú, onde José Nélis havia trabalhado, passando a investigar crimes atribuídos a Nélis. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o delegado Nélis, que foi titular, em 2004, da Delegacia de Ubatã, mantinha uma estreita relação com o pistoleiro Magno, que veio a ser morto em novembro do ano passado, na região de Ibirapitanga, na fazenda do pai, numa troca de tiros com a polícia. Segundo informações da polícia, o delegado recebia presentes e dinheiro para encobrir crimes de Magno, pistoleiro que fazia parte de uma quadrilha que praticava extermínio na região, além de atuar também como traficante de drogas. “O mando do crime foi devido às divergências no caso de Mauricio Cotrim e também pelas investigações da ligação de Nélis com Magno. Serra havia descoberto crimes nos quais Nélis estaria envolvido, além de irregularidades administrativas”, explica Odilson Pereira. O delegado da 10ª Corpin informou que, quando Magno esteve preso em Ilhéus, Nélis era coordenador de polícia em Teixeira de Freitas e intercedeu junto ao juiz para a transferência do criminoso para aquele município. De acordo com Odilson, os crimes de Magno eram acobertados pelo delegado Nélis. O mandante do crime também cometeu irregularidades administrativas quando de sua passagem pela delegacia de Ubatã. “O prisioneiro Magno, quando cumpria pena privativa de liberdade na delegacia, ficava solto nas instalações”, relata Odilson Pereira. Conforme o secretário da Segurança Pública, César Nunes, André Serra investigava crimes de homicídios relacionados à partilha de terra, que foram acobertados pelo delegado Nélis. Dois dos coautores ainda não foram encontrados. “O inquérito continua e deverá ser concluído nos próximos dias. Será instaurado um procedimento administrativo para apurar a conduta do delegado Nelis, que pode ser demitido”. O crime No dia 29 de outubro de 2009 o delegado da cidade de Ipiaú, André Luís Serra de Souza, foi assassinado às 18h, quando saia para comer um acarajé na praça da cidade. Um circuito fechado de TV de um posto de gasolina registrou as imagens do momento em que ocupantes de dois veículos e duas motos abordaram o delegado, que foi alvejado com cinco tiros à queima-roupa.
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