Incêndio fora de controle ameaça as nascentes do Rio das Contas

Juscelino Souza l A TARDE

Néia Rosseto/Agência A TARDE

 200609

O fogo já destruiu cerca de 80% de área na Serra do Tromba, na Chapada Diamantina

Piatã – O incêndio provocado pela queda de um raio há uma semana, e que parecia estar sob controle nesta sexta-feira, 15, voltou a ameaçar nascentes do Rio das Contas, além de já ter destruído 80% dos 2 mil hectares da vegetação nativa na Arie (Área de Relevante Interesse Ecológico), na Serra do Tromba, na Chapada Diamantina, entre os municípios de Piatã e Abaíra, a 566 km de Salvador.

Como o fogo – oitava ocorrência este ano – ficou sem controle por três dias, as labaredas alimentadas pelo mato seco e galhos de vegetação rasteira extrapolaram os limites da área, a 1,7 mil metros de altitude, nas proximidades da Serra do Barbado – conhecida como “o teto do Nordeste”, com seus 2.033 metros de altitude.

Segundo levantamentos das brigadas de combate a incêndio, o fogo também consumiu mais de 4 mil hectares na região do Gerais e na encosta de outras serras. Devido às queimas nos últimos anos –  20 a cada 12 meses – a Chapada Diamantina já perdeu 21 nascentes e corre o risco de perder outras quatro este ano, além das três do Rio das Contas. De acordo com ambientalistas, os incêndios ameaçam três nascentes do São Francisco e uma do Paraguaçu, no Rio Coxó.

Dificuldades – Na lista da extinção estão, ainda, os riachos Salitre, Cipó, Funil, Gritadouro e das Pedras, na região da Lapinha, a 30 km da sede de Piatã. As nascentes ficam a 1.673 metros de altitude. O combate aos focos isolados não é tarefa fácil. Além do efetivo de oito homens do Grupamento de Bombeiro Militar de Jequié, o incêndio também passou a ser enfrentado por brigadistas voluntários de Piatã, Palmeiras e do distrito de Catolés, a 33 km de Abaíra.

O combate foi eficaz em Catolés, conforme sustenta o brigadista e secretário de Meio Ambiente de Abaíra Leomagno Arantes. A luta, no entanto, continua e uma das linhas de frente fica na Serra do Atalho. “O contingente é irrisório, por isso o fogo ficou fora de controle nesses quase oito dias”, lamenta o advogado e brigadista Felipe Toé.