Adendo à obra “21”
Singelas ilações filosóficas.
Aqui não trato da evolução biológica.
É uma presunção natural do homem, julgar que no ambiente da vida planetária, somente sua espécie evolui a enteléquia ou espírito. No entanto, qualquer pessoa com um conhecimento mínimo da teoria da ressonância mórfica sabe que todos os seres vivos possuem uma enteléquia capaz de evoluir, enquanto pensarmos que somos “especiais” quanto à evolução da essência do “Ser” ou “isto aí”, que é o “ente” heideggeriano.
Já perguntava Aristóteles! Que é o “ente”? (tì tò ón), este “ente” seria a “coisa-em-si”, e o “vir a ser” de Kant? Seria o “Ser” e o “ente” indistintos entre si? Ou seriam distintos? Eu particularmente, não faço distinção entre o “ente” e o “Ser”. A única distinção que vejo possível, sensível e factível de se fazer é que o ”ente” é “UNO” passivo, não analisável, impessoal, inominável, portanto, inalcançável, estes atributos são atributos oriundos e inerentes ao Ser Maior e Transcendental.
Edimilson Santos Silva Mover
Já o “Ser” em si, é “DUAL”, ativo, alcançável e factível de análise “pelo menos em grupo”, e enquanto “Ser”. Estando o “ente” presente em nós a “priori” e de forma necessária como causa única de nossa consciência existencial, sendo, no entanto de difícil análise. Tenhamos em mente, que esta unicidade causal é inerente e necessária à própria evolução da enteléquia dos humanos!
Enquanto nos julgarmos especiais e únicos! Estaremos vendo a vida “vitae” com os olhos vesgos da estultícia. É fácil comprovar o fato de que o homem evolui, e de que não somente ele evolui, mas todos os seres viventes. Devido às imperfeições de nossos sentidos (a vida é maia), observaremos com diferentes graus de entendimento, ou graus de perspicácia, que cada espécie está sob uma dinâmica evolucionária diferente. Já no caso específico da espécie “Homo”, quando analisamos os fósseis dos “nichos/habitats” dos seus antepassados, num passado remoto, veremos que os hábitos comportamentais do homem primitivo evoluíram, de hábitos instintivos, típicos dos animais até atos comprovadores de comportamentos elaborados e inteligentes, próprios dos falantes. O marco que separa o Homo Sapiens do hominídeo é o reconhecimento do “eu” a que chamo “splenn”, que é a melancolia provocada pelo “espanto” do auto-reconhecimento, neste caso em particular é o mesmo “espanto” dos filósofos pré-socráticos. Já o marco que separa o (Homo Sapiens) do (Homo Sapiens Sapiens) é a aquisição da fala. A este marco eu denomino de “divinização do Homo”, pelo verbo, donde se origina o grande valor dado a palavra “verbo” pelos livros sagrados. Segundo a semiótica, o domínio dos signos sônicos pela mente é o fator propiciador da modificação do aparelho fonador do homo sapiens, para dentro de menos de 100.000 anos transformá-lo num falante, agora já denominado de Homo Sapiens Sapiens, isto é, (O ser que saboreia o saber) e não mais somente (o ser que sabe). Esta transformação deu-se entre 250.000 anos e 150.000 anos atrás.
Segundo a moderna teoria da ressonância mórfica todo o universo evolui incluindo aí, todas as suas leis, e isto, em todos os sentidos. Ora! Se todo o universo evolui por que dentro do âmbito da vida terrestre, em termos abrangentes da (“vitae”), somente o homem evoluiria? Todos os animais próximos do homem evoluíram, e evoluem, e é fácil comprovar este fato. Na realidade toda a vida evoluiu. Veja o exemplo do lobo (canis lupus), compare o comportamento de um lobo selvagem e o de um cão doméstico! (canis familiaris), o último é oriundo do primeiro. Embora desconheçamos o comportamento de um (equus caballus) de 10 milhões de anos atrás, pelo porte devia ser um animal extremamente arredio, não passava de 60cm de altura, com comportamento extremamente diferente de um eqüino atual. Observe a docilidade de uma anta atual (tapirus terrestris), neste caso, já amestrada, e veja se seria possível este tipo de comportamento no seu ancestral de até duas tonelada de peso, num animal deste porte, para alimentar tal massa corpórea não poderia agir docilmente, era disputar a comida ou desaparecer como espécie, e foi o que terminou acontecendo. Num momento dado, a maioria dos animais de porte que não conseguissem fazer longas migrações quando a comida escasseava simplesmente desapareciam. Nestes dois exemplos estão dois animais vegetarianos que no passado tiveram peso ou massa corporal diferente dos seus atuais representantes, e todos os dois evoluíram para a mansidão. O “tapirus terrestris” diminuiu de peso, se adaptando às suas novas condições dentro do novo contexto ecológico, o “equus caballus” ao contrário aumentou de porte, também se adaptando às suas novas condições, e ambos sobreviveram! E inegavelmente, ambos mais propensos para a mansidão, portanto, para a evolução de suas enteléquias.
Observe que citei o exemplo de dois seres, um que continuou selvagem, e outro que foi domesticado pelo homem. Dá para compreender, onde vejo a evolução da enteléquia dos seres inferiores ao “homo”? Embora díspares, ambos evoluíram para melhor, pelo menos numa visão humana foi isto que ocorreu. Tudo me leva a crer que a vida no universo evolui no conjunto, pois, só é observável no “conjunto” e nunca na “unidade”. Embora existam por questões temporais, diversas etapas ou graus de evolução no cosmos.
Compreendida nossa enteléquia como energia; somos parte integrante do grande cosmos desde o seu princípio. Assim, não vejo problema algum em se admitir, de quando da separação do corpo material e da energia ou enteléquia (morte), de que a matéria retorne para a matéria de onde é oriunda, e a energia, alma, enteléquia, ser, ente, ou o que mais quiserdes chamar, retorne para um único e imenso organismo, a que chamo de (Grande Ser), de onde é oriunda toda a vida planetária dos falantes e não falantes, e creio mais! De quando da separação dos dois seres material/imaterial (a que denominamos de morte), a parte material retorna à sua origem, e a imaterial retornará também para a sua origem, que é o (Grande Ser), e então perderá sua individuação, a personalidade construída pelo aprendizado na primeira infância/adolescência e no restante da existência, esta desaparecerá por se tornar inútil. A personalidade de todos os humanos, (indistintamente), é formada durante sua existência, isto já foi comprovado cientificamente, todos conhecem a história de Mala e Kamala, se formos criados por lobos, lobos seremos, não falaremos nem mesmo sorriremos, se formos criados por macacos, macacos seremos. Portanto a conservação da nossa personalidade não é relevante para o “evoluir” da humanidade, portanto ela se torna desprezível e inútil, e é descartada. No entanto como o (Grande Ser) contém a memória de todas as existências de todos os “Seres”, na forma de ressonância mórfica, nas regressões podemos voltar às memórias de todas nossas existências passadas, este fato é que ilude e confunde todos os estudiosos do assunto, pois, como “memória” somos todos imortais.
A vida sendo dinâmica nela tudo muda inclusive os mais arraigados conceitos existenciais. Espero e creio que esta colocação esteja mais de acordo com a realidade universal holística e de uma visão sistêmica da vida, e mais de acordo com a teoria da ressonância mórfica, do Rupert Sheldrake. Na realidade, a idéia que ora exponho sempre esteve comigo, no entanto faltava embasamento para a conservação do que chamam de memória akhásica, com a perda da personalidade adquirida durante a existência, o que ocorre é que nossa memória não é parte integrante da nossa personalidade, na realidade é parte integrante da nossa ressonância mórfica individuada.
Podemos melhor entender o que denomino de (Grande Ser), quando o olhamos como a ressonância mórfica planetária dos falantes, a ressonância mórfica é ampla, imensa e abrange toda superfície do planeta, ela está em todos seus escaninhos. Entendam que o (Grande Ser) não é a Mente Cósmica a que chamo de DEUS. O (Grande Ser) é a vida no planeta, entendida como um único organismo. Onde houver um ser vivo, ali ela estará..
A dificuldade de se observar a evolução do “ente” ou enteléquia fora da espécie “homo” é devido a diferença dos diversos graus de aceleração da evolução entre as diversas formas de vida existentes na vida planetária, esta aceleração é independente do fator tempo. Se assim não o fosse! Os estromatólitos, as células procariontes e depois as eucariontes seriam as espécies vivas dominantes no planeta, e tal não se dá. A vida se desenvolve numa escala de simplicidade para uma escala de complexidade, quanto mais complexa é a espécie, (mais evoluída ela o é, e mais aceleradamente ela evolui), e quanto mais evoluído, o “Ser” também mais evoluída é sua enteléquia, e mais aceleradamente ela evolui. Uma espécie quando próxima do ápice da evolução desenvolve a telepatia e abandona a fala, agora já se tratando de um “Ser” completamente evoluído, quando estiver no ápice da evolução ele abandona totalmente os cinco sentidos, tornando-se autônomo dentro da vida material planetária. Nesta fase ele estará próximo dos anjos, mas, ainda distante da luz. Quando sua enteléquia estiver no ápice de sua evolução, ele (“ser” e “ente”), matéria e espírito terá se tornado LUZ. A perfeição da sabedoria do CRIADOR atinge o infinito ao fazer com que as espécies menos evoluídas mais lentamente evoluam, e as mais evoluídas mais rapidamente evoluam, isto evita o embate entre as espécies, pois nunca haverá duas espécies disputando no ápice da evolução. Fazendo com que, espécie após espécie atinja a LUZ, uma de cada vez, destarte eliminando completamente a disputa pela supremacia no evoluir.
Eis que: após a completa evolução do Homo Sapiens Sapiens, outra espécie ocupará o nosso lugar no planeta. É de se esperar que a espécie “Homo Sapiens Sapiens” não seja a primeira a evoluir até a LUZ…
Este é o meu entendimento do “porquê” da vida em nosso planeta ter este imenso número de espécies com diferentes graus de evolução. Assim tudo se explica, e todas as espécies terão (cada uma), a sua vez.
Espero que estas singelas ilações sejam no mínimo, compreendidas por pessoas de bom senso e com mais evolução espiritual. Fora desta escala evolutiva só advirá, o escárnio, o vitupério e a incompreensão. O grande problema, e maior retardador da evolução da vida! São os infelizes seres da caverna de Platão, que infelizmente, ao que se sabe são representados pela absoluta maioria da humanidade. A sorte é que esta absoluta maioria não lerá meus escritos, Senão! Eu não poderia prosear no beco, seria porrada após porrada.
Vitória da Conquista,15 de junho de 2009
Revisado em novembro de 2010
Edimilson Santos Silva Movér
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