Artigo: A CONFIANÇA USURPADA

 

 ANIVERSÁRIO BRUMADO E ALAB 153[1]

 

 

 

 

“Quando a sabedoria é demais, vira bicho e engole o dono”.

 

 

Ex-mecânico, sempre fez inúmeros amigos que dedicavam-lhe admiração, pelo modo de ser e o tratamento dispensado.  Através de suas inclinações comerciais, tornou-se empresário do ramo de autopeças, conquistando uma grande freguesia, tornando-se referência no setor.

 

A empresa cresceu e foi necessário contratar empregados. O empresário optou por dar serviço aos familiares, contudo, não tinham experiência em vendas, porém desempenhavam as suas funções de forma confiável o que dava tranquilidade ao contratante.

 

Soube que em uma cidade vizinha uma firma, da mesma atividade, estava falindo e possuía um empregado que se destacava pela experiência, campeão de vendas na empresa, um expert no comércio de autopeças.

 

Discutiram os prós e os contras e chegaram a um denominador comum. Trataram de salários, a sua vinda para a localidade proposta, aposentos e a promessa de passado o período de experiência, dar-lhe o status de chefe.

 

O recém contratado angariou não só o entusiasmo como também a confiança do novo-rico empregador que cria piamente em sua competência. Modernizou a empresa, instalou computadores, redistribuiu novas tarefas aos empregados, acrescentou oficina à firma visando maior lucro, ditava ordens; tudo isso com o consentimento do patrão que via o colaborador com bons olhos e se orgulhava do seu trabalho administrativo.

 

O comerciante ascendeu a uma camada social mais alta, sendo assim tratado como exemplo de quem subiu na vida pelo mérito do trabalho e da competência, embora a elite fizesse as suas restrições quanto ao seu comportamento pelas regras de convivência por ela adotada.

 

No aniversário do chefe, muito badalado, o funcionário, agora chefe de vendas, era quem dava o melhor e mais caro presente. A ostentação e a generosidade de perdulário que passou a frequentar festas chamou a atenção. Mas ninguém tinha a petulância de comunicar as suspeitas, por receio de incompreensão do comerciante. Cientificaram, então, os familiares, que passaram a investigar o dito.

 

O indigitado todos os finais de semana ia para a sua cidade rever familiares, conforme alardeava.

Fora flagrado com a boca na botija. Levava no carro várias peças, as de maior valor. Contumaz no procedimento, já havia montado uma casa de peças e comprado imóveis tudo surrupiado do novo-rico que cria na honestidade do empregado que o decepcionou ao adquirir riqueza ilícita às suas custas.

 

Surpreendido e destituído de qualquer iniciativa não comunicou à policia o ocorrido, não quis se vingar do larápio. Ficara decepcionado, pois, não esperava dele procedimento criminoso. Ganhava o suficiente para não se perverter. Ocorre que o cachimbo é que põe a boca torta e a facilidade é que faz o ladrão.

 

Após ouvir opiniões diversas, o patrão descobriu que o larápio cultivava uma poupança gorda. Assim tratou de reaver esse dinheiro. Mediante essa providência, o ladrão cara de pau, tomou a iniciativa de processá-lo, por falta de provas, coagindo o ex-patrão com ameaças de exigir indenização por danos morais.

 

Não podendo manter o controle das atividades de seus empregados e para não ter surpresas convém mantê-los sob controle, afinal é prudente confiar desconfiando.

 

Ao desprestigiar os demais empregados em detrimento do novato cometeu o erro imperdoável do menosprezo e da infalibilidade da indefinição do homem.

 

“Quem vê cara, não vê coração”.

 

Antonio Novais Torres.

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Brumado em 18/10/2010.

Revisado