(Prosa poética)
As coisas que mais amamos costumam simplesmente desaparecer.
Cadê você? Evaporaste, desapareceste de minha vida!
Que mal vos fiz? Porque te desintegrastes tão sutilmente?
Nem partículas quânticas de vós eu vi na despedida
Procurei em vão nos desvãos do ódio vil e inclemente
Que mata e machuca os corações de forma dolorida,
E não vos encontrei! Nem mesmo o teu cheiro deixaste!
Não gostavas mais de mim! Isto eu notava sabiamente,
Sumindo assim de vez, vi que eu sou somente um traste,
Não achei nem os quarks de que foi feita a tua partida,
Não só partiste de vez, também meu coração partiste!
Fez-me lembrar os versos tristes de Camões que eu lia!
Trocaste-me pelo ódio, daí tornei-me um ser bem triste,
Labão pai de Raquel, eis que trocou Raquel por Lia!
Vi-me sozinho, pasmo e mudo, pois simplesmente sumiste!
Preferiria servir Labão mais sete anos, mesmo em vão!
Para poder sonhar com o dia que a mim retornarias,
Com os mesmos sonhos e anseios do nosso amor fremente,
Vivendo da esperança de um dia ser de novo a tua paixão,
Imagem translúcida e holográfica do meu amor ausente!
Materializada de forma efêmera, no ar, em visão virtual,
Pouco importando se eu estivesse morto ou vivo neste dia,
Tentaria lépido, vos ver, e vos sentir bem perto e sensual,
Somente por um momento fugaz ver-te passar esvoaçante!
A lembrança do teu sorriso, na escuridão resplandeceria,
Num sutil relance ver passar nove anos desse amor alucinante,
Sofrendo, esperando e sonhando com o dia em que vos reveria,
Transubstanciaste em ódio o amor maior dos dois amantes,
Quero que me perdoes! O vil destino fatídico ainda nos separaria,
Não vos culpo! Assumo a culpa pelos meus erros delirantes,
Mas a vida é mesmo assim e vós, com outra nunca me dividiria,
Só nunca esperava que o teu ódio, um dia, ainda nos separaria,
Trocaste-me pelo ódio, e por nada neste mundo eu vos trocaria…
Vitória da Conquista, Ba. – 09 de dezembro de 2006
Edimilson Santos Silva Movér
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