Em cerca de um ano da pandemia no Brasil, dois a cada três pacientes intubados por Covid-19 morreram nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do país. Em geral, a mortalidade entre os que precisam de cuidados intensivos nos hospitais brasileiros é o equivalente a um terço desses infectados. Os dados são do projeto “UTIs brasileiras”, realizado pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) em parceria com a empresa Epimed. O levantamento considera mais de 98 mil internações em 648 hospitais privados e públicos desde 1º de março de 2020, dias após a confirmação do primeiro caso de coronavírus no país. Os resultados foram publicados inicialmente pelo Uol e confirmado pela Revista Época. De acordo com o relatório, a mortalidade de todos os pacientes com Covid-19 nas UTIs corresponde a 35,2%, percentual que é bem maior quando levados em conta apenas os hospitais públicos, onde essa taxa chega a 51,6%. Em contrapartida, nos privados, o índice é de 28,5%. Esse número dobra ao analisar somente os infectados que necessitaram de ventilação mecânica. No total, 66,3% morreram entre os 46,3% que foram intubados. A rigor, o método é usado em quadros em que a pessoa tem um alto nível de comprometimento do pulmão, o que dificulta a respiração nos casos mais graves da Covid-19. Em relação àqueles que não precisaram da ventilação mecânica, a mortalidade é de 9%, segundo o monitoramento.
O projeto aponta ainda que o tempo médio em que um paciente passa intubado é de 13,1 dias, índice considerado alto para os padrões entre casos em que a ventilação mecânica é necessária. Em hospitais particulares, esse prazo chega a 14,2 dias, enquanto nos públicos é de 11,6 dias. Já o período médio em que um infectado fica internado em uma UTI brasileira foi de 12,2 dias. Quanto ao perfil do paciente das UTIs, o levantamento expõe que a maioria dos doentes é do sexo masculino, representando 59,8% frente a 40,2% do sexo feminino. Os contaminados cuja idade é igual ou inferior a 65 anos correspondem a 45,7% dos casos. Atualmente, a ocupação das UTIs na rede pública supera os 80% em mais da metade dos estados brasileiros. Ao menos, 781 pessoas aguardam leitos em seis estados e no Distrito Federal.
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