Foto: Reprodução / Governo do estado
Até o final do mês de maio deste ano, o governo federal teria gasto apenas 30% da verba prevista para a compra de vacinas contra a Covid-19. O levantamento feito pelo portal Metrópoles aponta que, dos R$ 22,29 bilhões que estavam autorizados para tal destino, apenas R$ 6,9 bilhões foram efetivamente usados para a aquisição de imunizantes.
Realizado com base nos dados publicados pelo Painel de Monitoramento dos Gastos da União para a Covid-19, do Tesouro Nacional, o levantamento demonstra ainda que no ano passado a gestão Bolsonaro também usou apenas uma parcela do montante liberado para esse fim: R$ 2,2 bilhões de R$ 24,51 bilhões (9% do total). Tecnicamente, os valores que ainda não foram honrados ficam como “restos a pagar”, no orçamento do ano seguinte.
Dados do Ministério da Saúde (MS) revelam que até o final do levantamento, haviam sido distribuídas 114,2 milhões de doses do imunizante possibilitando que cerca de 60 milhões de brasileiros receberam a primeira dose e 24 milhões, a segunda. Isso corresponde a apenas 28% da população.
O governo federal vem sendo criticado por especialitas pela demora ao fechar acordos de compra de doses das vacinas, no entanto, o MS afirma que já tem conversas adiantadas para adquirir mais 500 milhões de doses.
Em entrevista ao portal Metrópoles, o diretor-presidente do Instituto OPS, entidade que fiscaliza as contas públicas, Lúcio Bigent afirma que além dos recursos financeiros, imunizar os brasileiros contra a Covid-19 requer um complexo sistema envolvendo recursos humanos que vai desde a fabricação da vacina até a sua aplicação.“Em meio a tudo isso estão aqueles que detêm o poder de fazer essa engrenagem, vagarosamente, girar”, pondera ao comentar o ritmo de compra e de imunização.
Para o especialista, a estratégia do Brasil foi um “fiasco”. “Fazer o Brasil figurar depois da 70ª posição entre os países que proporcionalmente mais vacinaram no mundo é um fiasco para quem sempre foi referência no quesito vacinação em massa. Essa é uma demonstração clara de que estamos perdendo a batalha para a ineficiência. O resultado disso está diante dos nossos olhos. Hospitais lotados e milhares de vidas perdidas todos os dias”, critica.
Já o órgão federal divulga números contrastantes aos publicados pelo Tesouro.De acordo com a pasta, a dotação autorizada foi de R$ 30 bilhões, dos quais R$ 27,5 bilhões empenhados (91,5%), ou seja, comprometidos com fornecedores de vacinas ou outros bens ou serviços necessários à imunização. Desse montante, os pagamentos alcançam R$ 8,8 bilhões, o equivalente a 29,4% da dotação autorizada. “É importante mencionar que a última MP, a nº 1.048/2021, é de 10 de maio, ou seja, foi editada faz 30 dias”, detalha a pasta, em nota.
O Ministério da Saúde informou ainda que o dinheiro é usado de acordo com a entrega dos produtos. “Os pagamentos ocorrem em regra, de acordo com as entregas dos bens ou serviços, estando assim os desembolsos associados com os cronograma de entregas contratados”, frisa o texto.
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