Ministro da Cidadania disse que Renato Bolsonaro tem um jeito “suave” que “dá vontade de ajudar”
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Durante entrevista para o jornal O Globo, o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos-BA), confirmou que Renato Bolsonaro, irmão do presidente Jair Bolsonaro, atuou para liberar recursos da pasta para Miracatu, município paulista onde Renato é chefe de gabinete da prefeitura local. Miracatu foi beneficiada com o empenho de R$ 35 milhões em verbas da União no final de 2021. Desse valor, R$ 9,5 milhões saíram da pasta comandada por João Roma.
O ministro da Cidadania contou que Renato Bolsonaro tem um jeito “suave” e, por isso, teve vontade de ajudar. “Ele é irmão do presidente, circulou (nas outras pastas) e, talvez até pelo jeito dele, suave, todo mundo tem vontade de ajudar o cara. Dá vontade de ajudar. Mas (ele) não é aquela pessoa que fica vendendo prestígio. Não é dessas criaturas que a gente vê em Brasília a vida toda”, observou o ministro.
O encontro entre Roma e Renato Bolsonaro, que selou o envio dos recursos para Miracatu, aconteceu no fim do ano passado no Palácio do Planalto. “Eu estive com ele em novembro, e ele comentou comigo que tinha uma ação lá no município. Encontrei com ele duas vezes, já. Em uma delas, lá no Planalto. Ele comentou: ‘Ministro, tem uma obra de uma quadra lá no município’. Tinha algum imbróglio burocrático, que obstruía”, explicou João Roma.
“Você sabe que recebi o apelido de ‘João Solução Roma’. Ele (Renato) comentou comigo: ‘Ô, ministro, tem um negócio para resolver no município’. Parece que ele estava há um ano e meio batendo cabeça com essa quadra. Aí, eu anotei e resolvi. Na semana seguinte, já tinha resolvido o assunto e eu tinha dotação orçamentária. Resolvi rápido”, completou o ministro.
Após o empenho, ressalta João Roma, Renato Bolsonaro o procurou para agradecer. “Ele me ligou e disse: ‘Ô, ministro, muito obrigado, pensei que isso não ia resolver mais. Não sei o que…tal’. Desse jeito”, conta. Questionado se não vê conflitos de interesse em “ajudar” o irmão do presidente, já que a prefeitos do país não tem sequer acesso a ministros de estado, João Roma se defendeu.
“Sinceramente, não vejo não. Ele é irmão do presidente, mas ele tem legitimidade, trabalha lá no município. A função dele é essa mesmo. Se ele tivesse um escritório de lobby, aí havia um grande conflito de interesse. O ruim são as coisas nebulosas, as coisas escondidas. O cara não é uma eminência parda”, afirma.
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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