Antes da cerimônia em que recebeu oficialmente da prefeita Sheila Lemos o cargo de prefeito em exercício de Vitória da Conquista, na tarde de hoje (1º), no auditório do Cemae, o presidente da Câmara, Luís Carlos Dudé, encontrou-se com a ex-vereadora, ex-vice-prefeita e ex-secretária municipal de Desenvolvimento Social, Irma Lemos, conhecida de muitos anos. “Há pouco, contei várias histórias. Todas verdadeiras”, disse, com os olhos levemente marejados, enquanto a abraçava demoradamente.
Minutos depois, foi a vez de abraçar Sheila, outra amiga de tempos idos. Para ser mais exato, são mais de 35 anos de uma convivência entre as famílias Oliveira e Lemos Andrade, que Dudé qualificou como “uma relação de muita amizade e respeito”. A relação remonta à década de 1980, quando, junto com outros amigos, os jovens Sheila e Dudé se envolviam na organização de desfiles de moda para a loja de propriedade de dona Irma – a mesma loja onde Dudé, ainda garoto, costumava vender picolés.
“Minha família é humilde. É uma família de muita luta. Já vendi picolé e cocada na rua, e também fiz carrego na feira. E, se fosse preciso, eu faria tudo de novo”, contou o vereador.
Dudé nasceu há 50 anos no bairro Alegria, numa área da zona oeste de Vitória da Conquista em que também estão os bairros Jurema e Brasil. “Sou nascido e criado ali no Alegria”, orgulhou-se o parlamentar, enfatizando que vive até hoje na mesma casa onde veio ao mundo, em 22 de setembro de 1971.
Tradição familiar religiosa
Enquanto fala, Dudé ostenta na lapela do terno um broche com o brasão da Prefeitura de Vitória da Conquista – a qual, pelas próximas duas semanas, estará sob sua responsabilidade, enquanto Sheila Lemos aproveita as férias garantidas pela Lei Orgânica do Município. O brasão divide espaço, na mesma lapela, com outro broche, que reproduz a imagem clássica de Nossa Senhora Aparecida. Não é por acaso. Afinal, a convivência com a Igreja Católica é uma tradição familiar.
A mãe de Dudé, dona Geni, hoje com 83 anos (que, por motivos de saúde, preferiu não comparecer à cerimônia), orgulha-se de rezar o terço três vezes por dia. E costuma mandar mensagens à prefeita Sheila Lemos e a dona Irma, através de Dudé, informando-lhes que está “diariamente rezando por nós e por Vitória da Conquista”, conforme relatou o vereador. A proximidade com o clero também se evidenciou pela presença, na cerimônia de transmissão do cargo, de um amigo de Dudé: o padre Gérson Bittencourt, vigário-geral da Arquidiocese de Vitória da Conquista, que comandou um momento de oração ao final da cerimônia. Além do sacerdote, acompanharam Dudé a esposa, Marta, e os filhos Felipe, Marina e Mariana, além de irmãos e irmãs.
Político desde a adolescência
O pai de Dudé, Ariomar Pacheco de Oliveira, falecido em 2010, aos 72 anos, foi quem lhe deu o apelido que se incorporou de tal forma à sua figura, a ponto ser oficializado como um “nome de guerra”. Seu Ariomar, que trabalhou durante anos como mestre-de-obras na Prefeitura, também tinha um “nome de guerra”: Seu Bai. Através dele, a quem descreveu como “um homem simples e de retidão”, Dudé conviveu bastante com o ex-prefeito José Pedral, com quem afirma ter aprendido sobre os trâmites da vida política. “Aprendi muito com Pedral, um dos mais importantes políticos da história de Vitória da Conquista. Foi meu professor”, informou.
Office-boy, radialista e vereador
Ao longo da primeira metade da década de 1990, Dudé trabalhou em diferentes setores da Prefeitura, como o almoxarifado central, as secretarias de Serviços Públicos, Desenvolvimento Social e Comunicação. Em 1998, por influência de seus contatos na Igreja Católica, iniciou-se no rádio, no qual militou, principalmente, como um jornalista especializado na cobertura esportiva e na prestação de serviços. Passou por diferentes rádios, como a Rádio Vida, ligada à Igreja, a Líder, em Ituaçu, e a Rádio Comunitária, de Tremedal. Em Vitória da Conquista, sua voz foi ouvida nas rádios Cidade, Clube (na qual entrou por intermédio do radialista e ex-prefeito Herzem Gusmão), Transamérica, Uesb FM, na qual esteve por mais de três anos, e Brasil FM, onde mantém um programa diário até hoje.
Em 2000, Dudé disputou pela primeira vez uma vaga na Câmara de Vereadores, mas não foi eleito. Voltou a se candidatar, desta em 2016 e foi o quinto mais votado no município. Reelegeu-se em 2020. Desde 2021, é o presidente da Câmara – a mesma Casa Legislativa onde trabalhou em 1989, como office-boy. Além de atuar no Poder Legislativo, foi também líder comunitário, na associação que reúne moradores dos bairros Alegria e Orfanato.
Honra, orgulho e continuidade
Ao transmitir o cargo de chefe do Executivo Municipal a Dudé, Sheila Lemos resumiu a importância do ato. “Não tenho dúvida de que aqui se registra um momento histórico da maior grandeza”, definiu. “Faço isso com a maior tranquilidade, um misto de honra e alegria, porque o presidente da Câmara, Luís Carlos Dudé, é um amigo de muitos anos”, acrescentou.
Ao falar em momento histórico, Sheila se referia ao fato de que ela, uma mulher (a segunda a gerir o município, já que a primeira ainda de forma interina, foi sua mãe, Irma Lemos), passava o cargo a alguém nascido na zona oeste da cidade.
“O menino do bairro Alegria andou com os maiores políticos da história de Conquista. E aprendeu muito com eles. Sucesso, Dudé. Conquista o abraça neste momento”, felicitou a prefeita.
O vereador agradeceu e retribuiu o gesto de Sheila. “É muita honra e muito orgulho. Mas, acima de tudo, muita responsabilidade”, admitiu, sobre o pioneirismo entre os moradores da área oeste. “Quero dizer que o menino do Alegria vem para trazer ainda mais alegria para Vitória da Conquista e para o seu governo”, afirmou.
“Assim, prefeita Sheila, vamos dar continuidade a tudo o que a senhora vem fazendo”, concluiu Dudé.
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