22 de novembro de 2024

(77) 98833-0195

Polo Têxtil de Vitória da Conquista: agentes de pesquisa da PMVC participam de capacitação para elaboração de diagnóstico econômico da região.

Como parte da primeira etapa do projeto de implantação do Polo Têxtil de Vitória da Conquista, a equipe do engenheiro têxtil Kanji Kato, que presta consultoria à Prefeitura Municipal nessa empreitada, reuniu oito jovens para uma capacitação na manhã deste sábado (15), na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico (SMDE). O grupo foi selecionado a partir de um processo de triagem baseado em entrevistas, que envolveu ao todo 60 candidatos.

Kanji Kato coordenou a capacitação dos agentes de pesquisa

Em aproximadamente 20 dias, os oito candidatos escolhidos, já devidamente capacitados, deverão atuar como agentes de pesquisa em diferentes áreas do entorno de Vitória da Conquista, abrangendo vários municípios num raio de 350 quilômetros. A missão da equipe será a elaboração de um diagnóstico sobre o perfil e as potencialidades econômicas oferecidas por essa região, no que diz respeito ao setor têxtil.

Cada agente vai percorrer empreendimentos comerciais de pequeno, médio e grande porte, fazendo entrevistas com os empreendedores e identificando as características específicas da área pela qual ficou responsável. “Não temos distinção entre empresa pequena, média ou grande. Todas têm o mesmo valor”, justifica Kanji Kato, cujo currículo inclui uma experiência de mais de 50 anos de trabalho em diferentes segmentos do ramo têxtil.

“Esta etapa é muito importante, porque será a busca de futuros parceiros para o projeto que vamos executar. Não adianta projetar um empreendimento desse porte sem saber o que os futuros parceiros esperam. Temos que trabalhar de acordo com a afinidade de cada região”, explica o consultor.

Essas afinidades serão apontadas com base no trabalho que será feito pelos agentes de pesquisa. “Com essa capacitação, temos o start objetivo, por parte da Faep e da K. Consultoria. As pessoas vão fazer as pesquisas que indicam os caminhos por onde deve trilhar a implantação desse projeto”, analisa Paulo Williams, coordenador de Apoio à Indústria e Comércio da SMDE.

Diagnóstico do mercado nos municípios

Os participantes da capacitação já estão cientes das responsabilidades que terão nas próximas semanas. Allan Pedro Oliveira, 25 anos, que mora em Poções, ficou responsável por percorrer estabelecimentos do ramo têxtil em cidades próximas como Iguaí, Ibicuí e Nova Canaã, entre outras que totalizam um raio de aproximadamente 150 quilômetros.

Allan Pedro (de jaqueta) vai fazer suas pesquisas na região de Poções

“É uma pesquisa de campo para fazer uma análise de como funcionam os meios têxteis da região. O pessoal que já trabalha com costura, com estamparia, para dar mais uma noção para o pessoal da empresa e uma visão mais geral sobre a qualificação do pessoal da região”, contou Allan Pedro.

Henrique (de bigode) e os colegas vão elaborar diagnóstico do mercado têxtil em diferentes localidades, num raio de 350 quilômetros

Já Henrique Antônio Macedo, 25 anos, deverá se deslocar dentro de um raio aproximado de 70 quilômetros, passando por localidades situadas na chamada Bacia do Paramirim, como Ibipitanga, Boquira, Paramirim e Macaúbas, onde mora. “A gente vai passar em lojas e fazer as perguntas direcionadas. Vamos saber mais ou menos como é o mercado no município e qual é a maior demanda, se é lingerie, camiseta, calça, cueca ou meias. Vamos ter uma estatística para destinar para cada região um diagnóstico. A pesquisa de campo será com o intuito de ter uma melhor percepção do mercado têxtil nos municípios”, informou o agente de pesquisa.

Renovação de ciclo econômico

Segundo Paulo Williams, as expectativas do Governo Municipal são grandes, em relação ao projeto do Polo Têxtil. O objetivo inicial é que nos primeiros dois anos sejam gerados pelo menos oito mil empregos na região de Vitória da Conquista. E o surgimento dessas novas oportunidades de trabalho, de acordo com o coordenador, deverá se intensificar com o tempo. “Com cinco anos de implantado, e com a sua maturação, já deverá estar gerando algo em torno de 50 mil empregos, entre diretos e indiretos”, prevê Williams. “Assim, a gente começa uma nova etapa no ciclo de desenvolvimento econômico de Vitória da Conquista. Um ciclo que renova o primeiro movimento acontecido com a implantação do ciclo do café”, conclui.

Paulo Williams: “Projeto será uma renovação do ciclo de desenvolvimento econômico de Vitória da Conquista”

Daí por que a Prefeitura se responsabiliza pela condução do projeto, que, além da K. Consultoria, envolve ainda a Fundação de Amparo ao Ensino e Pesquisa (Faep). Para a primeira, está estipulado um investimento de R$ 1,4 milhão (R$ 905 mil oriundos de investimentos municipais e R$ 500 mil vindos da iniciativa privada).

Mudança de perfil

O economista José Afonso Baltazar, professor aposentado da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e integrante da equipe que capacitou os agentes de pesquisa (que, além de Kanji Kato, inclui ainda Jean Guimarães e Yuko Okubo), também se mostrou otimista. Experiente na área de projetos, ele cita como exemplo desse potencial a existência de fábricas de confecções de porte considerável em municípios do Sudoeste. Em Urandi (próximo à divisa com Minas Gerais), por exemplo, está a sede do Grupo Sudotex, considerado um dos principais fabricantes de fios de algodão, malhas e camisas polo da América Latina, e detentor de milhares de clientes espalhados por vários estados brasileiros. E, em Condeúba, José Afonso aponta a existência de três empreendimentos têxteis que empregam mais de 400 funcionários e prestam serviços para algumas redes de lojas varejistas que operam em Vitória da Conquista.

Segundo ele, essa realidade tenderia a se fortalecer ainda mais, a partir da implantação do Polo Têxtil. A partir dessa constatação, José Afonso projeta para os próximos cinco anos um possível aumento na participação da Bahia na produção têxtil nacional. De acordo com sua análise, essa contribuição poderia sair do atual patamar – menos de 2% do volume total produzido no país – e chegar a 10% do total. “Vai ser uma mudança de perfil na região”, observa o economista.