No mês de outubro, ao menos sete digitais influencers de Salvador e da Região Metropolitana estamparam as capas dos principais veículos de comunicação da Bahia por terem sido vítimas de ações criminosas. De assaltos a sequestros, os blogueiros baianos não foram poupados da onda de violência que se alastra em todo o país.
Os influenciadores digitais Mavi Magalhães e Fernando Hayne, por exemplo, usaram as redes sociais para relatar os momentos de terror que passaram durante um assalto, no dia 22 de outubro, no bairro do Comércio, nas proximidades do Terminal Náutico, quando voltavam de uma festa.
Com a mira de uma arma apontada em suas cabeças, o casal afirmou que viveram os piores momentos de suas vidas. “Eu só pedia a Deus que não fosse o momento, o medo tomou conta do meu corpo e eu só fazia chorar e tremer”, relatou Mavi em seu Story no Instagram, revelando que teve um prejuízo de cerca de 20 mil reais (relembre aqui).
Já o empresário Victor Igoh, ex-noivo de Mavi e da blogueira Sthe Matos, não foi vítima dos bandidos, mas teve a porta de sua boate como palco de um duplo homicídio. Um dia depois da mãe de sua filha ser assaltada, no dia 25 do mês passado, dois jovens foram mortos na porta do “Club in Fuego”, casa noturna inaugurada poucos dias antes pelo empresário, no bairro Rio Vermelho.
Há cerca de 18 Km da Praia da Paciência, no mesmo dia, no bairro do Trobogy, um policial militar foi baleado durante uma tentativa de roubo. O agente atingido fazia a segurança do humorista Lucas Ak, que possui mais de 391 mil seguidores do Instagram. Para o jovem, ele seria o alvo dos bandidos, já que o segurança estava dentro de seu carro de luxo, uma Mercedes-AMG CLA (confira aqui).
Ainda neste mês, a blogueira Beqinha fez um desabafo no seu perfil no Instagram após ser vítima de uma tentativa de sequestro durante um assalto. Além dela, outros três amigos que estavam no momento perderam dinheiro, jóias e aparelhos celulares. Na ocasião, eles estavam voltando para casa depois de assistirem o Show de Ivete Sangalo, no Centro de Convenções.
Rone Lima, que estava com Beqinha, foi agredido e teve a conta bancária zerada pelos assaltantes. “Colocaram uma arma na minha cabeça e me bateram. Eu lutei tanto para conseguir comprar meu celular”, lamenta. “Me desesperei na tentativa de sequestro. Graças a Deus só levaram alguns celulares”, lamentou Roni, que possui mais de 150 mil seguidores no Instagram.
Na madrugada de uma quinta-feira, 27 de outubro, o Tiktoker Junior Caldeirão, morador de Feira de Santana, voltou às redes sociais após um período de afastamento para explicar seu sumiço. Segundo o influencer, que possui mais de 5 milhões de seguidores, sua irmã Rafaela foi vítima de sequestro, no 21. Devido à situação, por segurança e para se recuperar do trauma, ele ficou ‘offline’.
“Fui acordado por pessoas da minha equipe falando que a minha irmã tinha sido sequestrada e que ligaram pelo celular da minha irmã falando que iriam matar ela se eu não desse determinada quantia em dinheiro, tudo por causa de dinheiro (…)”, disse, emocionado por ter que relembrar os momentos de tensão (detalhes aqui).
Ainda de acordo com o influenciador, os bandidos passaram horas agredindo a sua irmã, que precisou fingir desmaio para se livrar dos golpes. “Por algum milagre, eu creio que foi um milagre porque não sei o que teria acontecido com a minha irmã, ela conseguiu fugir”.
CAUTELA E DENÚNCIA
Sendo as redes sociais e a exposição do dia a dia a base do trabalho de influenciadores digitais, o advogado Thiago Vieira ressalta que é preciso ter em mente que a internet faz parte do mundo real e que não se deve fazer na rede aquilo que não se faz fora dela.
“Por exemplo, não divulgamos nossos dados privados para estranhos na Praça da Sé. Também não devemos fazer isso na internet”, exemplifica o jurista ao Bahia Notícias.
Thiago também defende a “publicação tardia” de localizações tais quais restaurantes, festas e locais públicos, como mecanismo de defesa e preservação pessoal.
“Sei que há um apelo muito forte pelo imediatismo e pelas transmissões em tempo real, mas isso deve ser precedido de uma análise de riscos. Por exemplo, dificilmente um artista famoso divulga em tempo real o local em que se encontra, sobretudo quando não há uma infraestrutura mínima de segurança para si e para os próprios fãs. Por isso muitos optam por postarem fotos ou vídeos em outro momento”, diz Thiago.
Quanto aos sequestros e assaltos, o advogado destaca a necessidade de registrar o fato com Boletim de Ocorrência e prestar queixa em uma Delegacia de Polícia.
“É fundamental cientificar as autoridades para que elas possam investigar e coibir essa prática criminosa. Ignorar e não registrar o fato é pôr em risco a si mesmo e a outras possíveis vítimas”, explica.
As ameaças nas mídias sociais, comuns e expostas por diversos influenciadores, também não ficam impunes se registradas da maneira correta. Nestes casos, Thiago conta que apenas a captura de tela não é prova o suficiente para comprovar o crime.
“O primeiro passo é preservar a materialidade delitiva, lavrando uma ata notarial ou realizando um registro na plataforma Verifact. Apenas a captura de tela é insuficiente para comprovar a existência do crime. Depois deve-se notificar a autoridade policial ou ao Ministério Público. Ainda que em todos os casos não haja uma investigação efetiva, a providência deve ser tomada para fins de registro e providências futuras caso haja reiteração ou agravamento do delito”, informa
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