Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil/Arquivo
Alexandre Padilha e Nísia Trindade
Escolhido para comandar o Ministério da Saúde, o médico e deputado federal Alexandre Padilha (PT) disse nesta quinta-feira (27) que sua meta na pasta será reduzir o tempo de espera para atendimentos.
“A missão é se esforçar permanentemente, até o momento que for necessário, de minha parte de forma obsessiva, para reduzir o tempo de espera para quem precisa de atendimento neste país”, disse
Padilha ao chegar ao ministério pela primeira vez após ser escolhido para o cargo.
Ele participou de reunião com a equipe da ministra Nísia Trindade para organizar a troca de comando na Saúde. Nísia foi demitida por Lula (PT) na terça-feira (25).
Lula tem cobrado que o Ministério da Saúde emplaque uma ação de maior visibilidade. Com Padilha à frente da pasta, o governo deve aumentar a aposta no Mais Acesso a Especialistas. O programa, que ainda ganha tração, promete encurtar o tempo para a realização de consultas e exames especializados nas áreas de oncologia, cardiologia, oftalmologia, otorrinolaringologia e ortopedia.
Atual ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Padilha deve tomar posse no Ministério da Saúde no dia 10 de março. Já o nome que comandará a SRI ainda não foi anunciado.
Padilha disse que a transição na chefia da Saúde “será tranquila, construtiva e amigável”.
“Estou sucedendo uma defensora do SUS que durante dois anos se esforçou para reconstruir o Ministério da Saúde, tão atacado pelo negacionismo”, afirmou o próximo ministro da Saúde sobre Nísia.
O petista ainda disse que Lula colocou a redução do tempo para atendimentos como um “desafio”.
Atual secretário de Atenção Especializada, o médico Adriano Massuda deve assumir a Secretaria Executiva da Saúde sob Padilha. O cargo é visto como uma espécie de vice-ministro, além de lidar com temas sensíveis ao governo, como elaboração do orçamento da Saúde, compras públicas e logística.
Massuda hoje comanda a secretaria que executa o Mais Acesso a Especialistas e foi secretário-executivo substituto da Saúde em 2011 e 2012, durante a gestão anterior de Padilha na pasta. Ele ainda participou, em 2022, da banca de doutorado do novo chefe do ministério.
Padilha assumirá a pasta também com o desafio de frear crises sanitárias, como a da dengue.
Terá, ainda, de lidar com a cobiça do Congresso sobre o orçamento da Saúde. Em 2024, as emendas parlamentares drenaram mais de 40% da verba empenhada para custeio e investimentos da pasta. Na passagem anterior de Padilha pela Saúde, encerrada em 2014, menos de 20% desses recursos eram definidos por deputados e senadores.
Ex-presidente da Fiocruz, Nísia comandou a Saúde desde janeiro de 2022 e foi uma escolha da cota pessoal de Lula. A ideia do presidente era reorganizar as políticas da pasta, como o Farmácia Popular e o Mais Médicos, além de se contrapor às gestões anteriores, marcadas por falhas no combate à Covid-19.
Ao se despedir dos servidores nesta quarta-feira (26), Nísia afirmou que sua gestão teve o “papel histórico” de reconstruir o ministério. Disse também que desejava permanecer no cargo durante os quatro anos do governo e se queixou dos dias de indefinição sobre a troca de ministro, mas sem citar o presidente Lula (PT).
A gestão de Nísia vinha sendo alvo de queixas de integrantes do Congresso, de membros do Palácio do Planalto e do próprio presidente, que chegou a fazer cobranças pela falta de uma nova política que se tornasse bandeira do governo. À frente da pasta ela enfrentou uma sequência de crises, como a explosão de casos de dengue e a falta de alguns modelos de medicamentos e vacinas em todo o país.
Aliados da ministra, contudo, defendem que a gestão de Nísia retomou políticas públicas e ampliou coberturas vacinais. Em 2024, o Brasil foi recertificado pela Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) pela eliminação de sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita.
Conteúdo politicaa livreMateus Vargas/Folhapress
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