O ano não poderia ter começado pior para o Vitória. A torcida, magoada com o rebaixamento para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro, não poderia ter reclamado mais quando veio uma derrota logo no primeiro jogo do Campeonato Estadual. Justamente diante do Colo Colo, aquele mesmo que acabou com o sonho do pentacampeonato inédito em 2006. Para os supersticiosos e pessimistas já era um prenuncio do que viria. E se tinha algum time que poderia bater de frente com o Leão, só poderia ser o Bahia de Feira. O time de Feira de Santana, em jogo de campeão, virou o placar sobre o Vitória e levou a partida e o campeonato.
Diferente do Vitória, o Tremendão começou o Baiano deste ano com o pé direito. Foi campeão do Torneio Início e fez ótima campanha na primeira fase. Venceu seis jogos, empatou cinco e perdeu só um. Foi o único que ficou invicto até o oitavo jogo. Nas quartas de final, das seis partidas, o Bahia de Feira venceu quatro e perdeu duas. Em todo o campeonato, foram apenas três derrotas, seis empates e 12 triunfos, incluindo a grande final, que deu o título inédito ao time de Feira.
Quando se fala em campanha, o Bahia de Feira só fica mesmo atrás do Vitória, portanto, ninguém poderia estar mais perto para atropelar o Leão. Se o Bahia de Feira ainda não tinha perdido nenhuma partida em casa, também não havia vencido nenhum jogo na capital. Não poderia ter escolhido hora melhor para vencer.
Números à parte, é preciso destacar um nome: o do técnico Arnaldo Lira. De 2009, quando subiu para a elite do Campeonato Baiano, até a taça, o Bahia de Feira conseguiu chegar às semifinais já em 2010 e superou o feito este ano. Para realizar a bela campanha, foi fundamental a permanência de Lira, desde o início desse projeto à frente do time. Se o técnico já costumava gritar durante as partidas, ganhou um belo motivo para ficar sem voz.
O jogo
O primeiro grande lance da partida foi aos 8 minutos. Em saída rapida, o lateral Leo saiu driblando e tocou avançado para Nikão. Após tirar o zagueiro da jogada, ele chutou cruzado. Apesar da bola não ter levado perigo, a jogada animou a torcida presente no Barradão.
Apesar da vangagem de jogar em casa e do empate – que ainda assim lhe garantiria o título – o Vitória não conseguia dominar a partida e deixava espaço para o Bahia de Feira criar boas jogadas. O Leão começou a utilizar o rápido contra-ataque para tentar abrir o placar.
A marcação de uma falta que parou um desses contra-ataques do time rubro-negro deu início ao lance do primeiro gol da partida. Aos 15 minutos, Geovanni cobrou falta e colocou dentro da rede. O goleiro Jair ficou paralisado. Para quem já tinha a vantagem do empate, abrir o placar deu ao Leão uma tranquilidade fundamental em dia de decisão.
Mas apesar do gol, o Vitória tinha dificuldades para criar. A falta de jogo do rubro-negro abriu espaço para que o Bahia de Feira se soltasse mais no jogo.
Frente a frente com Jair, aos 43 minutos, Elkeson arrancou com a bola pela lateral esquerda após o escorregão do jogador do Bahia de Feira, mas chutou muito mal. Dois minutos depois, o Bahia de Feira deu o troco e chegou ao empate. Após uma falha na bola aérea em cobrança de escanteio, Allyson sobe mais que a zaga e manda pra rede. O empate seguido de um erro de ataque deixou a torcida rubro-negra com raiva. Os jogadores foram para o vestiário sob vaias.
Apesar de ter cedido o empate no último minuto do 1º tempo, o Vitória parecia ter levado a sério a bronca recebida no intervalo. No início do 2º tempo, só deu ataque rubro-negro. Nikão e Elkeson coordenavam os ataques. Mas depois dos cinco minutos iniciais o time rubro-negro voltou a virar espectador do Bahia de Feira, como no 1º tempo. A torcida não perdoou. Nikão foi substituido aos 14 minutos e deixou o campo vaiado.
O jogo seguia como uma espécie de replay do primeiro turno. Até que aos 21 minutos, o Bahia de Feira virou o placar. João Neto sozinho pela esquerda, avançou na área e chutou forte pra rede. Viáfara ainda tocou na bola, mas não conseguiu impedir o empate. O Vitória teve uma chance do empate um minuto depois, mas não aproveitou a boa chance.
O Vitória era apático diante do avanço do Bahia de Feira. O 2º tempo ainda teve uma jogada perigosa na área do Bahia de Feira. Em cruzamento na área, Rildo lança para Neto Baiano que é empurrado na área. O juiz chega a marcar o pênalti, mas, alertado pelo assistente do impedimento do jogador rubro-negro, cancelou a penalidade.
O escanteio para o Vitória aos 41 minutos foi a imagem do desespero rubro-negro. Todo o time na área para uma jogada completamente desarmada pela zaga do Bahia de Feira. A essa altura a torcida do Vitória já abandonava o estádio. Esse definitivamente não é o ano do Leão.
Clara Albuquerque e Wladmir Pinheiro
Redação CORREIO
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