Os números divulgados pelo Atlas da Violência, na segunda-feira (5), condizem com a realidade enfrentada pelo Estado da Bahia, conforme afirmação do porta-voz da categoria responsável pelas investigações dos crimes, o Sindicato dos Policiais Civis (Sindpoc). De acordo com o investigador Eustácio Lopes, vice-presidente sindical, a cada 100 homicídios que ocorrem na Bahia, apenas 8 são elucidados, o que corresponde à resolução de apenas 8% dos assassinatos.
“As delegacias Territoriais se transformaram em delegacias de caráter cartoriais e burocráticas, basicamente, para registros de ocorrências, com interrupção das investigações criminais e a consequente queda da elucidação dos delitos. Essa deficiência na elucidação dos homicídios aumenta a sensação de impunidade na sociedade e gera mais violência”, afirma Lopes.
De acordo com o Sindpoc, dos 417 municípios baianos, cerca de 180 estão sem policiais civis ou possuem efetivo insuficiente para dar conta da demanda. O total de servidores da Civil é menor que 7,5 mil, quando, conforme o sindicato deveria ser 12 mil.
“Esses casos que não são elucidados estimulam os crimes cinematográficos e a prática do velho cangaço e levam o terror e medo à população como as explosões dos caixas eletrônicos e os ataques às Companhias da Polícia Militar, entre outros”, ressalta o investigador.
Ações intersetoriais e tolerância zero
Para o presidente do Sindpoc, Marcos Maurício, a sociedade baiana vive uma guerra que está sendo, a todo tempo, maquiada e escondida pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). “Não foi explicitado por ele (o secretário Maurício Barbosa) como chegamos a mais de 40 mil mortes violentas intencionais no nosso Estado, entre 2011 e 2017, e que as ações de combate à violência se resumem às construções faraônicas, sem resultado efetivo à sociedade”, critica o sindicalista.
Ainda de acordo com o presidente sindical, o combate à violência não é uma receita pronta, deve envolver ações intersetoriais entre Segurança Pública, saúde, educação, infraestrutura e emprego. “Condições de trabalho, capacitação continuada, eficaz estrutura de sistemas integrados de comunicação, valorização econômica e dos profissionais”, enumera.
Eustácio Lopes cita o exemplo da cidade de Nova York, EUA, onde o prefeito promoveu o fortalecimento das instituições policiais e decretou uma política de “Tolerância Zero” ao crime, algo que gerou uma redução drástica da violência. “Na Bahia, a população vive com medo, refém da violência, as pessoas não podem andar livremente com celular e smartphone. Por outro lado, percebemos um crescimento das organizações criminosas!”, pontua.
SSP
Em nota divulgada pela SSP-BA, a pasta rebateu a pesquisa e prometeu acionar as instituições realizadoras do Atlas da Violência 2017 [Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública], que apontou com dados não oficiais os municípios de Lauro de Freitas, Simões Filho, Eunápolis, Teixeira de Freitas, Porto Seguro, Barreiras, Camaçari, Alagoinhas e Feira de Santana na lista das 30 cidade mais violentas do Brasil.
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