Na última eleição para prefeito de Vitória da Conquista, uma discussão ganhou vulto na campanha:
Transporte Coletivo. Por se tratar de tema presente no cotidiano das pessoas, claro que ganhou intensa
reverberação popular e se avolumou em dimensões merecidas. O candidato que se opunha ao prefeito
Guilherme Menezes disse, em diversas ocasiões, que tinha um Projeto para implantação de um VLT
(Veículo Leve sobre Trilhos) e que, em sua visão, esse Projeto seria a solução para os problemas de
Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista. No debate o Prefeito fez ver a ele que o Projeto era bom, mas
inviável sob os mais diversos aspectos, entre os quais o Operacional e o Econômico-Financeiro.
Primeiro, é importante e conveniente frisar que o problema de Mobilidade Urbana não se atém apenas a
esse aspecto. Transporte Coletivo é parte integrante dessa grande discussão. Segundo, o problema não se
restringe ao modus vivendi local; atualmente é discussão mundial e se trata de uma questão que aflige
todas cidades de médio porte em nosso País e no resto do Planeta. Estudos recentes comprovaram, por
exemplo, que no Centro de Londres os carros percorrem a faixa central da City a uma velocidade menor que
as carroças e charretes faziam no final do século XIX. Vejam que ironia…
Em 1930, o filósofo espanhol, José Ortega & Gasset, advertiu em sua obra A Revolução das Massas que
as cidades não estavam preparadas para o fluxo de automóveis e que a Mobilidade Urbana seria ou estaria
altamente comprometida ao final do século XX em quase todo o Planeta. Acertou em cheio. Como o mundo
parece não ter ouvidos para os filósofos (isso é antigo, vem desde os tempos em que Suetônio alertou um
imperador romano para o fato de a Terra se exaurir), só agora é que as sociedades estão sentindo na pele o
problema da Mobilidade Urbana.
Mas, e o VLT? Ora, o VLT é um importantíssimo meio de transporte que adequadamente implantado, passa
a fazer parte das soluções que podem ser aplicadas a questão dos Movimentos de Massas Urbanas em
cidades de médio porte para cima, em condições orçamentárias reais para implantá-lo. Ressalte-se que
quando utilizamos a expressão “adequadamente implantado” o fazemos na pressuposição de que sejam
atendidas todas as condições, entre as quais uma que consideramos imprescindível, e que se justifica
pelo binômio CUSTO X BENEFÍCIO. Eis aí um dos fatores impeditivos para se implantar em Vitória da
Conquista um sistema de Veículos Leves sobre Trilhos, ainda nessa década. O Erário Público do Município
não comportaria a implantação desse Sistema e qualquer tentativa de fazê-lo agora seria um malogro; um
sonho que se desintegraria diante do Primeiro Movimento da Realidade.
Por causa de constatações reais como essa, onde a Responsabilidade Fiscal Orçamentária fala mais alto, o
senhor Guilherme Menezes, como é habitual em suas decisões administrativas, definiu-se por soluções
mais adequadas à realidade do Município de Vitória da Conquista e está concluindo o Projeto de Mobilidade
Urbana por intermédio de um Plano que prevê (e vai fazer) ligações entre três regiões da Cidade, as quais
permitirão conexões bastante racionalizadas entre bairros e localidades distantes, compreendendo como
pontos de referência o CEMAE e a Lagoa das Bateias. Louvável é que essa interligação será feita sem
onerar dolorosamente o Município, com o uso inteligente (político) dos recursos do PAC III, permitindo à
Cidade e aos seus cidadãos se moverem por extensos corredores atendendo ao citado binômio (Custo X
Benefício) fundamental em economia política.
Não devemos esquecer que um dos conceitos de Política é a “arte de administrar bem os recursos
públicos”. Nesse sentido, sem tentar reduzir a importância da implantação futura de VLTs. e outros meios
de transporte Urbano, nos parece que atualmente, o mais exequível, o mais acertado para solucionar parte
dos problemas de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista é essa que o prefeito Guilherme Menezes
adotou até o final do seu mandato em 2016, em que pesem as opiniões em contrário. Em nossa opinião, o
prefeito Guilherme Menezes estava e ainda hoje seus argumentos são convincentes.
Prof. Paulo Pires
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