Amostras de água coletadas em poços artesianos do bairro Lagoa das Flores, em Vitória da Conquista, estão “impróprias para o consumo humano” devido à contaminação por coliformes totais e Escherichia Coli (grupo variado de bactérias), expondo as pessoas a doenças como diarreia, infecção urinária, pneumonia, cólera e febre tifóide.
É o que aponta pesquisa realizada pela aluna do curso de Nutrição da FTC (Faculdade de Tecnologia e Ciências), Aldeni de Jesus Moreira, segundo a qual a contaminação dos poços se deu devido a eles serem “superficiais, próximos a fossas sépticas, a antigas valas e de perfuração manual”.
O estudo, feito como requisito para conclusão do final do curso, verificou alteração em 20% das amostras analisadas, apresentando valores entre 300 a 530 UFCs por cada 100 ml de água – UFC é uma unidade que mede a viabilidade de formação de colônias de bactérias ou fungos.
Para ser considerada apta ao consumo humano, o Ministério da Saúde diz que a amostra de 100 ml de água deva ter zero UFC.
Outro problema encontrado nas amostras de água foi com relação aos altos teores de ferro e cloreto de sódio, o que deixa a água bastante salobra.
No caso do cloreto, o valor médio constatado é de 635,36mg por litro de água, quase três vezes o tolerado pelo Ministério da Saúde, de 250mg por litro. Já com relação aos teores de ferro, foi constatado que em ao menos três dos dez pontos de coleta eles estavam acima do permitido (0,3mg por litro). Teve uma amostra que registrou 7mg por litro de ferro.
Aldeni de Jesus Moreira realizou a pesquisa em 2013 e de lá para cá a situação pouco mudou no bairro Lagoa das Flores, que até pouco tempo era considerado como área de zona rural, sendo o consumo de água por meio de poços a única alternativa viável por décadas.
Muitas das famílias que moram no bairro vivem do plantio de hortaliças e flores, irrigadas com águas de poços. As ações de saneamento e água encanada por parte da Embasa (Empresa Baiana de Água e Saneamento) chegaram recentemente.
A estatal informou que possui centenas de ligações no bairro e reclamou de estar sendo alvo de pessoas que desviam a água da rede para irrigar hortaliças.
Os resultados do estudo, cujas análises foram realizadas nos laboratórios da FTC e da Uesb (Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia) apontam para a necessidade de melhores condições de infraestrutura e saneamento básico em Vitória da Conquista.
É um alerta também para o cuidado com os alimentos domésticos, acrescenta a nutricionista e professora da FTC Conquista, Renata Ferreira Santos.
“Devemos ter diversos cuidados de higiene quando ao consumir água não tratada. Para beber, por exemplo, apenas o filtro de barro não basta, pois alguns microorganismos ainda podem ultrapassá-lo. O correto é ferver”, disse.
Com relação aos alimentos que não são cozidos antes de comer, como alface, coentro, couve etc., Renata diz que eles têm de ser colocados de molho por quinze minutos num recipiente com uma colher de sopa de água sanitária para cada litro de água potável. “Desta forma se estará evitando várias doenças”, afirmou.
SAIBA MAIS
Coliformes totais (bactérias do grupo coliforme) – bacilos gram-negativos, aeróbios ou anaeróbios facultativos, não formadores de esporos, oxidase-negativos, capazes de desenvolver na presença de sais biliares ou agentes tensoativos que fermentam a lactose com produção de ácido, gás e aldeído a 35,0 ± 0,5ºC em 24-48 horas, e que podem apresentar atividade da enzima ß-galactosidase. A maioria das bactérias do grupo coliforme pertence aos gêneros Escherichia, Citrobacter, Klebsiella e Enterobacter, embora vários outros gêneros e espécies pertençam ao grupo
Escherichia coli – bactéria do grupo coliforme que fermenta a lactose e manitol, com produção de ácido e gás a 44,5 ± 0,2ºC em 24 horas, produz indol a partir do triptofano, oxidase negativa, não hidroliza a uréia e apresenta atividade das enzimas ß-galactosidase e ß-glucoronidase, sendo considerada o mais específico indicador de contaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos;
Fonte: Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde
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