Este ano, o evento homenageou o escritor Carlos Jehovah; em 2016, será a vez de Elomar
A 7ª edição do Festival de Cinema de Bate-Pé, promovida na noite de sábado, 12, na Escola Municipal Eurípedes Peri Rosa, provou novamente o quanto a sétima arte pode ser eficiente para fins pedagógicos. Antes de se prestar ao papel didático, no entanto, essa forma de linguagem permitiu que estudantes do 4º ao 9º ano do Ensino Fundamental, a partir de um trabalho coletivo, produzissem pequenos retratos audiovisuais de elementos que fazem parte de seu cotidiano.
Dessa forma, os mais prosaicos acontecimentos, que talvez passassem despercebidos aos menos atentos, nas mãos dos estudantes envolvidos no projeto tornaram-se matéria-prima para roteiros – nos quais havia, também, uma série de referências às suas próprias trajetórias pessoais. E foi isso o que eles fizeram, ao atuarem como roteiristas, produtores, cinegrafistas e atores em seus próprios filmes.
Não é à toa, portanto, que, nos quase vinte filmes produzidos pelos alunos, houvesse a presença de romances fugazes, triângulos amorosos, brigas, desencontros, referências aos perigos que rondam os adolescentes, etc. E, como já se tornou uma marca do projeto, alguns recorreram aos mitos do folclore brasileiro para contar suas histórias.
Foi esse o caso do premiado como melhor filme: “O sono do lobisomem”, uma bem-humorada mescla de atores mirins de verdade com efeitos especiais de animação. A qualidade da obra valeu também as premiações de melhor direção e de melhor ator – esta última para Mateus Mota, 10 anos, do 4º ano. “Foi legal, porque a gente estava com os amigos, se divertiu e filmou”, disse o intérprete do lobisomem, com o troféu nas mãos.
Homenagem – Além da exibição dos filmes e da entrega das premiações, o grande atrativo do festival deste ano foi a homenagem ao escritor Carlos Jehovah – autor, junto com Esechias de Araújo, do “Auto da Gamela”. Segundo o diretor da escola e idealizador do projeto, Davino Nascimento, a escolha do homenageado foi algo natural. “Carlos Jehovah é referência teatral em Vitória da Conquista. Com ele, muita coisa melhorou nessa área. E também na condição de poeta”, afirmou Davino.
As conversações sobre o homenageado da próxima edição já estão em andamento. Chegou-se ao nome do cantador conquistense Elomar Figueira, cuja obra poderá inspirar os filmes que os alunos produzirão em 2016. Embora seu nome e sua obra sejam reconhecidos internacionalmente, Elomar é conquistense e passa parte de seu tempo na Casa dos Carneiros, situada na Gameleira, a poucos quilômetros de Bate-Pé. Vários alunos da Escola Municipal Eurípedes Peri Rosa são de lá.
“Nossos vizinhos moram próximo à fazenda de Elomar. Vai ser fantástico ver esses meninos, de repente, convidados a encantar a obra dele com o cinema”, adiantou Davino.
‘Transformação social’ – A depender da disposição do Governo Municipal, o Festival de Cinema de Bate-Pé chegará à sua 8ª edição e a homenagem a Elomar será concretizada. É o que se deduz a partir do que disse o secretário municipal de Educação, Valdemir Dias, que acompanhou a exibição e as premiações. “A gente fica muito feliz com uma iniciativa como essa, já no sétimo ano e viva, na zona rural do nosso município”, afirmou. “A Prefeitura incentiva. Esperamos que possa percorrer toda a rede municipal, e não fique só em Bate-Pé”.
Outro secretário presente, Nagib Barroso (Cultura, Turismo, Esporte e Lazer e, interinamente, Comunicação) ressaltou outro potencial do projeto: “Esse festival prova mais uma vez que a comunidade é a protagonista de uma cena tão importante como o cinema. E pode, sim, fazer a transformação social através dessa mensagem lúdica que é a arte”.
Conheça os premiados do 7º Festival de Cinema de Bate-Pé:
Melhor trilha sonora: “A casa mal-assombrada” Melhor figurino: “Proibido discriminar as quintas dos infernos” Melhor fotografia: “A casa mal-assombrada” Melhor roteiro: “Charlene, Charlene” Atriz revelação: Maria Vitória (“De janeiro a janeiro”) Ator revelação: Rafael Melhor direção: “O sono do lobisomem” Melhor atriz: Letícia Araújo Melhor ator: Mateus Mota Melhor filme: “O sono do lobisomem” Prêmio Carlos Jehovah: “Count on me”
Jurados: Graziela Lima (estudante do 8º semestre de Cinema/Uesb), Deoveki Silva (estudante do 6º semestre de Cinema/Uesb) e Júnior Cabelo (operador de áudio e vídeo no programa Escola Mais, da Secretaria Municipal de Educação).
Deixe seu comentário